A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Visitando a Turquia Parte 2: Capadócia: Goreme, monastério, safari, passeio de balão

                                                      Vista do mirante em Goreme
                                                      Monastério
                                                      O passeio de balão

                                                      A paisagem vista do balão


             Fomos de avião de Istambul para a Capadócia, uma região da Anatólia Central. As malas deveriam ir no ônibus da excursão, com o qual visitaríamos vários locais. Acontece que o Arhmed, o primeiro guia, aprontou a maior confusão quando foi buscar as malas no hotel.  Ninguém quis entregar, apenas um grupo que tinha chip dentro da mala (nem sabia que existia) e poderia acompanhar a viagem. Daí, na troca desencontrada de informações e dificuldades da língua, justo a minha mala e da minha amiga, companheira de quarto, ficaram esquecidas no hotel. Nós duas tínhamos preparado tudo direitinho, as roupas combinando, cada dia um conjunto. Ficamos três dias com a mesma roupa, até as malas aparecerem. A minha amiga até queria usar a saia do avesso , pra variar...

            Bem, confusões à parte, levamos o dia todo para chegarmos na Capadócia, embora o voo fosse de apenas uma hora. Desembarcamos em Kacire e fomos recebidos pelos guias Maria, brasileira, e o esposo turco, Savas. Ela maranhense, bonita, agradável e elegante numa calça preta de couro, blusa vermelha e chapéu. Fomos no ônibus para o hotel Alf, em Havana, uma cidade com muitas fábricas de cerâmica.  Esse hotel não era bom, era feito de pedras para se harmonizar com as outras edificações. Os quartos tinham cheiro de mofo e várias pessoas tiveram alergias e dor de cabeça. Aliás, sempre tinha alguém sentindo alguma dor: no nervo ciático, na coluna, no joelho, no pé; dor de barriga, dor de garganta (mas dor de dente, não). Também sempre tinha alguém perdendo alguma coisa: celular, garrafinha d´água, óculos, sacola com todas as compras do Duty Free...Mas o recorde penso que foi meu: perdi meu passaporte português (mas encontrei), perdi a mala (mas apareceu) e perdi o voo de São Paulo para Uberlândia (mas cheguei sã e salva).

            Voltando à excursão, saímos cedo no ônibus e atravessamos paisagens de origem vulcânica. Muitas montanhas e rochas claras, bem bonito. Paramos em um mirante com vista para o Parque Nacional de Goreme, uma vista de tirar o fôlego: centenas de rochas claras, na forma de cones, torres e chaminés de fada, esculpidos pela erosão, parecendo uma paisagem lunar. No meio delas, ao longe, viam-se vários hotéis de pedras e casinhas escavadas nas rochas. Ninguém mora no local, é só turístico e patrimônio da humanidade. Tiramos fotos e mais fotos. E compras, nas lojas estrategicamente situadas nos locais turísticos.

            Do mirante, seguimos no ônibus para visitar o Monastério, o segundo lugar mais visitado da Turquia (o primeiro é a Mesquita de Santa Sofia). O Monastério é um grande museu a céu aberto, com casinhas nas rochas para as freiras, de um lado, e   para os monges, do outro. Igrejinhas dentro das rochas, com pinturas coloridas: Igreja de São Jorge, de Santa Bárbara, da Maçã, escavadas entre o séc. VIII e XIII. O guia ia explicando que os cristãos lá chegaram nos sec. II e III, eram perseguidos e tinham que se esconder para rezarem. Falou dos governadores Augustus, Maximiliano, Emiliano; de Constantino... Séculos e séculos de história, não é possível aprender correndo atrás do guia, se desvencilhando das centenas de turistas e tentando observar os monumentos. Confundi tudo. Mas me maravilhei com a pintura da Santa Ceia, com os apóstolos com sandálias delicadas de tirinhas amarradas. Entramos no ônibus e o guia continuou explicando: já passaram 13 nacionalidades na formação da Turquia; a terra vulcânica é muito bem aproveitada; existe muito comércio de pedras preciosas, como  de turquesa; 36 sultões governaram a Turquia na era Otomana; passou a ser República Tcheca em 1923; Capadócia significa a terra dos belos cavalos, etc. Aliás, vimos muitos cavalos pelo caminho. Ovelhas também. Porco, nem pensar. É proibido comer carne de porco na Turquia. Mas,  boi e vaca, será que não existem por lá? Não vi nenhum.

            Paramos em uma fábrica de joias. Serviram vinho e chá de romã e mostraram joias com a pedra sultanita, que muda de cor conforme o ângulo. Os sultões presenteavam suas amadas preferidas com esta joia. Alguns homens da excursão aproveitaram a história, compraram joia para a esposa e se declararam para elas, ao som dos aplausos da plateia. Também visitamos uma fábrica de tapetes. Maravilhosos, tecidos à mão. Nos sentamos em um grande salão, bebemos chá e vinho e desenrolaram, com grande habilidade, dezenas de tapetes para ver se alguém comprava.

            Depois, paramos em um restaurante imenso com comida gostosa: abobrinha e pimentão recheado, carneiro, coalhada seca, doces divinos...O melhor é que foi grátis. Aliás, as bebidas eram pagas: uma cerveja, 160 LS (liras turcas; 40 reais) e uma coca, 50 LS (12 reais). Ganhamos o almoço como cortesia da empresa de turismo, se desculpando por causa das confusões do guia Arhmed.  

             Do almoço, saímos direto para jeeps quatro por quatro, para participar de um safari. Quatro pessoas em cada veículo, podendo ser com emoção ou sem emoção. O motorista, um turco bonito que com certeza já tinha feito plástica no nariz, não explicava nada, pois só falava turco.  E o safari não era para ver bicho não, só se fosse gato, pois havia gatos em profusão em todo local turístico, comendo salame que as pessoas levavam. Era para ver "three points: first, second, third", andando em  estrada lamacenta, esburacada e escorregadia, debaixo de chuva forte e frio intenso (pra andar em estrada lamacenta, ando na Bahia mesmo,  quando vou na casa da filha). No " first point", não deu nem pra descer do jipe. No "second point", paramos em um mirante e tiramos fotos de uma paisagem bonita, com rochas vulcânicas brancas. No "third point", paramos em um local alto pra tomar café, todos tiritando de frio. Não gostei deste safari... Talvez seja porque pedimos sem emoção.

            Á noite, fomos para uma casa de festas, com bebidas á vontade e alguns aperitivos. Teve várias apresentações de danças.  Uma bailarina, que dançava muito bem e com um gingado especial, era bem desinibida e sabia se entrosar com a plateia. Chamava pessoas que estavam assistindo, para dançarem a dança do ventre com ela . Demos boas risadas ao ver como os homens eram desengonçados para imitá-la. Foi a atração do show.  

            No dia seguinte, acordamos às 4:00 h para  o famoso passeio de balão (por 275 dólares). Muitos carros levando turistas, mas tudo bem organizado. Primeiro esperamos ao lado do nosso balão até ele ficar cheio. Usam o gás propano. Uma moça, a baleeira, e um ajudante, ligavam e desligavam o fogaréu . Dentro do balão o ar precisa estar mais quente do que o ar externo, para ficar mais leve que o ar e subir. Tudo pronto, entramos 20 no cesto e lá ficamos, apertadinhos. Subir na cesta é difícil, quase como ficar no alto de um muro  pensando se pula ou não.  É muito lindo olhar as terras vulcânicas esbranquiçadas, lá do céu, parecendo paisagem lunar. O sol nascendo, cerca de 130 a 150 balões colorindo o céu, cidades pequeninas passando devagar, gratidão por estar ali naquele momento. Depois de uma hora , a baleeira foi diminuindo o fogo e não sei como, a  cesta com todos nós pousou exatamente em cima de um tablado  puxado por uma camionete que estava seguindo o balão. Aterrissamos em um local com barro e tivemos que andar bastante até chegar no carro.   Valeu o passeio, as emoções , a beleza e a paz lá no céu.

            No próximo e último capítulo, tem muito mais:  visita à casa de Maria, às ruínas de Éfeso e à uma ilha grega. 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Visitando a Turquia Parte 1: Istambul

                                            O grupo na chegada em Istambul
                                                     Passeio no Estreito de Bósforo
                                                      A Mesquita Azul
                                                      Café no bairro Taksin
                                                      Ouro no Gran Bazar


             No último mês de maio estive na Turquia, com um grupo de vários casais e mulheres . Foram 12 dias de aventuras, andanças, emoções, cansaços, comilanças, conversas agradáveis e novos conhecimentos. E muitas historias para contar.

            De São Paulo a Istambul são 12 h de voo, mais o tempo de espera nos aeroportos, os atrasos, a diferença de fuso horário ( lá são 6h a mais que no Brasil). Saímos em um dia e chegamos na noite do outro, exaustos. E ainda demoramos a encontrar, no aeroporto que é o maior da Europa, o turco que falava português e que seria o nosso guia, o Arhmed. Começamos a visita, na manhã seguinte,  com um tour de ônibus pela cidade e com outro guia, o Mehmet. Um turco de olhos azuis, que falava depressa, "puxando o xis", pois aprendeu a falar português em uma favela no Rio. Disse que 10% dos turcos têm olhos azuis por causa dos cruzamentos com os russos.  Contou que Istambul tem 16 milhões de habitantes, é banhada por três mares- Egeu, Mediterrâneo e Negro- e pertence a dois continentes, 97% na parte asiática e 3% na parte europeia. As partes são ligadas por enormes pontes, a primeira inaugurada em 1973. Passamos da parte histórica da cidade para a parte moderna e entramos em um barco para um passeio no Estreito de Bósforo. Esse estreito tem cerca de 33 km de extensão, liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e tem grande valor estratégico. O nome significa "passagem do boi" , em referência a uma jovem da mitologia grega que era amada por Zeus e foi por ele transformada em boi (céus, que amor era esse? ).

            Enquanto íamos navegando, todos com cabeças enroladas em xales ( não por fé em Maomé, mas de frio mesmo), vimos mesquitas ( templos islâmicos) pra todo lado, com suas tradicionais torres altas- os minaretes- e as cúpulas. Existem cerca de 3.000 em Istambul. Bandeiras da Turquia de todo tamanho, vermelhas, com uma lua crescente e uma estrela. O guia explicou que depois da queda da cidade de Constantinopla, em 1453, o nome foi mudado para Istambul. E que o turco conquistador chamava-se Mehmet, o mesmo nome dele! Ia mostrando as construções da época do período romano, bizantino, otomano ( mas fui confundindo tudo). Explicou que o fundador do Império Turco -Otomano foi o sultão Othman, daí o nome.  Vimos um palácio transformado em hotel, com diárias de 10.000 a 30.000 euros; outro hotel lindo, o Mandarim, um dos mais famosos do mundo; várias construções dos séculos XVI e XVII; um palácio de 1850 transformado em museu; a réplica de um navio de guerra com helicópteros e turistas visitando. Dos dois lados do estreito, havia restaurantes e barcos com cúpula dourada.

            Depois do barco, fomos visitar a Mesquita de Santa Sophia, a mais antiga da Turquia, a que serve de modelo para as outras e o lugar mais visitado do país. Foi construida entre 532 e 537, no império Bizantino, para ser a Catedral de Constantinopla, depois transformada em mesquita. Todos que entram tiram os sapatos (senti odor de chulé dentro da mesquita) e as mulheres cobrem a cabeça. Na sala de oração, os homens ficam de quatro e beijam o chão. Para adorarem o Deus Alá, os muçulmanos precisam orar ao menos cinco vezes por dia. Podem orar sozinhos, mas a oração comunitária na mesquita é considerada mais eficaz. As mulheres podem orar em qualquer lugar, mas não nas mesquitas, para não distrair os homens. Antes da oração, lavam as mãos e os pés, precisam estar limpos. E se entre uma oração e outra, tiverem tido relações sexuais, precisam tomar banho (foi o guia quem contou). As mesquitas- e as orações- são orientadas em direção a Meca, cidade na Arábia Saudita onde teria sido edificada a primeira mesquita e teria vivido o profeta Maomé. Os cantos das rezas, parecendo lamento, ecoam à mesma hora pela cidade toda, pelos alto falantes (começam às 5h da madrugada).

            Na sequência, fomos visitar a Mesquita Azul, situada na frente da Santa Sofia. Linda, grandiosa, com seis minaretes e um pátio imenso lotado de turistas tirando fotos. Filas e filas de pessoas de todas as nacionalidades, impressionante o número de turistas que tem por lá (muitos japoneses e espanhóis). No interior da mesquita, um maravilhoso piso de mármore, 20.000 azulejos azuis esculpidos à mão, janelas  com mosaicos coloridos, medalhões com nome de profetas, lustres enormes de cristal e muitas riquezas mais. Mas a visita foi muito rápida, muita gente e não foi possível admirar melhor tanta beleza.

            Depois, caminhamos até o Palácio de Topkapi, com o guia Mehmet apressadinho na frente, com uma bandeira vermelha levantada. O palácio  foi construído no período otomano por Maomé II, o Conquistador, e os sultões otomanos moraram neste palácio durante quatro séculos. Hoje é um museu, com extensos jardins e várias salas de exposições. Passamos em fila por várias salas com coleções de armas antigas, armaduras, relógios, relíquias sagradas, vestimentas, jóias, ouro e mais ouro. Tem até berço e sofá em puro ouro, cravejados de pedras preciosas.  O segundo maior diamante do mundo está lá exposto, deslumbrante. Do lado externo, uma varanda com vista para o estreito de Bósforo e para o Mar Mármara. Um luxo só. Os sultões viviam mesmo muito bem.

            Continuando a maratona das visitas, fomos para o famoso Gran Bazar. Á pé, quase correndo , durante 20 min,  atrás do Mehmet. Teve gente que se perdeu no caminho e passou apuros. O Gran Bazar é o maior mercado coberto do mundo, com quase 4.000 lojas pequenas e 60 ruas e becos, um labirinto complexo onde é muito fácil se perder. Por isso marcamos um portão de entrada e ficamos explorando por perto. Impressionante o número de lojas vendendo joias grandes e pesadas de ouro puro, uma rua inteira de lojas de ouro, dos dois lados. Perguntei o preço de uma medalha: 2.000 dólares. Ou 40.000 liras turcas. Ou 10.000 reais, só que ninguém aceita real... Minha amiga brincou que levou R$100,00  e voltou com R$100,00, não gastou nada...É possível comprar de tudo no Gran Bazar, desde perfume Coco Chanel falsificado a enormes tapetes bordados à mão. Mas é preciso pechinchar e , às vezes, tomar chá de romã.

            Depois de uma merecida noite de descanso, o dia seguinte, um domingo, foi  livre e os grupos se dividiram. Minha amiga e eu resolvemos pegar um Uber e visitar Taksin , um bairro na parte asiática da cidade e com uma rua de pedestres sempre superlotada. O motorista do Uber era muito gentil e colocou música espanhola para nós (ele nem sabia que existia português). Usou o google, traduziu para nós uma mensagem do turco para o espanhol e mostrou no celular: "las chicas curdas son muy alegres e parecen tener 18 años". Não sabíamos se "curdas" era elogio ou não, mas gostamos da mensagem. Pagamos 390 liras turcas (100 reais) para andar quase meia hora de Uber. No bairro, visitamos lojas, restaurantes, mesquita, parques. Andamos em um bondinho vermelho , pequeno e charmoso, que descia até o final da rua e subia novamente. Foi árduo entender como comprar os bilhetes, tudo é aprendizado. Como não sabíamos os pontos de embarque, entramos em um ponto e o motorista mandou descer no outro, junto com todos. Mas insistimos e conseguimos usar o bilhete novamente, subindo toda a rua. Minha amiga detestou, eu adorei!

             Bem, chegamos no hotel á noite e depois ainda fomos conhecer um shopping nas proximidades. Mas antes, deixamos as malas no hall do hotel para serem colocadas no ônibus , conforme instruções recebidas.

             A partir daí, aconteceu um drama , que contarei no próximo capítulo.