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domingo, 5 de dezembro de 2010

O casamento

           

             
 Hora de todos se aprontarem para o casamento às 18h na Igreja Nossa Senhora do Caminho. O pai da noiva todo lindo, no meio-fraque alugado (estava se sentindo o Napoleão Bonaparte). Eu, com o vestido verde bordado que veio direto dos States, presente da filha, e que nem sabia se iria servir. Os pajens, os dois netinhos, lindos no meio-fraque, idênticos ao avô. As duas daminhas, com coroas de flores naturais: uma esqueceu o buquê, mas entrou direitinho assim mesmo, junto com os outros, ao som da música Aquarela, de Toquinho, cantada pelo coral de quatro vozes.
A porta da igreja fechando e depois abrindo. A noiva linda, entrando ao som da Ave Maria, com um sorriso que tudo iluminava. O pai entregando-a ao genro americano e dizendo algumas frases ensaiadas em inglês. A noiva se emociona, mas não chora. Na cerimônia, lê compenetrada uma passagem da bíblia, a pedido do celebrante (no entanto, explica aos convidados que não gosta da parte onde diz que a mulher deve ser submissa). O noivo, alto e bonitão, não disse o sim na hora certa, porque não entendeu nada do que o padre disse (a noiva começou a rir ). Na sola do sapato dele, escrito “I Do”, para todos lerem quando ele se ajoelhasse.
Na benção das alianças, a música “ que o casal seja um para o outro de corpo e de mente e que nada no mundo separe um casal sonhador”. O noivo repete, em português, com dificuldade, as palavras do padre: “...na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.”
Minha amiga, do meio da igreja, declama para os noivos o Poema da Fidelidade, de Vinícius de Morais, com emoção e voz forte. Nessa hora, como os americanos não entendiam nada, pensaram que era alguém protestando contra o casamento, naquele momento “se alguém tiver algo contra, que fale agora ou cale-se para sempre”. Ficaram aliviados quando todos os presentes aplaudiram, ao final do poema.
Os noivos saem ao som de música da Marisa Monte, no tapete vermelho e entre os bancos enfeitados de lírios e copos de leite. Os pajens e convidados soltam bolhinhas de sabão na igreja, dando um toque de alegria. Os noivos entram no carro antigo, se beijam, acenam e vão embora. Tudo muito lindo. Para encerrar, o pajem chora na porta da igreja: quer tirar a roupa e ganhar logo o presente prometido para ele entrar direitinho.
    Como no filme “o pai da noiva”, ao final de tudo, sento-me na sala toda desarrumada. Papéis de presente amassados, copos abandonados, gravatas esquecidas. O buquê da noiva murchando no vaso em cima da mesa. Num misto de vazio e saudade, começo a olhar os presentes e a ler os cartões de felicitações. Uma amiga escreveu: “Para vós invoco os prazeres que voam nos ventos e as alegrias que moram nas cores. Que o sorriso de um seja, para o outro, festa, fartura, mel, peixe assado no fogo, côco maduro na praia, onda salgada do mar   E que no final das contas, em nome do nome sagrado, do pão partido e do vinho bebido, sejam felizes hoje, amanhã e sempre.” Estes também são os meus votos.

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