A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Esqueci

A pequenina e doce Mel


Certo dia, estava eu na esquina conversando com uma amiga. Aproximou-se um senhor baixinho e simpático, perguntando se sabíamos onde era uma flora ali perto. Veio de ônibus de um bairro distante e tinha esquecido o endereço, mas sabia que era por ali. Respondemos que devia estar enganado, não havia flora por perto. Ele foi pegar o ônibus de volta, lamentando o esquecimento.
Minha amiga comentou que também é muito esquecida. Naquela mesma semana, tinha ido visitar a irmã no hospital. Na saída, não encontrou seu carro. Procurou-o nas redondezas e concluiu que o tinham roubado, ou a SETRAN o tinha guinchado. Desconsolada, voltava a pé quando de repente, avistou seu carro, parado em uma rua onde nunca pensaria em procurá-lo. Ela o estacionou lá e esqueceu!
Contei então o meu caso da semana. Numa tarde, fui à padaria com a Mel, minha cachorrinha yorkshire, e amarrei-a na gradinha ao lado da padaria. Fiz as compras e voltei. As 20:30h, chamei a Mel para comer sua ração e ela não apareceu. De repente, como se um raio caísse na minha cabeça, lembrei-me: eu a esqueci amarrada na padaria! Sai esbaforida e não a encontrei, alguém a tinha levado! Perguntei na padaria e ninguém sabia de nada. Fiquei com sentimento de culpa (lógico), tristeza, remorso, desespero. Andei por vários quarteirões perguntando e colocando cartazes. Eu e o filho entramos no facebook e nos sites de associações protetoras de animais, mandamos a foto da Mel e pedido de ajuda (uma vez ela sumiu e foi encontrada assim). No dia seguinte, fui à padaria ver se havia notícias. Conversei com o dono, o Beto (nome fictício, para proteger o personagem) e ele contou-me que lá havia um sistema de câmeras. Fomos assistir ao vídeo e por sorte, a Mel estava em um lugar ótimo para ser filmada (ao menos isto, coitadinha). As 16:30h, lá estou eu no vídeo, com minha sacola de pano, amarrando a Mel. As 16:40, saio da padaria com a sacola cheia e passo direto pela Mel. A partir daí, ela deita, levanta, põe a língua pra fora, espreguiça, abana o rabinho, coça, late, coça novamente, tudo registrado minuto a minuto. Eu agoniada e o Beto falando o nome de todas as pessoas que entram na padaria. As 17:30, ela continua lá. As 17:50 também. As 18:00h ela já desapareceu! Ele então volta o filme devagar e ficamos assistindo como se fosse um filme policial, de mistério e suspense. Uma mulher magra, morena, passa pra lá e pra cá, conversa com a Mel, olha pros lados. Falamos: foi ela. Não foi. As 17:59 um homem alto, bem vestido, atravessa a rua, desata o nó e carrega a Mel para uma lojinha na frente da padaria. Alívio geral,  agora sabemos onde ela está. Fui à lojinha, expliquei o acontecido e pedi a Mel de volta. Ela voltou de banho tomado e numa alegria indescritível.
Até hoje sinto remorsos, mas fico feliz de não ter esquecido um neto (são nove pequeninos, a chance é grande). E me consolo ao pensar que isto não acontece só comigo. Ontem mesmo um senhor perguntou-me onde era a rua Alexandre Marques. Eu disse que esta eu não sabia, mas que a Eduardo Oliveira era a rua de trás. Ele falou que era essa mesmo, tinha esquecido o nome. E hoje leio no jornal que uma americana, Dori Rhoades, vendeu uma jaqueta usada e depois apareceu na TV, desesperada, pedindo para que o comprador entrasse em contato com ela. No bolso da jaqueta, por precaução, ela tinha guardado um par de brincos de brilhantes avaliados em 36 mil reais, e esqueceu! Meu Deus, onde vamos parar?