A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ingresso na UFU

            Não gosto de escrever sobre temas polêmicos, mas não me contive. E sinto-me à vontade para escrever sobre o assunto, pois participei da vida acadêmica da UFU como professora, coordenadora de curso, aluna de doutorado, membro de conselhos superiores, etc e tenho paixão pela universidade. Atuei vários anos na elaboração e correção de questões de vestibular. Como esposa do José de Paulo, presidente da Comissão Permanente do Vestibular durante 13 anos, vivenciei cada etapa do processo. E agora, em 2012, como mãe de vestibulando de 17 anos, acompanhei o primeiro processo seletivo na UFU com ingresso por meio do Sisu, utilizando a nota do Enem.
            Analisei vários aspectos numéricos e muitos são preocupantes. Exemplos: o número de candidatos inscritos na UFU saltou de cerca de 11.000 no último vestibular para quase 50.000, com candidatos das mais diversas regiões do país. Ou seja, está muito mais difícil para um bom e mesmo ótimo aluno de escolas de Uberlândia ingressar na UFU. E como o aluno podia ir mudando sua inscrição de acordo com as notas de corte, que foram bastante altas, muitos foram aprovados em cursos que não eram os desejados e sim, onde conseguiriam aprovação. Isso poderá causar mais desistências e desajustes nos cursos e mais vagas ociosas. Só para se ter uma idéia do problema, ao lado dessas 1789 vagas oferecidas para ingresso em 75 cursos da UFU, estão sendo ofertadas 1161 vagas para transferência externa e para portador de diploma de curso superior, oriundas de desistências, abandono de curso, etc. No Campus Santa Mônica, só no curso de Matemática são 171 vagas ociosas,  no de Física 68, no de Ciências Econômicas, 50. As chances das vagas serem preenchidas são pequenas e isso é muito grave, vagas sobrando em universidade paga com o dinheiro do povo.
Outro fato preocupante é que as turmas de ingressantes são preenchidas por meio do Paaes, destinado aos alunos de escolas públicas e pelo processo seletivo (vestibular). Com isso, vem ocorrendo ao longo dos anos uma distorção na relação candidato vaga. Por exemplo, a turma de Medicina de 2012/1, será formada por 20 alunos que ingressaram numa relação de 100,2 candidatos/vaga (vestibular) e por 20 alunos que ingressaram numa relação de 7,8 candidatos/vaga (Paaes). No Direito noturno, a proporção é de 145,3 para 4,65; na Administração, noturno, é de 114,15 para 4,65; na Engenharia Civil, de 92,5 para 5,95. Não há projeto pedagógico eficiente capaz de resistir a tal disparidade. Por outro lado, dos 78 cursos que reservam vagas para o Paaes, 18 já começarão o semestre com vagas ociosas, pois o número de candidatos do Paaes foi menor que o de vagas. Outros 11 cursos têm um candidato por vaga ou menos de dois.  Ou seja, o certo é investir na melhoria do ensino médio público e não reservar vagas que não serão preenchidas. È necessário que alunos da rede pública e privada possam competir com igualdade.
Quanto ao meu filho vestibulando, lógico que ficou entre os 2940 candidatos reprovados no curso de Direito noturno e não entre os 20 aprovados (mas teria chances em um vestibular “normal”). Conversando com ele, disse que achei engraçado tanta falta de sorte: terminar o ensino médio logo quando a UFU está implantando uma nova forma de seleção; participar “de cara” do vestibular mais concorrido da história da UFU e, pior, escolher o curso que foi o mais procurado de todos. Muito sério, ele respondeu que não achou graça nenhuma.