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domingo, 5 de dezembro de 2010

Um bebê no colo

Yara no dia do seu nascimento

              
            Aconteceu no domingo, 18 de abril. O bebê veio ao mundo de parto natural, em um hospital de Uberlândia. Tão rápido que nasceu na maca, no pronto socorro, sem assistência médica na hora crucial. Um enfermeiro, o Tito (nome fictício para proteger o personagem) entrou na salinha para levar uma maca e segurou o bebê no susto, sem nunca ter feito um parto. A mãe, minha filha Karine, aturdida pelas dores, perguntou se era menina ou menino. O Tito, mais aturdido ainda, respondeu que era menina. O pai, trêmulo e de pernas bambas, segurando as mãos da mãe (só ele assistiu tudo). A avó (eu), entrando esbaforida no quartinho, magoada por ter perdido o parto (estava preenchendo os papéis para a internação) e maravilhada ao ver a netinha, aliás netona, com 3.800 gr. A médica, atrasada, chegou para cortar o cordão umbilical e “costurar” a parturiente.
            Foi assim que nasceu Yara, a rainha das águas (ia se chamar Gaia, em homenagem ao planeta Terra, mas depois a mãe se encantou com o nome e o significado de Yara). Saiu do hospital de roupinha cor de rosa, escolhida na malinha onde existiam roupas azuis e roupas rosa, e veio para a casa dos avós (a filha mora na Bahia, entre coqueiros, areia e mar). A partir daí, começou a maratona das mamadas no peito, choros e berros (os pulmões dela são fortes), soluços, arrotos, fraldas, banhos. As visitas, os presentes, os comentários de “é a cara da mãe”. Noites mal dormidas e falta de tempo para comer em sossego. Lembrei à minha filha que minha velha mãe, em sua sabedoria, sempre dizia: “desde que filho possui, nunca mais barriga enchi”.
Mas bom mesmo é ter a Yara no colo (quando ela não está berrando). Acredito que um dos atos mais sublimes da humanidade é ter um bebê nos braços. Momentos de ternura, de carinho, de enlevo. Oportunidade de maravilhar-se com a perfeição das mãozinhas, dos pés, dos olhos que olham ainda sem enxergar; de curtir o sorriso com duas covinhas e de sentir o aconchego do corpinho macio daquele pedacinho de gente. Pensar que a vida é mesmo um milagre e mais simples do que a gente pensa. Sentir que aquele bebê representa um universo de verdades a ser descoberto , uma vida a desabrochar e florescer entre alegrias e dores. Como bem escreveu Lya Luft, “o primeiro momento em que um filho é colocado nos braços de uma mãe representa um misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência”. Acrescento que este sentimento também é compartilhado pelas avós.
Agora ela está em sua casa, na praia de Algodões. Ao apertá-la no colo, para me despedir, desejei a ela uma vida plena de afetos e que sempre se sinta querida e amada como foi desde o primeiro momento. E como escreveu Carlos Drumond de Andrade, que tenha muitas coisas boas na vida, como: “tomar banho de cachoeira, banho de mar, ver o por do sol, beber água de coco na sombra de um coqueiro, comer fruto do mato, ouvir canto de passarinho e chuva no telhado, sentir o cheiro do jardim, aprender uma nova canção, bater palmas de alegria, calçar um chinelo velho, curtir uma festa, um violão, uma seresta e namoro no portão”. E que receba muitos abraços, dê muitas risadas e tenha saúde.
Yara, que Deus a proteja sempre e a carregue no colo quando você precisar.   

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