A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

quinta-feira, 24 de março de 2011

A princesa

         
No dia 10 de fevereiro, nasceu no Sutter Memorial Hospital, em Sacramento, CA, minha neta princesinha. Sem pressa de vir ao mundo, estava sentada. Um médico forte, de mãos enormes, até tentou uma manobra radical, para virá-la no útero e tentar o parto natural, empurrando a barriga da mãe pelo lado de fora (mãe sofre).Não adiantou e ela nasceu de cesariana. Redondinha, cabeluda, tranquila e a cara do irmãozinho. Sem nome ainda, pois nove meses não foram suficientes para os pais resolverem entre Ana, Izabel, Lia, Zara, Gabriela, Gizela, Samantha, Milena, Sofia, Mayra e Milena. Na saida do hospital, para preencher os papéis, não tiveram como protelar mais e optaram por Lia (Leah, em inglês).
Nos três dias em que Lia ficou no hospital, nasceram mais uns 40 bebês, que eram anunciados por um sininho e uma música suave que tocava nos corredores. Filhos de indianos, mexicanos, espanhóis, americanos. Alguns enormes, vermelhinhos e chorões, como a menina de 11 libras (cinco quilos), filha de uma espanhola (conversei com a avó, que olhava maravilhada, através do vidro do berçário, a meninona que já nasceu criada). Outros, pequeninos e franzinos. Recebidos por parentes emocionados, principalmente por pais segurando lágrimas nos olhos e rosas nas mãos para a espôsa Certa vez, quando nasceu mais um bebê, o corredor ficou repleto de americanos avantajados, provavelmente pai, tias, sobrinhos, avós, bisavós, etc, carregando vários balões azuis (daí deduzi que o bebê tão prestigiado era homem) onde estava escrito “Welcome baby” (eu acompanhava a minha filha e também todas as coisas que aconteciam por perto). Pensei então que deveria ter preparado uma recepção para a princesinha. Mas esse lapso foi suprido por seu irmãozinho de dois anos, barulhento, esfuziante e encantado com a bebê, fazendo grande reboliço quando ia visitá-la. Identificado por um adesivo escrito “I am a big brother”, em meia hora de visita, lambuzava a bebê de beijos, abraçava, trombava nos móveis do quarto, corria pelos corredores, levantava e abaixava a cama da mãe com a manivela, tirava fotos com a bebê no colo.
Quando a princesinha chegou em casa, trouxe de presente para o seu “big brother”uma coleção de super heróis: o Batman, o Homem Aranha e o Super Homem. Conquistou-o para sempre. Ele agora diz que Lia é sua princesa e que vai se casar com ela. Como nos contos de fada, as pessoas que vem conhecê-la desejam-lhe muito amor, saúde, alegria e felicidade. Como a Cinderela, sempre está perdendo os sapatinhos. Como a Branca de Neve, tem a pele bem branquinha. Como a Rapunzel, tinha bastante cabelo, mas agora está ficando careca. Como a Bela Adormecida, o que mais faz é dormir como um anjinho. Como a Jasmine (do Aladim) parece que está flutuando em um tapete mágico, entre sons e vultos que ainda não identifica. Como toda princesa, é linda e tem vestidinhos cor de rosa combinando com sapatos, luvas e chapéu. Tem também uma roupinha bem verde e felpuda, com um capuz de orelhas, que a torna parecida com a Fiona, do Shrek (a Fiona é feia, mas é princesa).
Segurando a princesinha no colo, sinto-me abençoada como rainha avó, agradecida a Deus pela existência da rainha (a filha) e pelo nascimento da princesa. Desejo que sua vida seja como um conto de fadas, com muito encantamento, amor, ternura e magia. Mas sem bruxa e sem príncipe que vira sapo.    

sexta-feira, 18 de março de 2011

As lagrimas

          
Ponto de Vista            As lágrimas

            Teoricamente, as lágrimas são formadas por líquido composto de água, sais minerais, proteinas e gordura, sendo produzidas pelas glândulas lacrimais para lubrificar e limpar os olhos. Mas as lágrimas são muito mais que isso.
Existem lágrimas de arrependimento, lágrimas de dor, lágrimas de saudade, lágrimas de alegria, lágrimas de indignação, lágrimas de amor. Lágrimas de crocodilo, as falsas. Até lágrimas artificiais, que são colírios lubrificantes para tratar a secura dos olhos. Lágrimas fingidas, produzidas, como as das artistas da TV (será que pingam colírio?). Lágrimas espontâneas e sinceras demais, que brotam em cachoeira, como no rostinho das crianças. Lágrimas quentes e silenciosas, ardentes de dor, como no rosto dos velhinhos. Lágrimas de diamante: “à noite, lágrimas de diamante; de dia, lágrimas; à noite, amantes”. Lágrimas negras, como na música de Caetano Veloso:”lágrimas negras caem, saem, doem, são como pedras de moinho que moem, roem, moem”. Lágrimas do tempo, como escreveu Vinícius de Moraes:”com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia, eu fiz o cimento da minha poesia.”
O mais interessante porém é que as mulheres choram mais e muito mais fácilmente que os homem (dizem até que homem que é homem não chora). Os cientistas acreditam que as lágrimas representam um mecanismo desenvolvido com a evolução da espécie e que contribui para a sua preservação, pois é uma forma de proteção da mulher, mais frágil fisicamente. Um estudo sobre isso foi publicado na última edição da revista “Science” e relatado na Folha de São Paulo (07/01/2011). Cientistas colocaram cinco mulheres para assistir ao filme “ O Campeão”, que conta a história de um pai amoroso prestes a perder a guarda do filho. As mulheres caíram em pranto e as lágrimas foram recolhidas. Em outra sala, estavam dezenas de homens, que não viram as mulheres chorando, para não serem influenciados por suas caras de choro. Eles cheiraram  pequenos pedaços de papel molhados com as lágrimas das mulheres. A partir daí, a concentração do hormônio testosterona dos homens caiu 15%, ou seja, ficaram menos machões  (chorar é golpe baixo). Continuando o experimento, os homens assistiram ao filme erótico “Nove e meia semanas de amor” e ficaram bem menos excitados do que outro grupo que não tinha cheirado as lágrimas. Os cientistas concluíram que as lágrimas femininas liberam substâncias químicas que abaixam na hora o nível de testosterona do homem que estiver por perto. Além de deixá-lo menos agressivo, o fato de ver uma mulher em prantos faz o homem perder a vontade de fazer sexo com ela, para primeiro saber o que está acontecendo.
A pesquisa gerou várias outras perguntas, como “o choro masculino também comunica alguma coisa?” Os cientistas acham difícil responder a isso, pois levariam anos para conseguir as lágrimas masculinas necessárias. Daí, pensei em sugerir o nome do meu filho como cobaia, um marmanjão de quase 40 anos que cai em prantos fácilmente (mas é cabra macho). Sempre chora quando lê os meus textos, mesmo os mais engraçados. Dia desses, foi assistir “Comer, Rezar, Amar”. Não gostou do filme, mas as lágrimas desceram copiosas quando o namorado brasileiro da personagem se despediu do filho que partia. Deve ter sido o único a chorar no cinema.
Enfim, se conseguirem isolar das lágrimas femininas as substâncias químicas que influenciam os homens, pode ser que no futuro existam produtos como spray anti-agressividade masculina.