A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Quem procura, acha

Luiz Cláudio com a família e participando do triatlo em Santos

            O meu filho Luiz Cláudio, atualmente médico ortopedista, triatleta, pai, esposo  e treinador de cachorro perdigueiro, é uma pessoa muito persistente.
            Tudo começou em 1983, quando ele estava com 11 anos. Gorduchinho e com os joelhos um pouco tortos, entrou na natação do UTC. Ia empurrado e desanimado. Um dia, o Zé, meu marido,  prometeu-lhe uma moto se ele fosse campeão mineiro. Virou outro. Passou a treinar todos os dias de madrugada movido pelo sonho da moto XLX250. Aos 14 anos, foi campeão mineiro de nado borboleta em BH e depois participou do campeonato brasileiro no Rio, ficando entre os primeiros. O pai, que não pensava que ele seria campeão, enrolou um ano mas deu a moto.
            Lembro-me de um triatlo no qual ele participou no Parque do Sabiá, aos 16 anos.  Participantes do Brasil inteiro, uma multidão. Os nadadores tinham que atravessar a lagoa  dando uma volta em torno de uma boia e subir em um tablado do outro lado. Tinha um barquinho salvando quem estava se afogando e eu, da ponte,  de olho no barco, com medo do filho se afogar. Os nadadores que não foram atropelados no começo, nadavam em uma formação em V, com um atleta liderando a competição. A turma  começou a  torcer. Só quando o herói subiu no tablado, reconheci o Luiz Cláudio! Quase morri de emoção.
            Depois, na época do vestibular, ele decidiu fazer medicina na UFU. Disse que ia passar no primeiro lugar e passou mesmo, na UFU e na UFMG, aos 17 anos. E quando terminou a residência na USP de Ribeirão, passou em primeiro lugar no exame nacional  da SBOT.
            Agora, aos 43 anos, resolveu ser triatleta. Nada, corre e pedala de domingo a domingo. Treina de madrugada, antes de começar a operar. No sábado pedala 160 km e no domingo também. Começou a treinar em fevereiro do ano passado e já perdeu 26 kg, vai sumir. Em julho, participou do "Troféu Brasil de Triatlo" em São Paulo e ficou em terceiro lugar. Nas três etapas seguintes, já ficou em primeiro lugar. No momento, anda treinando para o Ironman em Zurich e desconfio (mas tenho medo de perguntar) que pretende se classificar para o campeonato no Havaí, coisa de loucos.
            Bem, no meio de tudo isso, aconteceu o seguinte. O Luiz Cláudio tem um cachorro perdigueiro, o Cookie, uma de suas paixões. É criado no apartamento, na cobertura ( destrói tudo). Ele o está treinando com uma coleira de adestramento, ou seja, dá uns choquinhos nele quando desobedece e dá ração quando obedece. Os comandos são para sentar, esperar, ficar junto, dar a pata. Funciona, mas tem hora que dá tudo errado. Por exemplo, dia desses fomos para a fazenda com o Cookie. Foi só descer da camionete e ele, como bom perdigueiro,  estraçalhou duas galinhas e rolou na bosta das vacas, ficando irreconhecível. Mas o pior mesmo foi que ele engoliu uma ruela curva especial, de meio centímetro, do câmbio dianteiro da bicicleta de fibra de carbono, caríssima e importada. O fato aconteceu no apartamento, enquanto o filho dava a manutenção. Sem ela, acabou-se a bicicleta, não é vendida separada.  Ele procurou a ruela por todo lado. Como não a encontrou e o Cookie estava por perto, chegou á conclusão óbvia.
            Quando ele me contou isso, perguntei brincando: "-E aí, você procurou no cocô do Cookie? " E ele respondeu sério: "É, encontrei no décimo cocô...Quem procura, acha." Deus meu, ele passou três dias procurando onde o Cookie fazia cocô e remexendo os montinhos com um pauzinho. Isso é que é perseverança, o resto é bobagem.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

No ônibus


Maíra e a cobra
          "Educação, boa e velha" é o nome de um texto da psicóloga Rosely Sayão.  A autora comenta que na sociedade atual os velhos perderam importância e que os pais das crianças não acreditam que os avós tenham algo a acrescentar à formação dos netos . Mas os avós insistem, porque acham que vale a pena ensinar aos netos coisas como  certo e errado, falso e verdadeiro e que ter liberdade é muita responsabilidade. Rosely acrescenta que antes, os avós mimavam os netos, mas que agora não podem mais fazer isso, pois são os pais é que mimam, satisfazendo todas as vontades dos filhos. Daí, muitos avós da atualidade conseguiram inovar o sentido da palavra "mimar". Para esses velhos, mimar passou a ser dedicar tempo aos netos e ter paciência com eles (penso que estou nesse grupo). A isso, eu acrescentaria que mimar também é aprender com os netos e se divertir com eles.
       Como num dia desses, quando realizei o sonho da Maíra, minha netinha de quatro anos. O sonho dela era passear de ônibus. Assim, decidi levá-la ao Campus Umuarama, onde eu trabalhava, e fomos para a praça Tubal Vilela. Depois de esperarmos 20 min, ela entrou no ônibus animadíssima, conversando com os passageiros e de olho na janela. Ficou preocupada com uma moça de pé ao lado de um assento vazio e falou várias vezes: "-Moça, senta aí", mas a moça não sentou. Quando chegamos ao campus, uma amiga minha, professora de répteis, levou a Maíra para conhecer o serpentário e deixou que ela passasse a mão em uma cobra inofensiva. Ela ficou fascinada. Na volta, pegamos o ônibus no ponto mais perto. Assim que a porta abriu e a Maíra subiu os degraus, parou no meio do corredor, antes da roleta, colocou as mãos em volta da boca e gritou a plenos pulmões, com seu vozeirão característico:"-Geeeente! Geeeente! Eu passei a mão na cobra!". Alguns passageiros riram, outros devem ter pensado que ela estava mentindo, outros  continuaram dormindo. Eu, meio sem jeito, tentei explicar alguma coisa. Mas logo o ônibus deu um safanão e consegui segurar a Maíra pela gola da blusa. Na sequência, no afã de pegar rápido um lugar com janela, ela entalou debaixo da roleta, tentando passar por baixo. Pegamos o ônibus errado e tivemos que parar no terminal para pegar outro, que estava lotado. Consegui um assento e a coloquei no colo, mas ela ficou indignada porque tinha uma moça sentada ao lado, na janela, e a Maíra tinha certeza que o lugar deveria ser para ela. No dia seguinte, fomos ao bairro Guarani, na casa da minha ajudante, e para ela foi outra aventura. Voltou de cabelo lavado e escovado e de unhas pintadas. Minha ajudante tem um salão de beleza e a Maíra usufruiu de tudo. Entrou linda no ônibus, sentamos nos assentos da frente e ela contou toda a sua curta vidinha de quatro anos para o motorista, sempre com um olho nele e outro na janela. Não falou da cobra, mas ao descer falou bem alto: "-Brigaaaaado, motorista"!
       Acho as crianças incríveis e por isso ainda pretendo mimar muito meus onze netos. Como escreveu Adélia Prado: "Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande..." Ou como no texto de Rubem Alves: "são as crianças que veem as coisas -porque elas as veem sempre pela primeira vez com espanto, com assombro de que elas sejam do jeito como são. Os adultos, de tanto vê-las, já não as veem mais. As coisas -as mais maravilhosas- ficam banais. Ser adulto é ser cego."

        Penso que a Maíra viu muita coisa pela janela do ônibus que eu não vi...

terça-feira, 2 de junho de 2015

Frases interessantes



            Gosto de frases criativas e bem humoradas, tanto das escritas por pessoas famosas quanto das escritas por vestibulandos na hora do desespero. E também gosto de provérbios divertidos e de frases de para-choques de caminhões. Acho-as geniais, lógicas, filosóficas e cheias de humor.
            Algumas são tão erradas que se tornam interessantes.Como as frases que circulam na internet como sendo de correção de vestibular: "as glândulas salivares só trabalham quando temos vontade de cuspir"; "antes de ser criada a justiça, todo mundo era injusto";"todo farmacêutico é um médico fracassado"; "quando um animal não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado"; "o maior matrimônio do país é a educação"; "o nervo óptico transmite ideias luminosas ao cérebro"; "o sol nos dá luz, calor e turistas"; "as constelações servem para esclarecer a noite";  "oceano é onde nasce o sol: onde ele nasce é o nascente e onde desce é o decente". E por ai vai...
            Já entre as frases anônimas e sábias, existem estas: "diga-me com que andas que eu te direi se vou contigo"; "na vida tudo é relativo: um fio de cabelo na cabeça é pouco; na sopa é muito"; "eu cavo, tu cavas, ele cava: não é bonito, mas é profundo"; "eu bebo pouco, mas esse pouco me transforma em outro homem, e esse outro homem bebe pra caramba!"; "por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima". E aquela escrita em um motel no Rio:"antes à tarde do que nunca".
            Quanto aos provérbios engraçados, temos, entre outros: "meia verdade é uma mentira inteira" ; "não se deve emprestar nem livros nem mulheres: nunca devolvem os livros; as mulheres, sempre"; "há males que vêm para pior";"errar é humano; colocar a culpa em alguém, então, nem se fala"; "às vezes é melhor ficar quieto e deixar que pensem que você é um idiota do que abrir a boca e confirmar a suspeita".
            Existem também as frases de certas pessoas, como: "a seleção brasileira é uma seleção sem vícios: não fuma, não bebe e não joga" (José Simão); "quem disse que ganhar ou perder não importa, provavelmente perdeu" (Martina Navratilova); "bom de briga é aquele que cai fora" (Adoniran Barbosa);"os homens mentiriam muito menos se as mulheres fizessem menos perguntas"(Max Nunes); "a Academia Brasileira de Letras se compõe de 39 membros e um morto rotativo"(Millôr Fernandes); "nunca confie em uma mulher que diz sua verdadeira idade, pois se ela diz isso, é capaz de dizer qualquer coisa"(Oscar Wilde).
            Mas bom mesmo são as frases nos para-choques dos caminhões. Simples e diretas. Exemplos: "feliz foi Adão que não teve sogra nem caminhão"; "nas curvas do seu corpo capotei meu coração"; "cabelo ruim é igual bandido: ou tá preso ou tá armado"; "a fé remove montanhas, mas prefiro dinamite"; "amor sem beijo é como macarrão sem queijo"; "aqui é como o World Trade Center: só entra avião"; "coceira de rico é alergia; de pobre é sarna"; "eu sou imortal, pois não tenho onde cair morto"; "marido de mulher feia sempre acorda assustado"; "rico tem veia poética, pobre tem varizes". Quanta criatividade...
             Depois de tantas frases divertidas, é melhor encerrar com duas lindas: "as mães não envelhecem: elas entardecem, viram nuvens e se transformam no pôr do sol" e "filhos não são pedaços de nós; são pedaços de Deus que estavam em nós". Enfim, é bom saber que existem pessoas de bom humor que criam frases que alegram nossa vida.