A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

domingo, 26 de junho de 2011

Roberto Carlos, o rei

Roberto Carlos, no dia do show em Uberlândia, com Carlos Viola, responsável pela mídia do evento



               
          No dia dos namorados, no Center Convention, assisti ao show do Roberto Carlos. Auditório com cerca de 2500 pessoas, dois telões gigantescos, luzes, cores, holofotes e estrelas brilhando em fundo escuro, ao som de uma orquestra maravilhosa. Dominando a cena, de terno branco impecável com uma tira azul na lapela, o rei Roberto Carlos, com seu carisma e voz gostosa.
Foi aplaudido de pé quando entrou e cantou a música "Detalhes": “não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida eu vou viver.” Depois, durante duas horas, cantou cerca de vinte músicas, com o público cantando junto. Na música "Eu te amo",o rei e a platéia cantaram: “tanto tempo longe de você, quero ao menos lhe falar, a distância não vai impedir meu amor de lhe encontrar”. Depois, partilharam a saudade contida em "Amor perfeito": “eu conto os dias, conto as horas pra te ver, eu não consigo te esquecer, cada minuto é muito tempo sem você”. Vibraram com os versos eróticos de "Cama e mesa": “eu quero ser sua canção, eu quero ser seu tom, me esfregar na sua boca, ser o seu batom”. O mesmo aconteceu em "Proposta ":“ eu te proponho, nós nos amarmos, nos entregarmos...eu te proponho te dar meu corpo” e em "Côncavo e Convexo": “nosso amor é assim, nossas curvas se acham, nossas formas se encaixam na medida perfeita”. Cantaram em uníssono, rei e platéia, o amor fiel retratado em "Desabafo": “você é mais que um problema, é uma loucura qualquer, mas sempre acabo em seus braços, na hora que você quer”. Se emocionaram com a beleza de  "Cavalgada": “estrelas mudam de lugar, chegam mais perto só pra ver e ainda brilham na manhã, depois do nosso adormecer.” Cantaram que vale a pena amar, em "Emoções": “se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi”. Homenagearam as mulheres pequeninas, com a música "Mulher pequena": “gosto de você pequena, esse beijo me alucina, coisa de mulher gostosa com um jeito de menina”. Na música "Além do Horizonte", a união entre a natureza e o amor: “deve ter algum lugar bonito pra viver em paz...onde a gente possa se deitar no campo, fazer amor na relva escutando o canto dos pássaros.” Muito lindo. Tinha gente chorando e casal dançando.
Além dessas músicas românticas, o rei recordou o tempo da Jovem Guarda com "É proibido fumar "e lembrou o valor da amizade com a música "Eu quero ter um milhão de amigos." Homenageou a mãe, Lady Laura: “tenho vontade de ser novamente um menino, te pedir que me abrace e me leve de volta pra casa, que me conte uma história bonita e me faça dormir”. Cantou junto com o público a sua fé em Nossa Senhora e em Jesus Cristo. Depois dessa música, a última do show, distribuiu com elegância inúmeras flores vermelhas e brancas para as mulheres das primeiras filas. Beijava cada flor e depois escolhia uma mão dentre as centenas estendidas. Acabada a distribuição, o Zé, meu marido, esperava que o público gritasse “mais uma, mais uma” e ele voltasse para cantar "Calhambeque", mas nada disso aconteceu. Depois das rosas, o rei acenou majestosamente e desapareceu do palco.
No final, lembrei-me do meu netinho de três anos. Por uma dessas fatalidades da vida, acabei indo com ele no show do Ben 10 e dos Backyardigans. Na volta pra casa, sem mais nem menos, ele falou: ”graças a Deus gostei do Ben 10”. O mesmo digo eu: graças a Deus tive oportunidade de assistir ao show do Roberto Carlos: foi lindo, romântico e nostálgico.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Lições de Vida


            Dizem que toda pessoa precisa ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Para escrever um livro, uma idéia interessante é valorizar as pessoas idosas, escutar suas histórias e colocar no papel. Na África, de acordo com um documentário que assisti, quando um idoso morre as pesssoas sentem como se uma grande biblioteca tivesse se incendiado e lamentam toda a cultura que se extinguiu. Realmente, todos tem muito a ensinar com suas lições de vida.
            A minha mãe, por exemplo. Escrevi um pequeno livro com sua história. A lição de vida que ela deixou foi de ser feliz com o que se tem. Há pessoas que, teoricamente tem tudo para ser feliz e não o são. Passam a vida procurando pela felicidade e se perdem nessaa busca. Minha mãe não, ela foi uma pessoa feliz, coisa rara hoje em dia. Quando ela completou 80 anos, sentei-me com ela e passei a anotar sua história. Ela contou de sua infância e juventude em Pains, pequena cidade de Minas; falou de como fazia farinha de mandioca, polvilho,quitanda no forno de lenha, comida para os camaradas; como remendava roupas e fazia colcha de retalhos. Das idas à cidade no carro de boi. Dos poucos estudos que teve, no colégio interno. Do casamento aos 17 anos e da viuvez aos 21, quando o marido morreu de febre amarela, deixando-a com um filho pequeno e grávida de outro. Contou como aos 33 anos casou-se com um médico de Campos Altos (meu pai), que se apaixonou por uma foto dela e foi de trem de ferro e à cavalo conhecê-la na fazenda. Em seis meses estavam casados. Minha mãe era mesmo muito bonita. Um dia, uma pessoa que a conheceu, ao saber que eu era sua filha, olhou-me de alto a baixo e disse, sem dó nem piedade: “você não chega nem aos pés dela”. Até hoje não me recuperei do choque.
            Mas, voltando ao livro, ele se chamou “ Minelvira: uma vida em três capítulos”. O primeiro capítulo foi sobre a vida na fazenda e o primeiro casamento; o segundo, sobre a vida em Campos Altos e o terceiro, um depoimento dela sobre sua vida. Disse coisas como: “sou uma pessoa que gosta muito de viver. Tenho uma vida boa, sou feliz e realizada. Tenho muita saúde, nunca fiquei de cama”. “Às vezes, quando estou sentada na minha cadeira de balanço, eu me belisco e me pergunto: será que sou eu mesma que já passei por tudo isto?” “ Gosto muito de viajar, mas quando chego em casa, até abraço e beijo as portas e paredes, nada como ter o meu cantinho”. “As coisas mais bonitas que vi foram as Cataratas do Iguaçu, a Pousada do Rio Quente, a Festa da Uva e o encontro das águas dos rios Solimões e Negro”. O livro foi ilustrado com fotos, para ficar mais interessante, e ela o distribuiu, com autógrafos, no dia de seu aniversário. Foi emocionante.
Quando ela faleceu, minha filha escreveu-me que ia sentir muita falta dela, do seu abraço gostoso, dos pães de queijo e pastéis que ela fazia, de sentar na sua cadeira de balanço, de comer naquelas louças tão antigas e tão cheias de histórias. Mas que se consolava ao lembrar que a avó disse a ela que não tinha nada na vida que gostaria de ter feito e que não fez e que também não mudaria nada em sua vida, mesmo com todas as dificuldades que passou. Foi uma pessoa feliz e hoje, é muito melhor sorrir por ela ter vivido do que chorar por ela ter morrido.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Mães e amamentação

Mãe e filho: Thaís e Enzo com um dia de vida, na saída do hospital

Mãe e filho: Karine e Yuri com um dia de vida, sendo amamentado
                                          
Mãe e filha: Season e Oceana, na praia
             
          No mês de maio, quando se comemora o dia das mães, é preciso escrever sobre elas. O assunto é complexo, mas encontrei algumas frases na internet que expressam bem o que é ser mãe. Por exemplo, “no momento em que a criança nasce, a mãe também nasce. Ela nunca existiu antes. A mulher existia, mas a mãe não. A mãe é algo absolutamente novo”. Ou seja, de repente a mulher se torna mãe e descobre que a capacidade de criar filhos se aprende com cada experiência. Além disso, se vê diante  de uma grande responsabilidade, pois “os homens são o que suas mães fizeram deles”.   Tudo é novo, conforme escrito numa poesia: “antes de ser mãe, eu comia os alimentos ainda quentes, não tinha roupas manchadas, dormia o quanto queria, não tropeçava em brinquedos, não me esquecia de escovar os dentes e os cabelos, ninguém vomitava nem fazia xixi em mim. Eu nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina pudesse mudar tanto a minha vida e que pudesse amar alguém tanto asssim. E que pudesse segurar uma criança por tanto tempo só por não querer afastar meu corpo dela.”
            Ser mãe realmente é um longo aprendizado, com momentos de ternura e emoção, mas também de dor e sofrimento. Na amamentação, por exemplo. Nos últimos anos, acompanhei vários nascimentos e relatos de mães. Sei das inúmeras vantagens do leite materno e da beleza do aconchego mãe-filho. Mas também sei da dor de bicos de seios rachados, seios “pedrados” e doloridos, mastite, bebês que não conseguem pegar o seio da mãe, mães que fizeram redução de seio e se culpam por produzir pouco leite, mães com remorso por não amamentarem o filho, mães que dão muito leite em um seio e pouco no outro (um fica enorme e o outro pequeno). Há também bebê que sufoca com o leite que sai em esguichos e bebê que dorme sempre que é colocado no seio, chegando até a roncar. Tem até mãe que chora de dor ao amamentar, devido às rachaduras, e o leite sai misturado com sangue, um horror. Como no caso da minha norinha, onde eu tinha a função de dar-lhe uma toalha para ela morder a fim de não gritar e assustar o bebê (mãe sofre). Tem mãe que tira o seio, sem cerimônia, em qualquer lugar e na frente de qualquer pessoa, exercendo com naturalidade o ato de amamentar . Na Bahia, por exemplo, há bebês dependurados em seios expostos, pra todo canto. Por aqui, já é um pouco mais velado. Nos States, ninguém faz isso. As mães tem um aventalzinho incrementado que colocam para cobrir os seios e o bebê, que fica mamando numa tendinha. Por lá também existe uma espécie de faixa de pano com dois orifícios, utilizada para segurar nos seios a maquininha de tirar leite. Assim, enquanto a mãe é “ordenhada”, as mãos ficam livres para ela trabalhar no computador, dirigir, ler, etc. Primeiro mundo é assim.
            Enfim, ser mãe não é fácil, mas tem algo de divino. Deus, entre tantas bençãos, deu a elas também o poder da doação, pois “uma mãe é uma pessoa que ao ver que só ficaram quatro pedaços de torta de chocolate quando existem cinco pessoas, é a primeira a dizer que nunca gostou de chocolate”. Mãe também faz tanta coisa ao mesmo tempo que é possível pensar:”se a evolução realmente existe, como é possível as mães terem apenas duas mãos?”
Concluindo, o bom mesmo é que os filhos existem. E, melhor ainda, as mães tem possibilidade de serem avós, para curtirem  as emoções numa dimensão diferente de doçura e entendimento. Parabéns a todas as mães e avós.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um milagre chamado Darlene


           É impossível explicar a tragédia que aconteceu em Porto Príncipe, no Haiti, quando ocorreu o terremoto. Só é possível sentir. Sofrer com as pessoas, chorar por elas, alegrar-se quando uma vida é salva.
            Como no caso de Darlene Etienne, a adolescente de 17 anos retirada com vida dos escombros após 15 dias, em condições estáveis de saúde. Sua sobrevivência é inexplicável do ponto de vista médico. Mas milagres acontecem. No caso dela, não um milagre como o acordar de manhã, abrir a janela e ver o dia lindo que Deus coloriu para nós, cada um de um jeito. Ou de poder desfrutar essa diversidade de flores que Deus planta aqui e acolá, só para colorir e alegrar o caminho da gente. Mas sim, um milagre além da nossa capacidade de compreeensão. Darlene sobreviveu a um pesadelo. De repente, estava viva e soterrada. Sem nem saber porque: seria alguma explosão, algum morro que deslizou, um terremoto (se é que ela sabia que existem terremotos), um prédio por perto que desmoronou? Tudo escuro, o corpo espremido, pedras em volta, terra grudada no cabelo, no corpo todo. Falta de ar, mãos e pés dormentes, músculos doloridos, sem espaço para mudar de posição (e pensar que eu, na minha pequenez, tenho medo de ficar presa no elevador, no escuro e sem ar). A boca sêca, a fome lancinante, a consciência indo embora devagarzinho. Cada minuto parecendo uma eternidade (e 15 dias são 21.600 minutos). O medo de mexer e de tudo desmoronar à sua volta. O pavor de aparecerem vermes, ratos e baratas. A vida passando por sua mente como um filme: as brincadeiras de criança (se é que teve infância), o abraço que queria dar e não deu, a saudade da mãe , do pai, dos irmãos, sei lá. Aquela vontade de gritar, pedir socorro, mas a voz não saia mais. A resignação em ficar quietinha, esperando a morte chegar. Ou esperando um socorro que, no fundo do seu coração, ela sempre soube que chegaria (mas não sabia que mais de 200 mil haviam morrido, que milhares estavam feridos e que à sua volta cerca de 300.000 pessoas precisavam de absolutamente tudo, de abrigo a água, remédio e comida). Como escreveu Ruy Castro, na Folha de São Paulo, “nenhum livro, filme ou série de TV jamais poderá dar conta da real tragédia de Porto Príncipe. Mesmo a simples reconstituição de um desses dramas individuais está além da capacidade humana de descrever o terror.”
Darlene tinha esperanças e sobreviveu. Miúda, franzina, com olhos opacos, mas capaz de mostrar que o desejo de viver vence a morte. Assim como o pequeno Kiki, que ficou oito dias soterrado e saiu rindo para a mãe, transformando-se no rosto feliz da mais infeliz das tragédias. E Enna Zizi, de 66 anos, que depois de sete dias nas ruínas, cantou firme e forte quando foi salva. Tem também o caso da jovem Widlyn, que depois de gritar e suar muito, deu à luz, no chão do pátio do hospital, ao pequeno Cristopher, que tem como futuro o Haiti destroçado. Agora, todos precisam recomeçar. Que o Pai desça sobre os haitianos com seu amor, conforme a prece citada pelo teólogo Leonardo Boff: “Pai, desce dos céus, desce, pois morro de fome nesta esquina, não sei para que serve haver nascido, desce um pouco, contempla isto que sou, esse sapato roto, essa angústia, esse estômago vazio, essa cidade sem pão para os meus dentes, a febre cavando-me a carne, esse dormir assim, sob a chuva, castigado pelo frio, perseguido. Pai, desce, toca-me a alma e o coração”.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O jogo de futebol

        
           Nem acredito, mas fui parar no Estádio do Parque do Sabiá para assistir ao jogo Cruzeiro X Corinthians. De pé, espichando o pescoço para enxergar (não conseguimos cadeira e ainda chegamos em cima da hora). Logo eu, que pensava que goleiro e zagueiro eram a mesma coisa (descobri que são diferentes durante a Copa do Mundo). Não fui torcer, pretendia apenas sentir a vibração da galera e tentar entender o que o Cruzeiro tem de tão bom que justifique o fanatismo de tantos torcedores, inclusive do Zé, meu marido, e do filho adolescente.
 Quando atravessei o portão e cheguei na arquibancada, tive uma linda visão. Abaixo, o gramado parecendo um tapede verde, iluminado por possantes holofotes, com os jogadores desfilando e um imenso escudo do Cruzeiro estendido no meio. Em volta, no estádio lotado, pessoas parecendo formiguinhas, torcedores em azul e branco de um lado e em preto e branco do outro. Vibrantes, enrolados em bandeiras e entoando os gritos de guerra dos times. Muita gente bonita, mulheres, crianças, famílias. Uma faixa imensa escrita “Gaviões da Fiel” e outra  “Máfia Azul”, marcando o território dos mais fanáticos.
Depois do Hino Nacional, começou o jogo. Logo aos dois minutos, o Cruzeiro fez um gol. Tristeza para os corintianos, que ficaram quietinhos e murchos e alegria para os cruzeirenses, que pulavam, levantavam os braços, tocavam tambores e gritavam “Zêro, Zêro” (já abreviaram o nome). Analisando a parte que estava quietinha, tive a impressão que, do público presente (cerca de 40.000 pessoas), metade era corintiano. Não pensei que tivesse tanto. O Zé, com sua filosofia de fazendeiro, explicou-me que corintiano é igual capim braquiaria, brota em todo canto. 
Outro momento de suspense (ou de terror, para os cruzeirenses) foi quando ocorreu um penâlti contra o Cruzeiro. Emoção no estádio, toda a torcida de pé, uns torcendo contra e outros a favor (o bom é isto). Por incrível que pareça, o goleiro Fábio defendeu com as pernas. Achei aquele goleiro um fenômeno, como é que pode? Silêncio mortal de um lado e o estádio quase vindo abaixo do outro.
Depois, outro momento incrível: um jogador do Corinthians deu uma cabeçada na bola, que bateu na trave do gol do Cruzeiro. Exclamações de susto e de alívio por todo lado. Deus do céu, por questões de centímetros ia ter torcedor cruzeirense morrendo de infarto. Como um senhor atrás de mim, que ouvia um radinho e berrava sem parar. Outra que passaria mal era a loirinha bonita ao meu lado, com uma camisa do Cruzeiro, bem agarradinha ao corpo. Ela entendia tudo, tudo, fiquei até com inveja. Quando algum jogador errava um passe fácil, ela gritava “carniça, carniça”. E quando um ia tocando a bola com o pé, gritava: “vai, vai, tá esperando o quê”? Quando o juiz roubava (será?) a torcida enfurecida cantava juntinho: “ juiz, vai prá p... que pariu”. Às vezes variavam, cantando: “juiz, vai tomar no ....”. Ainda bem que também tinha momentos mais suaves, com todos cantando com o coração: “Vamos, vamos Cruzeirô, vamos vamos a ganhar, vou aonde você for, só pra ver você jogar.”
Enfim, o jogo terminou com um único gol do Montillo (conhecem?), o mesmo jogador que autografou a camisa do Cruzeiro do meu filho, quando ele foi ao aeroporto esperar o time. Agora, a camisa nunca mais poderá ser lavada.
Conclui que assistir jogo pela TV é bem mais confortável. Mas ir ao estádio vale pela emoção.