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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O que dizem os moais

            
     Ainda sobre o livro “A longa marcha dos grilos canibais”, o autor  Fernando Reinach explica que a seleção dos assuntos foi ao acaso, refletindo seus interesses ao folhear revistas científicas. Por exemplo, a crônica “O que dizem os moais”, foi baseada no artigo “Collapse. How societies choose to fail or succeed”.
    Os moais são gigantescas estátuas de pedra, com até 20m de altura e em número de 900, encontradas  na Ilha de Páscoa, no Pacífico. Essa ilha foi descoberta em 1722, a 3500km da costa do Chile, o local mais isolado do planeta. Na época, possuia vegetação rasteira e era habitada por poucos índios que se alimentavam de ratos e praticavam canibalismo. De onde teriam surgido os moais? Os arqueólogos conseguiram reconstruir a história da ilha, estudando as camadas de lodo acumuladas nos pântanos e as camadas de lixo deixadas pelas gerações anteriores. Concluiram que os primeiros habitantes lá chegaram por volta do ano 900, quando a ilha possuia florestas de árvores grossas, palmeiras gigantes, muitos pássaros e tartarugas marinhas. Algum tempo depois,vieram ratos de outras ilhas da Polinésia. Os habitantes utilizavam as árvores para fazer canoas e pescar peixes e golfinhos. Depois, desmataram as florestas para a agricultura, o que permitiu o aumento da população, que chegou a cerca de 30 mil no ano 1200. Nessa ocasião, a população se dedicava à produção dos moais, que eram transportados por até 500 pessoas, utilizando cordas de palmeiras e rolos de troncos. As florestas desapareceram e em 1600 não havia mais árvores. Sem árvores, não havia pássaros, nem canoas, nem peixes. Fome, querras e canibalismo reduziram a população a cerca de 2000 pessoas, isoladas no meio do Pacífico por falta de canoas. Num período de 800 anos, o homem chegou à ilha, criou uma civilização, destruiu o ambiente e quase se extinguiu. Mas os moais permaneceram, como a nos dizer que precisamos cuidar da Terra, pois a mesma está isolada no espaço, assim como a Ilha de Páscoa está isolada no Pacífico.
      Vários textos do livro abordam a extinção de espécies. Por exemplo, a acidificação dos oceanos (causada pelo aumento de gás carbônico na atmosfera)pode dissolver ou dificultar a formação dos esqueletos dos animais marinhos, diminuindo a biodiversidade. E até mesmo atitudes tomadas pelo homem para proteger as espécies pode ter efeito perverso: as listas de animais ameaçados de extinção podem aumentar a procura por essas espécies. Como em 1970, quando um pássaro de Bali foi colocado na lista. Seu preço aumentou rapidamente entre os colecionadores e hoje só existem seis na natureza. Em 1990, foi a vez do peixe chinês bahaba, quando cerca de 100 barcos passaram a dedicar-se exclusivamente à sua captura após o seu nome ser listado.
 Não há como negar que o homem tem um papel importante na extinção de espécies. Também é fato que cerca de 99,9% de todas as espécies de plantas e animais que já habitaram o planeta estão extintas. Ou seja, de mil que existiram, apenas uma está hoje entre nós. Assim, o destino das espécies é a extinção. E não será o bicho homem que vai escapar disso. Aliás, o comportamento predatório da espécie já determinou o início do nosso processo de extinção. Resta o consolo de que o desaparecimento da raça humana pode permitir que novos e melhores seres vivos ocupem nosso lugar no planeta. Por isto, façamos o bem enquanto há tempo.

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