A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Aventura na calçada

Mel na caixinha com o neto Théo

A netinha Maíra

      Uma simples ida à padaria pode representar uma aventura e tanto, depende do cenário e dos protagonistas. Por exemplo, de minha casa até à padaria, a distância é de um quarteirão e meio. Acompanhada pela netinha de dois anos, Maíra, e pela Mel, minha cachorrinha yorkshire, o trajeto leva cerca de meia hora e o pãozinho chega frio.  
      Isso porque existem vários empecilhos no caminho. Ao lado de casa tem um lote vago com calçada esburacada. Depois, uma casa grande abandonada, ocupando toda a esquina, com passeio de pedra portuguesa. O mato cresce nessas calçadas, viçoso e verdinho. Os formigueiros aproveitam e crescem também. A cachorrada da vizinhança faz cocô, de todo tamanho, cor, cheiro e consistência (os donos fingem que não vêm; o da Mel eu cato). Nesse cenário, a Maíra vai caminhando devagar, olha os buracos e fala “dado” (cuidado). Depois, sobe nas moitas de capim e fica pulando, deve pensar que é um tipo de cama elástica. Quando encontra um formigueiro, fala “miga, miga” (formiga), agacha e fica observando. Quem sabe vai ser bióloga, entomologista, e se dedicar a estudar o comportamento das formigas. Mas penso que não, pois logo sobe no formigueiro, pula várias vezes e, com instinto assassino, fala “matá, matá”. As formigas aproveitam, sobem pelas perninhas dela e tenho que agir rápido, antes que injetem ácido fórmico em sua tenra carninha e comece o berreiro. Na sequência, ela aponta com o dedinho os cocôs na calçada, falando “totô, totô”. Por enquanto, não pisou e nem pulou em nenhum. A situação é mais complicada quando ela vai à padaria empurrando o seu carrinho de bonecas cheio de ursinhos. As rodinhas emperram nos buracos, o carrinho tomba, os ursinhos caem e as lágrimas descem copiosas no rostinho angelical. Complica também quando ela cisma de segurar a Mel na coleira. Certa vez, vários cães se encontraram na esquina, as coleiras se enroscaram, laçaram as perninhas da Maíra e ela caiu sentada, indignada e raivosa.
      Mas, ao lado de todas as confusões, há fatos interessantes. Um vizinho, cansado de pisar em cocô de cachorro, pregou no portão da sua casa o cartaz: “O dono tem na cabeça aquilo que seu cão faz na calçada”. A esposa comentou que “o dono” poderia estar se referindo ao dono da casa. Ele retirou o cartaz do portão e colocou no poste, está lá.
Felizmente, há pessoas civilizadas que recolhem os dejetos do cão. O meu neto, Pedro, é um bom exemplo. Sempre que saia para passear com o Roque, um cachorro perdigueiro que o arrastava pelas calçadas, levava saquinhos de plástico e catava tudo. Um dia, voltou apressado, com o rosto vermelho e suado, deixou o Roque no apartamento e saiu novamente. A mãe perguntou onde ia e ele respondeu: “faltou um saquinho”.
Não posso deixar de comparar as calçadas daqui com as de Sacramento, Califórnia, onde minha filha mora. São todas padronizadas, com rampas de acesso em toda extensão. Lisinhas e limpinhas. Lá, o meu netinho Enzo sobe na sua genial bicicletinha de madeira, sem pedal, e vai empurrando velozmente com as perninhas, sem perigo de cair.
Também não posso deixar de pensar nos cadeirantes. Em um artigo na Folha, Andrea Matarazzo chama atenção para o fato de que em São Paulo existem mais de 1,5 milhão de pessoas com deficiência. Afirma que elas não são encontradas nas ruas, certamente pela impossibilidade de circular nas calçadas. Muito triste.
Bem, de qualquer forma, continuarei indo à padaria, não fico sem pãozinho. 

sábado, 11 de maio de 2013

Mãe

Minha filha Karine com seu filho Yuri

Minha filha Thaís com os filhos Enzo e Lia

O texto abaixo não é meu, encontrei-o na internet, de autoria desconhecida. Gostei tanto dele que resolvi compartilhá-lo com os leitores, como um presente para o dia das mães.
   “Mãe é aquele ser estranho, louco, capaz de heroísmos, dramas e breguices com a mesma fúria; escreve carta para o Papai Noel, se faz passar por fadinha do dente, coelho da páscoa, cuca, pede autógrafo para artistas deploráveis, assiste a programas, peças, shows horríveis, revê milhares de vezes os mesmos desenhos animados, conta as mesmas histórias centenas de vezes, vai pra Disney e ADORA!
    Mãe faz escândalo, tira satisfação com professor, berra em público, dá vexame, deixa a gente sem graça, compra briga; é espaçosa, barulhenta, tendenciosa, leoa, tiete, dona da gente. Mãe desperta extremos, ganas, irrita, enlouquece, mas... É mãe.
    Mãe faz promessa, prestação, hora extra, pra que a gente tenha o que é preciso e o que sonha. Mãe surta, passa dos limites, às vezes até bate, diz coisas duras; mãe pede desculpas, mortificada... Mãe é um bicho doido, louco pela cria. Mãe é visceral!
    Mãe chora em apresentação de balé, em competição de natação, quando a filha menstrua pela primeira vez, quando dá o primeiro beijo. Xinga todo e cada desgraçado que faz a filha sofrer, enlouquece esperando ela chegar da balada, arranca os cabelos diante da morte...
    Mãe é uma espécie esquisita que se alterna entre fada e bruxa com uma naturalidade espantosa. É competente no item culpa e insuperável no item ternura, mas pode ser virulenta, tem um lado B às vezes C, D, E... Mãe é melosa, excessiva, obsessiva, repulsiva, comovente, histérica, mas não se é feliz sem uma. Mãe é contrato: irrevogável, vitalício,intransferível.
    Mãe lê pensamento, tem premonição, sonhos estranhos. Conhece cara de choro, de gripe, de medo; implica com amigos, namorados, escolhas. Mãe dá a roupa do corpo, tempo, dinheiro, conselho, cuidado, proteção.
   Mãe dá um jeito, dá nó, dá bronca, dá força. Mãe cura cólica, porre, tristeza, pânico noturno, medos. Espanta monstros, pesadelos, bactérias, mosquitos, perigos. Mãe tem intuição e é messiânica: mãe salva. Mãe guarda tesouros, conta histórias e tece lembranças. Mãe é arquivo!
    Mãe exagera, exaure, extrapola. Mãe transborda, inunda, transcende. Ama, desmama, desarma, denota, manda, desmanda, desanda, demanda. Rumina o passado, remói dores, dá o troco, adora uma cobrança e um perdão lacrimoso.
    Mãe abriga, afaga, alisa, lambe, conhece as batidas do nosso coração, o toque dos nossos dedos, as cores do nosso olhar e ouve música quando a gente ri. Mãe tem coração de mãe!
    Mãe é pedra no caminho, é rumo; é pedra no sapato, é rocha; é drama mexicano, tragédia grega e comédia italiana; é o maior dos clássicos; é colo, cadeira de balanço e divã de terapeuta... Mãe é madona-mia! É deus-me-acuda; é graças-a-deus; é mãezinha-do-céu, é a-mãe-é-minha-e-eu-mato-quando-quiser; é a que padece no paraíso enquanto nos inferniza...
    Mãe é absurda e inexoravelmente para sempre e é uma só: não há mistério maior! Só cabe uma mãe na vida de um filho e olhe lá! Às vezes, nem cabe inteira. Mãe é imensurável!
   Mãe é saudade instalada desde o instante em que descobrimos a morte. Mãe é eterna, não morre jamais. Bicho estranho, entranha, milagre, façanha, matriz, alma, carne viva, laço de sangue, flor da pele.  Mãe é mãe, e faz cada coisa..."
    Parabéns a todas as mães pelo seu dia!!!