A netinha Lia com a Lolla |
Adoro ovo caipira, desses com gema bem amarela e casca azul. Tempos atrás descobri uma placa em uma casa na
vizinhança: "Vende-se ovos caipira". Ao lado, outra placa:
"Cuidado! Cão bravo". A
tentação de comer os ovos foi mais forte e toquei o interfone. Imediatamente surgiu um cão enorme parecido
com doberman , preto, latindo raivoso e dando saltos incríveis para pular o
murinho baixo e me devorar viva. Fiquei petrificada onde estava. Apareceu um homem que não era mentalmente muito normal,
mandou o cão ficar quieto e buscou os meus ovos. Voltei mais duas vezes,
tentada pelos ovos. Na última vez, cheguei justo no momento em que o cão
começou a latir e pulou para cima de uma senhora distraída que passava na
calçada com o filhinho. O cão bravo foi detido pelo murinho, mas parte do
tronco dele passou por cima e ele quase mordeu a mulher. Ela levou um susto
enorme, mas era mais brava que o cão e fez um escândalo na rua. O homem com
problema tomou o partido do seu cão raivoso e ameaçou acertar umas pedradas na
mulher. Vendo os ânimos exaltados, antes de levar uma pedrada ou uma mordida,
dei meia volta e fiquei sem os deliciosos ovinhos caipira.
Passado um ano do episódio, criei
coragem e voltei lá. Só vi a placa dos ovos. Onde estaria o cão bravo? Seria uma armadilha? Toquei o interfone pronta
para correr, se necessário. Apareceu uma senhorinha amável , eu disse que
queria ovos e ela me convidou para entrar e ver as galinhas. Eu me neguei
veementemente, o cachorro deveria estar lá em algum lugar, de tocaia. Mas ela
explicou que tinham dado o cachorro porque ele atacara o senhor idoso e
grandalhão, que morava na casa com o seu filho, e ela estava lá para cuidar
dele. Eu vi o braço do senhor, todo machucado, com inúmeros pontos, dilacerado,
inchado e vermelho, um horror. Também vi as galinhas gordas, livres, ciscando
no quintal e de papo cheio. Levei meus ovinhos caipiras, mas fiquei
impressionada ao ver que eu tinha razão
de ter medo, o cão era uma fera e ficava solto. Ainda bem que não comeu as
galinhas.
Semanas depois passei por outro
episódio envolvendo cão bravo, mas dessa
vez com final feliz. Minha cadelinha yorkshire, a Duda, teve três filhotinhos
em junho: Lolla, Milla e Tobias, lindos. Fiquei com a Milla, dei o Tobias e
vendi a Lolla. Mas não havia como entregar os cãezinhos para os donos, pois estavam
sete netos pequenos passando férias aqui em casa. Eles fizeram um complô para
esconder os filhotes e para chorarem juntos como protesto. A compradora da
Lolla era insistente e conseguiu levá-la, deixando as crianças aos prantos.
Horas depois ela voltou para devolvê-la. Explicou que a Lolla só chorava, não
comia e estava sendo aterrorizada por sua outra cachorra, uma filhote de
rottweiler que queria engolir a Lolla. Devolveu a cachorrinha, insistiu em pagar uma
multa e ainda deixou um saco de ração e duas vasilhas de metal. As crianças
ficaram muito felizes, a Duda deitou de lado e a Lolla mamou até ficar
prostrada.
Agora estou tentando socializar a Duda e a Milla, para que se tornem
adultos mais equilibrados. E para que a Duda pare de latir tanto, pois é
mentira que cão que ladra não morde. O doberman latia muito e mordeu o dono. Mas
não vou julgar o doberman. Penso que
talvez não o ensinaram, desde pequeno, a obedecer a comandos, a respeitar as
pessoas, a ser obediente e não brincaram com ele. Talvez o tenham ensinado a
atacar mesmo. De qualquer forma, com cão bravo o melhor mesmo é se prevenir.
Bom dia, professora. Que sorte encontrar seu blog. Estava com saudades das suas crônicas. Peço o obséquio de me passar seu e-mail, se for possível, para enviar-lhe minhas crônicas da cidade. O jornal fechou, mas continuo a escreve-las e fico muito honrado de te-la como leitora. Antônio Pereira da silva
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