A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Classificando objetos

O vestido de noiva de 45 anos

O ponto rococó do vestido de noiva que eu mesma fiz

O bonecão e a Tânia

As camisas de estimação do Zé, meu marido

       A necessidade de classificar objetos, animais e plantas,  sempre fez parte da natureza humana. Assim, além da classificação científica dos seres vivos, existem inúmeras outras que variam de acordo com cada classificador, dependendo do contexto em que são criadas. Quando era professora de zoologia, gostava particularmente de uma que aparece em certa enciclopédia chinesa. Os animais foram classificados em: 1) pertencentes ao imperador 2) embalsamados 3) domesticados 4) leitões 5) sereias 6) fabulosos 7) cães em liberdade 8) incluídos na presente classificação 9) que se agitam como loucos 10) inumeráveis 11) desenhados com pincel muito fino de pelo de camelo 12) etc 13) que acabam de quebrar a bilha 14) que de longe parecem mosca. Acho-a genial;  penso que foi o imperador quem a fez e agrupou no primeiro item a maioria dos animais. Os que não sabia, colocava no "etc" ou no "inumerável".
          Agora, estou passando por um momento histórico e necessito classificar milhares de objetos, por motivo de mudança de casa para apartamento. Deveria ser uma coisa simples, mas é mais difícil do que escalar o monte Everest. Como o imperador, estou classificando os objetos em: 1)Levar para o apartamento 2)Reformar e levar 3) Doar para o "cata treco" da prefeitura 4) Doar para reciclagem 4) Doar para as escolas 5) Doar para algum museu ou brechó 6) Doar escondido do Zé, meu marido 7) O  que faço com isso 8) Fotografar e colocar em site para vender 9) Abandonar na casa 10) Deixar na calçada pra alguém catar 11) Levar pra fazenda 12) Usar a criatividade e transformar em presente 13) Colocar no carro e sair perguntando quem quer.
       Dando alguns exemplos : dia destes, conforme item "colocar no carro", enchi o mesmo de eletrônicos e sai perguntando nas lojas de conserto se queriam  aproveitar as peças. Ninguém queria, mas apareceu um senhor que estava montando uma escolinha e levou tudo. Em "doar para as escolas", levei duas caixas de papelão imensas, com livros de ensino médio para uma escola estadual. No item "reformar e transportar", está um catre de 200 anos, que foi da minha bisavó, vou fazer pátina nele. Em "transformar em presente", descobri as cartas do meu filho, escritas há 22 anos, quando ele estava em Londres. Interessantíssimas e detalhadas. Organizei em um fichário e dei de presente pra ele, nunca receberá outro igual. No item "doar pra algum museu", está o meu bonecão de louça que ganhei  do meu pai, quando o de papelão derreteu. Em "o que faço com isso", está a caixinha com os dentinhos de leite dos seis filhos e o meu vestido de noiva, feito de crochê rococó, pontinho por pontinho. E a Tânia, uma boneca única, que teve seus grandes olhos azuis arrancados pelo filho em briga com a irmã (foram recolocados). Em "doar escondido do Zé", estão as camisas do time querido dele, o XV de Novembro, extinto há séculos.
     Existem ainda milhares de objetos para dar um destino a eles. Não sei porque guardamos e temos tanta tranqueira. Lembro-me que, quando minha filha fez o Caminho de Santiago, passou 40 dias caminhando e carregando uma pequena mochila com poucos pertences. Uma das lições que aprendeu na peregrinação foi que precisamos de muito pouco para viver. Além de tudo, o marido e o filho estão fazendo um complô para não nos mudarmos.Qualquer coisa, altero minha lista para "Classificação de objetos e pessoas", tiro fotos deles e coloco no site de vendas.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Um abraço de Natal

Jane Goodall 

Sabrina na escolinha
        Recentemente, dois abraços me emocionaram. Um deles foi de um chimpanzé  abraçando a pesquisadora que salvou sua vida. O outro foi de uma menininha e minha filha, na Bahia.
        O primeiro, assisti em um vídeo na internet. Wounda, uma fêmea de chimpanzé, esteve muito doente, por várias vezes, e foi tratada em um centro de pesquisa na Tanzânia, África. Esse foi fundado por Jane Goodall, uma primatologista inglesa de 80 anos que dedica sua vida a estudar o comportamento dos chimpanzés e a cuidar deles. Wounda conseguiu se recuperar e uma equipe foi soltá-la em uma ilha. Quando abriram a jaula na qual foi transportada, Wounda saiu, olhou em volta a floresta exuberante, deu uma corridinha, voltou, subiu na jaula e abraçou a Jane. Um abraço demorado, apertado, com os olhinhos fechados. Passava as mãos peludas nas costas da pesquisadora, franzina e idosa, e essa acariciava os longos pelos do dorso de Wounda. Ficaram assim as duas, parecendo que a chimpanzé estava agradecendo e se despedindo. Depois, saiu em passos rápidos e bamboleantes e se embrenhou na selva, rumo à liberdade. Deu vontade de chorar.
        O outro abraço, foi de uma menininha bonita, cor de jambo, de quatro anos, quando ela chegou na escolinha na casa da minha filha, em Algodões, depois que a  mãe foi presa. O abraço dela foi de chegada, de entrega, de encontro, de esperança. O da minha filha foi de dor, de consolo, de carinho, de vontade de fazer tudo, ao sentir os ossinhos frágeis e ao ver as suas perninhas finas cortadas por capim navalha. A mãe dela (que na verdade ganhou a menina da mãe biológica) é usuária de drogas e assaltou uma casa juntamente com dois filhos. Quando fugia da polícia pelo mato, arrastou a criança com ela, que ficou toda machucada. Ela, a menininha, conta que não quer ficar sem a mãe e que essa vai voltar. Vontade de chorar também, mas não de alegria.
       Enfim, os abraços estão presentes  em nossas vidas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. São gestos simples, carregados de sentimentos. Podem ser de apoio, de despedida, de chegada, de consolo, de saudade, de compreensão, de afeto, de aconchego, de partilha. E como alguém já disse, um bom abraço não pode ser rápido, tem que atravessar o corpo, ser uma confissão, ser o encontro de dois corações, precisa cruzar os braços e demorar no rosto.
      E como diz a canção de Jota Quest: "o melhor lugar no mundo é dentro de um abraço, pro mais velho ou pro mais novo, pra alguém apaixonado, alguém medroso; tudo que a gente sofre, num abraço se dissolve, tudo que se espera ou sonha, num abraço a gente encontra". Ou como cantado por Milton Nascimento: "mande notícias do mundo de lá, diz quem fica, me dê um abraço, venha me apertar, tô chegando" ; ou  por Roberto Carlos: " você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços, o que eu nunca esqueci".
      Assim, desejo que neste Natal você dê e receba muitos abraços. Não tem presente melhor. Abraços apertados, sinceros e inesquecíveis. Abrace a família, os amigos, os companheiros de trabalho, os velhinhos, as crianças, os abandonados, os carentes, os orgulhosos, os chorões, os ranzinzas, os otimistas, quem você puder. Mas, acima de tudo, desejo que você se sinta abraçado pelo Menino Jesus. Um abraço enorme, maior que o mundo, cheio de amor, de paz e de luz, capaz de unir o coração humano ao coração divino. Feliz Natal, com muitos abraços!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dança comigo


Richard Gere e Jennifer Lopez dançando
           Dizem que inveja é pecado. Assim, sou pecadora, pois tenho inveja de alguns casais que dançam na pista do Praia Clube, no sábado à noite. Meu sonho é dançar como eles, junto com o Zé, meu marido.
                Ficamos observando os casais, até criarmos coragem de ir dançar também. A idade média da turma deve ser em torno de sessenta e cinco anos. Os homens de cabeça branca, as mulheres de cabelos tingidos. Cada casal dança como pode, cada um do seu jeito, mas todos bem animados. Também tem mulher dançando com mulher  ou dançando sozinha, como uma de vestido verde longo e cabelos brancos, que rodopiou pelo salão a noite toda.  Alguns apenas no ritmo dois pra lá, dois prá cá. Outros dançando torto, fora do prumo. Mas têm os casais que dançam de dar inveja. Por exemplo, o senhor magrinho, baixo, careca no topo da cabeça branca, dançando separado com uma mulher mais alta que ele, volumosa, de quadris bem largos que bamboleiam ao som da música  "te carreguei no colo, menina, cantei pra te dormir...". Mãozinhas pra lá e pra cá, ele rápido e lépido pelo salão, com a flexibilidade e a leveza do  grande bailarino russo Rudolf Nureyev. Ela o acompanha com uma ginga perfeita, harmoniosa, com passos curtos e giratórios. Não resisti a tanta maestria e quando pude, perguntei onde fizeram aulas de dança (pra eu fazer com o Zé, quem sabe; a esperança é a última que morre). Não fizeram, ela foi ensinando-o ao longo da vida, é dom mesmo.
                Outro casal que se destaca é o formado por um homem bem miudinho, de uns 60 anos. Ela é mais jovem, magrinha, loira, de cabelos presos em um rabo bem lisinho. Dançam em círculos em volta do salão, com passos largos e leves, flutuando, sem trombar em ninguém. Não olham e nem falam um com o outro, concentram-se na música e na dança (devem percorrer uns 30 km por noite em volta da pista). Ah, e tem um casal mais jovem, encantador. Ela é bailarina e professora, com corpo escultural. Dança o tempo todo olhando para o seu par, com um olhar provocante. Ele dança maravilhosamente bem , como ela. No intervalo, ao som de música eletrônica, somente os dois na pista, dançaram um tango digno das noites de Buenos Aires. Com charme, beleza e sexualidade, um show à parte.
                Na sequência, o conjunto tocou "encosta tua cabecinha no meu ombro e chora". Os casais apaixonados, de terceira idade, dançaram olhando nos olhos um do outro e sussurrando a música ao ouvido do companheiro: "quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora..". Se quem canta, seus males espanta, melhor ainda é cantar e dançar.
                Sonho que, algum dia, eu e o Zé também dançaremos de fazer inveja . Ele não precisará ter a perfeição técnica, a elasticidade e os pulos do Mikhail Baryshnikov, o mais perfeito bailarino que já existiu. Eu também não pretendo dançar como a russa Anna  Pavlova, na peça "O lago dos cisnes". Mas quem sabe o Zé será  como o Richard Gere, no filme "Dança comigo". Um belo dia comprará um  terno preto, uma gravata borboleta, uma camisa branca e um par de sapatos pretos luzidios, de bico fino. Aparecerá  com uma flor vermelha na mão, me convidando para dançar. E sairemos rodopiando pelo salão, eu com um vestido vaporoso como o da Susan Sarandon, me sentindo uma Jennifer Lopez.
                Sonhar é bom. O difícil mesmo será convencer o Zé a  trocar a botina pelo sapato preto luzidio, de bico fino. O resto é fácil. Qualquer coisa, danço com ele de botina mesmo.

domingo, 12 de outubro de 2014

O sorriso do Aécio


              O que mais me encanta no Aécio é o seu sorriso. Fico intrigada com sua capacidade de estar sempre sorrindo, de cara alegre, de bem com a vida. De estampar no rosto um constante sorriso franco, aberto e natural, mesmo com tantas pressões  nesta  maratona da campanha presidencial.  Penso  que, como político experiente que ele é, sabe da importância de sorrir, de passar para as pessoas alegria, segurança e esperança. Por outro lado, como neto do Tancredo, deve ter herdado suas manhas, sutilezas e espertezas. Deve saber que a imagem da face é uma informação importante para que nosso cérebro faça escolhas, quando não podemos ter contato direto com o candidato a ser escolhido.
         Avaliar membros da mesma espécie sempre foi uma tarefa importante para os mamíferos sociais, como o homem e o macaco. No entanto, o cérebro desses foi sendo especializado durante anos para avaliar indivíduos  da mesma espécie com os quais interagem diretamente. Por isso, os políticos andam pelas ruas  cumprimentando o maior número de pessoas, tentando um contato mais direto. Na falta desse, a imagem da face é importante para a escolha.
         No aspecto do sorriso (e do olhar brilhante), o Aécio está a anos luz na frente da Dilma. Ela está geralmente carrancuda, de cara fechada, de mal com a vida. Um semblante tenso. Quando sorri, parece forçado, sem naturalidade, não passa confiança ao eleitor. Além disso, sua fala é truncada, sem clareza e sem concordância, parece que as frases não se completam. Tenho dificuldades em acompanhar seu raciocínio.
       Enfim, sorrir é bom. Está até escrito em canções, como "a vida pode até fazer você chorar, mas Deus lhe quer sorrindo...". O Aécio sabe disso. Que ele tenha ainda muitos bons motivos para continuar com seu largo sorriso.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

1808

D. João VI

D. João VI  e Carlota Joaquina
             O livro intitulado “1808”, de Laurentino Gomes, conta como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil.O livro é o resultado de doze anos de investigação jornalística, apresenta uma extensa lista das fontes consultadas e narra fatos  de uma maneira divertida e interessante.
              Por exemplo, a mudança de Dom João VI e sua corte para o Brasil foi simplesmente uma fuga apressada e ataboalhada: ou ele fugia ou muito provavelmente seria preso e deposto por Napoleão. A pressa foi tanta que na confusão da partida, centenas de caixas repletas de prata das igrejas e milhares de volumes da preciosa Biblioteca Real ficaram esquecidos no cais de Belém, em Lisboa.
Assim, no dia 29 de novembro de 1807, os portugueses acordaram com toda a corte fugindo para o Brasil, sob proteção da Marinha Britânica. Reis e rainhas europeus já haviam sido destronados e decapitados, mas nenhum tinha cruzado o oceano para morar e governar em uma colônia. Os portugueses ficaram órfãos de sua monarquia e os brasileiros, acostumados a serem apenas uma colônia extrativista de Portugal,  encantados com a chegada da corte. 
            No dia sete de março de 1808, a esquadra de  D.João VI aportou na baia de Guanabara, depois de três meses em alto mar. As condições da viagem foram péssimas, pois os navios eram autênticas saunas flutuantes. O excesso de passageiros e a falta de higiene favoreciam a proliferação de pragas. No navio onde viajava a princesa Carlota Joaquina aconteceu uma infestação de piolhos. Todas as mulheres rasparam a cabeça e lançaram as perucas ao mar. Quando desembarcaram  no Rio, usaram turbantes. Ao verem as princesas assim cobertas, as mulheres do Rio pensaram que era a  moda da Europa. Em pouco tempo, passaram a cortar o cabelo e a usar turbante  para imitar a nobreza.
            D. João desembarcou do navio Príncipe Real com sua vasta casaca sebosa de galões velhos, puída nos cotovelos. Era baixo e gordo, tinha de aristocrata apenas as mãos e os pés muito pequenos. O rosto era redondo e sem majestade, com o lábio inferior grosso e pendente. O povo do Rio ficou decepcionado com a aparência da corte, mas lhe prestou todas as homenagens que estavam a seu alcance. O cortejo com a nobreza portuguesa, cansada e desfigurada pela longa viagem, caminhou vagarosamente para a catedral da cidade.
           Embora feio, inseguro, tímido, separado da mulher, com medo de caranguejos e trovoadas, D. João foi um rei popular, que passou para a história como um monarca bonachão, sossegado e paternal, sendo considerado o fundador da nacionalidade brasileira. A colônia ganhou muito com sua vinda, a começar pela  independência. Mas os custos da família real no Brasil foram enormes. Era preciso alimentar e pagar as despesas de uma numerosa corte ociosa, corrupta e perdulária. Começou com o sequestro das casas para alojar a nobreza, que eram marcadas com PR, de ”Príncipe Regente”, mas que o povo interpretava “Ponha-se na Rua’. No dia 24 de abril de 1821, quando regressou a Portugal, depois de treze anos, D. João ainda raspou os cofres do Banco do Brasil. Assim, a corte, que viveu na corrupção, ainda fez um assalto ao erário brasileiro ao partir, deixando o país à míngua. Duzentos anos depois, heranças mal resolvidas neste período, como apropriação indevida de bens, roubo e corrupção, continuam até hoje, assombrando o futuro dos brasileiros.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Vacas da raça Girolando

A vaca Indiana Canvas 2R no dia em que venceu o torneio leiteiro
      Fiquei encantada com a vaca Indiana Canvas 2R, de Uberlândia, que foi destaque na mídia como recordista mundial na produção de leite. É uma vaca de elite, simpática, da raça Girolando, branca com grandes manchas pretas, com tetas enormes e ubre gigantesco. Foi campeã de torneio leiteiro, produzindo 115,20 kg de leite num único dia, um exagero (leite suficiente para alimentar um bezerro por uns 30 dias, eu penso). Ela é tratada como rainha: toma três banhos por dia, tem veterinário, nutricionista e três pessoas que cuidam dela o dia todo, a um custo de oito mil por mês. Mas o retorno financeiro é certo, com a venda de crias e embriões.
       Pensando na Indiana, famosa e rentável, lembrei-me de outra vaca, também branca e preta e da mesma raça. Desconhecida e simples, mas uma mãe extremada. E brava, muito brava. Tive contato com ela recentemente, num encontro breve e inesquecível.
      Esse encontro aconteceu na fazenda de um amigo, nas proximidades da cidade. Fomos, em turma, fazer um churrasco em família. Enquanto pais, mães, tias e amigos comiam e bebiam, tive a genial ideia de levar a criançada ao curral para passar a mão nos bezerrinhos. Éramos eu e mais sete crianças, com idade de dois a 11 anos. Passamos pela porteira que dava para o pasto, andamos um pouco e nos aproximamos do curral. Nisso, eu vi uma vaca, que estava solta no pasto, trotando rápido na nossa direção e bufando furiosa. Escavava o chão com os cascos, sacudia as tetas na corrida e estava pronta para nos chifrar. Apenas gritei: -"gente, a vaca!" A meninada debandou rápido em direção à uma cerca de arame liso que existia nas proximidades. As duas netinhas de três anos endureceram e tive de arrastá-las. Quando chegamos até à cerca, as duas entalaram no arame (ainda bem que era liso, não era farpado). Algumas crianças conseguiram se empoleirar no alto e o netinho de dois anos, pequenino e esperto, passou por baixo da cerca. A turma toda gritava a plenos pulmões:- "socorro, alguém me ajude", mas ninguém escutava. E a vaca vindo, cada vez mais perto.
      Tudo isso aconteceu em segundos. Num ato heroico, com as pernas trêmulas, dei as costas para a vaca, para proteger as crianças (fazer o que). Fiquei de olhos fechados, esperando a chifrada ou cabeçada, pois, na verdade, na confusão e desespero, nem sei se a vaca tinha chifre. Mais alguns segundos e nada. Criei coragem e olhei para trás. Milagre! Fomos salvos pelo amor de mãe (um amor que salva vidas). A vaca, na sua corrida desenfreada, passou perto do curral, que estava entre o pasto e a turma encurralada. A mãe amorosa viu seu bezerrinho, parou a corrida e se aproximou para protegê-lo de nós, os intrusos. Alívio geral.
      Como esse, existem muitos casos interessantes envolvendo sentimentos de proteção demonstrado por animais. Como o caso recente de Karina Chikitova, uma menina de três anos, que ficou perdida durante 11 dias em uma floresta da Sibéria. Ela saiu de casa com seu cachorro e se perdeu em um local habitado por ursos. Sobreviveu comendo frutas e bebendo água do rio. Depois de nove dias, o cachorro voltou para casa e guiou equipes de resgate até o local onde a criança estava. Inacreditável esse comportamento animal...

     Enfim, aprendi uma lição: nunca, mas nunca mesmo, se deve passar a mão em bezerrinhos recém nascidos, por mais cativantes e fofinhos que eles sejam, se a mãe, a vaca, estiver por perto. Mesmo se o bezerrinho for de vacas famosas e de elite como a Indiana.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Conpozissão imfãtil

O uruguaio Suárez mordendo o jogador italiano
Torcida no campo e a bandeira do Brasil
           Li várias matérias sobre a Copa do Mundo e a que mais gostei foi a escrita por Roberto Pompeu de Toledo, publicada na Veja, em 09/07/2014. Com o sugestivo título acima, o autor escreveu conforme a visão de uma criança. Não resisti à tentação de fazer uma adaptação do texto, como se segue.
            "O mundo é dividido em nações, que é o nome que tem os países como o Brasil, o Japão. Quase nunca a gente percebe que o mundo é dividido em nações porque aqui no Brasil só tem brasileiro  e a gente fica pensando que o mundo é como o Brasil, mas em copas do mundo a gente percebe. Cada nação insiste em falar em uma língua diferente. Não sei porque todo mundo não fala português, que é tão fácil que até criança pequena fala, sem precisar estudar. Na Suíça e na Bélgica eles falam muitas línguas, além do suíço e do bélgico. Na hora do hino cada jogador canta numa língua e ninguém entende. Também no jogo , cada um fala com o outro numa língua e isso é uma maneira de confundir o outro time, que não sabe o que eles estão combinando.
            Cada nação tem uma camisa diferente. A melhor é a de um país chamado Croácia, onde vivem os croatas, que são pessoas que gostam muito de jogar xadrez, por isso a camisa deles é como um tabuleiro de xadrez, com quadradinhos branco e vermelho. A camisa da França é azul e os jogadores são chamados de "azuis", mas na verdade só a camisa é azul, eles são brancos ou pretos, como todo mundo.
            As nações possuem bandeiras e hinos. Acho a bandeira do Brasil a mais bonita de todas, fora algumas, e muito bem feita para o futebol: tem o verde dos gramados, o amarelo da taça que o campeão vai ganhar e a bola. No meio tem uma faixa que quando o Brasil é campeão fica escrito "campeão" , e quando não é fica escrito uma bobagem qualquer. Outras bandeiras são interessantes, principalmente para nós, meninas, como as que têm estrelinhas e outros desenhos. A mais engraçada é a da Argentina, que tem um solzinho com olho, nariz e boca. É uma bandeira amiga das crianças. Meu pai não gosta que eu torça para a Argentina, mas eu torço, por causa do solzinho, e não falo para ele.
            Antes do jogo tem os hinos e a televisão vai traduzindo. Aí eu tenho medo. O da França diz para os filhos formarem uns batalhões e atacarem os inimigos. Deve ser terrível viver na França. Lá tem inimigos que querem estrangular as crianças e os franceses cantam essas coisas como se não fosse nada demais. Os ingleses também têm inimigos terríveis, cheios de truques maldosos, diz o hino deles, e eles juram que vão esmagar os inimigos. Nos Estados Unidos o hino explica que tem bombas e foguetes voando. Como os jogadores podem ser bonzinhos, depois de cantar essas coisa? Tem um que mordeu um outro. Acho que foi pouco, coisas muito piores podiam acontecer.
            Podia acontecer de morrerem, por exemplo. O hino da Itália pede para que todos estejam prontos para morrer, porque a Itália chamou. Como é que se pode chamar os outros para morrer? O do Uruguai pede para escolher a pátria ou o túmulo. O nosso, do Brasil,  que eu prefiro, não dá para entender as palavras e por isso não ameaça ninguém. Mesmo assim tem um pedaço que diz que a gente não teme a própria morte. A Fifa não devia deixar eles cantarem essas coisas. É um risco no fim do jogo o campo ficar cheio de mortos. Mas nossos jogadores cantaram sempre, todos, e choraram muito. Quem chorou mais, eu acho, foi o Thiago Silva. Aqui em casa até o meu pai chorou. Eu não. Tenho mais o que fazer."

terça-feira, 15 de abril de 2014

Um drama canino

Sissy dormindo no meu sapato

Duda 

Sissy e Duda
          Eu pretendia escrever a crônica  "A menina que roubava livros", fazendo uma análise do livro, do filme e do nazismo. Mas é um texto que exige concentração e não consigo porque a Duda não deixa.
         A Duda é a minha cachorrinha yorkshire de três meses. Quando estou no computador, ela fica mordiscando os meus pés, arrancando o fio da tomada e  roendo minhas sandálias havaianas. Ou então, dando saltos na outra cachorrinha york, a Sissy, também de três meses, mas de outra ninhada. Ela é minúscula, um projeto de cachorro, insignificante, sem presença nenhuma. A Duda finca os dentes com força no pescoço dela e a arrasta pelas perninhas, tenho que socorrer. Quando a situação está muito tensa, prendo a Duda em algum local e ela late baixinho e unha a porta, é dramático.
      Comprei as duas porque estava muito triste com o desaparecimento da Mel, minha companheira de oito anos e realmente um doce. Não sabia qual escolher e resolvi ficar com as duas para decidir depois. O problema é que a Duda ficou gigante e destrambelhada, mesmo tendo pedigree e ter custado caro. Mas ela rói os tênis do Zé, meu marido, e outros pertences dele; rola nas plantas do meu jardim e escapa como flecha pro meio da rua. O Zé só a chama de doidona, coitadinha. E a Sissy ficou tão pequena que nem existe. Todos pensam que são mãe e filha, mas mãe nenhuma faria o que a Duda faz com a Sissy. E para agitar mais, a netinha de três anos, Maíra, que adora as cachorrinhas ao seu jeito, inferniza a vida delas. Espreme a Sissy, sacode, joga a Duda pra cima, mistura milho, pedrinhas e feijão cru na ração, deita na caminha delas. E se é repreendida, chora copiosamente. 
          Por tudo isso, o Zé anda nervoso e quer que eu dê um sumiço na Duda. Mas não tenho coragem de dar, nem de vender, nem de emprestar. Dai, resolvi negociar. Tive uma ideia genial: poderia dar a Duda para uma amiga que gosta de cachorros. Eu poderia visitá-la sempre e trazê-la para passear aqui em casa. Quando ela fosse reproduzir, eu cuidaria de tudo e ficaria com dois filhotes, para cobrir os investimentos e a trabalheira. Entusiasmada, contei ao Zé a solução encontrada e ele comentou que a Duda seria um presente de grego, que eu não podia fazer isso com uma amiga. Ou seja, arrasou com a Duda e com minha ideia genial.
        Assim, a confusão continua. Pensei então na heterogeneidade das famílias atuais, pois ao lado do clássico modelo de avós, pais e filhos, existem vários tipos.  Tem família com vários filhos de casamentos anteriores, pais homossexuais com filhos, avós com filhos-netos, só mãe e filhos, só pai e filhos, etc. Como os conflitos fazem parte da natureza humana, deve haver muita confusão em todas elas. Se acrescentar dois cachorros e uma menininha espoleta, complica mais ainda. Lembrei-me novamente do caso do bode: existia uma família imensa, com pais, filhos, sogra, tios, sobrinhos, cachorros e gatos, todos juntos em uma pequena casa. O pai, não suportando mais, foi pedir conselho a um padre, que o orientou a colocar um bode dentro de casa. O homem ficou horrorizado, mas assim o fez. O bode destruía tudo, chifrava as pessoas, defecava pra todo canto. A situação estava uma loucura e o homem procurou o padre novamente. Este o mandou retirar o bode de dentro da casa. Pronto, reinou a paz.
        Acontece que no caso em questão, não posso retirar a Duda. Nem a Sissy. Nem a Maíra. E muito menos o Zé. Ando aceitando sugestões...

quarta-feira, 19 de março de 2014

João, o herói

Benício na praia de Arraial da Ajuda-BA

                Esta crônica é a continuidade da saga do João, aquele amigo que perdeu o voo na viagem para o Havaí. Perdeu e de uma forma complicada, pois existem meios simples de se perder um voo. Por exemplo, como aconteceu com uma conhecida, que voltava sozinha de Porto Alegre. Na escala em São Paulo, estava tão cansada que dormiu no saguão de espera. Quando acordou, o avião já tinha partido (imaginem o susto e o desespero).
                Voltando ao João, ele não foi para o Japão, como desejava. Fomos, numa turma grande, para Arraial da Ajuda, na Bahia. Certo dia, por volta das 19h, o João foi protagonista de uma cena inédita. No salão superior do hotel, o João pajeava o Benício, meu netinho de um ano e meio, carinhosamente chamado de "Ligeirinho". O pai estava esbaforido de correr atrás e o João se ofereceu para ajudar. Ficou apoiando o Benício, que subia e descia sem parar a escada de madeira que unia os dois andares. Estava eu concentrada, jogando xadrez com um filho, quando ouvi um baque ensurdecedor atrás da minha cadeira, um grito de adulto e um berro de criança. Olhei assustada e vi o João estirado na horizontal, de barriga para baixo, na beira da escada. Debaixo dele, amassadinho, estava o Benício, só com as perninhas de fora. A turma toda foi acudir. Puxei o Benício e levei um bom tempo para acalmá-lo. Outros levantaram o João, que ficou um pouco tonto e sem ar. Quando recuperou a fala, explicou que o Benício voltou de repente, correndo em direção à escada. Como não ia conseguir segurá-lo, deu um mergulho para frente, tentando ficar de comprido entre ele e a escada, para impedir que caísse. Com isso, o Benício não caiu na escada, mas foi amassado.
                Passado o susto, todos cumprimentaram o João pelo ato heroico. Ele foi jogar sinuca e o Benício ficou mais quietinho (coitado, não entendeu nada). No dia seguinte, a Maria, esposa do João, contou, com os olhos azuis marejados de preocupação, que o João passou a noite sentindo dores, parecia que tinha quebrado a mão. Foi levado para o hospital e estava mesmo com três dedos quebrados. Voltou com a mão enfaixada e uma tala no braço.
                Minha norinha tirou fotos do João com o Benício, para documentar no facebook. Olhando a cena, não pude deixar de pensar no "Dom Casmurro", de Machado de Assis. O livro conta a história de Bentinho, que se remoia em dúvidas sobre a fidelidade de Capitu, sua esposa (aquela que tinha os olhos de ressaca, olhos de cigana oblíqua e dissimulada). Um clássico da literatura que deixou para sempre o mistério da paternidade de Ezequiel, o filho deles. Relacionando com a cena, ficará para sempre a dúvida se o ato do João foi um ato de heroísmo ou de loucura. Eu, mesmo sendo avó extremada, em sã consciência jamais daria um mergulho mortal daqueles.

                Em Uberlândia, como a mão não sarava, o João foi ao médico. Descobriu que estava com osteoporose. Começou então a fazer tratamento, feliz por ter descoberto, agradecendo por ter dado o mergulho mortal (penso que existem formas mais normais de se descobrir osteoporose). O pior é que quando se formou o calo ósseo e os dedos quebrados sararam, o João esqueceu-se, levantou as duas mãos entrelaçadas para cima e "estalou" os dedos, como sempre gostava de fazer. Os dedos quebraram novamente, mas o João continuou feliz. Não pude deixar de pensar em outro clássico da literatura,"Pollyanna", de Eleanor H. Porter. O livro conta a história de uma menina que sempre estava feliz. Ela jogava o "jogo do contente", que é simplesmente uma visão otimista, uma forma de encontrar algo bom em qualquer situação, de ver a vida de maneira mais alegre.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

João e Maria

Meus amigos no Havaí

          Tenho um casal de amigos, João e Maria, de setenta anos, que são animados, divertidos e distraidos. Há tempos atrás, quando souberam que eu ia para o Havaí com minha filha, cismaram de ir também. A Maria nunca tinha viajado para o exterior e o João visitou os States uma única vez. De inglês, sabem apenas "I don⁾t speak english". Mas chegaram em San Francisco sozinhos, alugaram um carrão, conheceram a cidade e comeram em restaurantes sem saber muito bem o que estavam comendo. Atravessaram o vale do Napa, na Califórnia, interpretando um mapinha e estacionaram na porta da casa da minha filha, em Sacramento.
         De lá, saímos de madrugada em dois carros para Oakland, pegar o voo para Honolulu . Como nem o João, nem a Maria e nem eu sabíamos usar o GPS do carrão alugado, combinamos de ir atrás do carro do Chris, meu genro, que viajava com a esposa e os dois filhinhos. O João foi a mil por hora, ziguezagueando na auto estrada de oito pistas e milagrosamente conseguindo manter sua posição durante duas horas, um motorista e tanto (mas, no Brasil, anda sempre cheio de multas).
        Quando chegamos a Oakland, outro desafio: o João teria que devolver o carrão alugado com o tanque cheio. Paramos em um posto, mas nos States não tem frentista. Encher o tanque é complicado e pagar também é. A filha nos socorreu e explicou rapidamente ao João onde ele deveria devolver o carro (pensei: o João vai se perder na imensidão do aeroporto). Continuamos grudados no carro do Chris, mas o GPS ensinou a ele um caminho errado (daí, erramos também) e chegamos em cima da hora do voo. O Chris foi estacionar o carro; o João foi devolver o carrão na agência do aeroporto; a filha, os netinhos, eu e Maria, fomos fazer o check- in. O Chris voltou, o João não. O alto falante anunciando: "última chamada para Honolulu". Todos desesperados, a Maria quase tendo um enfarte. Sugeri para a filha ir com a família e eu ficaria com eles. Depois de lágrimas e relutâncias, saíram os quatro correndo e sobramos a Maria e eu. Passados uns minutos, eis que o João chega esbaforido, descendo de um micro ônibus, rindo até as orelhas, pensando que tinha voltado a tempo. A moça do guichê disse que a Maria e eu ainda podíamos embarcar, mas o João ficaria, pois não tinha feito o check- in. Mas deixar o João abandonado, sozinho, como ele chegaria ao Havaí? Ele insistiu para irmos, disse que gostava de aventuras. Saímos correndo para pegar o voo. Na vistoria da bagagem de mão, surrupiaram da Maria uma grande pasta dental e uns cremes. Depois de muitos corredores, chegamos no embarque e o avião já tinha decolado.Alívio porque o João não ficou sozinho e desespero porque talvez nunca fosse encontrado. Mas encontramos e ele ficou feliz demais ao nos ver de volta.
        Conseguimos um voo para Los Angeles. Mais confusões: na checagem dos documentos, interceptaram o João. Ele nem entendeu nada, mas mostrou a papelada toda (parece que o nome na passagem saiu errado, daí pensaram que ele não era ele). Depois, seguimos para Honolulu, cinco horas sobrevoando o Pacífico e a Maria pensando "o-que-que-tô-fazendo-aqui". Chegando lá, mais drama: nossas bagagens foram no voo da minha filha. Ela conhecia minha mala e a retirou. Mas a deles ficou rodando na esteira e sumiu. Também sumiu o ticket das bagagens, quando o João foi interceptado e tirou tudo o que tinha dos bolsos. Após muitos apuros, encontramos as duas malas.
        Enfim, chegamos para curtir merecidamente as belezas do Havaí. Como diz o ditado, "quem tem boca vai a Roma" ( no caso em questão,vai a Honolulu).


Retrospectiva 2013

Fevereiro de 2013- A viagem de navio

            No inicio de cada novo ano, aparecem na mídia os destaques dos fatos que marcaram o ano que findou. Lembro-me sempre da minha mãe: ela gostava de ficar sentada na cadeira de balanço, fazendo uma retrospectiva de sua longa vida. De tempos em tempos, beliscava  o seu braço para  certificar-se que  era ela mesma que tinha passado por tudo aquilo.
            Daí, pensei  em fazer uma retrospectiva da minha vida durante 2013. Foi um ano  marcado porque não nasceu nenhum neto. Desde 2007, nascem um, dois ou três por ano, incrível isso. Também foi marcado porque viajei muito, trabalhei muito e estive a maior parte do tempo rodeada por crianças, que bom que elas existem.
            Em fevereiro, o cruzeiro de navio.A imensidão do mar azul e o navio singrando as ondas, lindo. E o arrependimento por ter sucumbido ao pecado da gula, diante daquela inacreditável  fartura de comida. Em abril e agosto, os dias na fazenda à beira do rio São Francisco. O filho pescador, com uma parafernália  para pescar e o neto, treinando pontaria com a espingarda de chumbinho.Em maio, os dias no Carmo, a cidade natal do Zé, meu marido. O genro americano, encantado com a Serra da Tormenta, subia e descia a mesma duas vezes por dia, encharcado de suor. Em julho, a semana na Bahia, em Algodões, socorrendo a filha na mudança de casa. Em setembro, a estadia de quase um mês em Macaé, cuidando de dois netinhos para que os pais viajassem para a Itália. Muitos quilômetros percorridos atrás do Benício, de um ano, que não anda, só corre. Foi devolvido aos pais com o olho roxo, resultado de uma curva mal calculada e uma cadeira no caminho. Em outubro, uma semana em Arraial da Ajuda, em um resort que deixou saudades, principalmente dos jantares à luz de velas. Em dezembro, a festa de 15 anos em Brasília, o Natal em BH e a ida ao Carmo, para visitar o irmão gêmeo do Zé, que foi operado e retirou um rim.
            Além das viagens, em maio, outubro e novembro, a casa  cheia de filhos, genros, noras e netos. Sete crianças menores de cinco anos hospedadas, mais  quatro netos que residem em Uberlândia.  Guerra de almofadas, mordidas e unhadas; choro alto, baixo, de manha, de  machucado mesmo. Confusões na hora das refeições, do banho, de dormir e brinquedos por toda parte. A foto histórica dos onze netos reunidos, um dando birra, a outra tirando "caca" do nariz, o outro fazendo careta. Bons tempos. De cansaço, mas também de alegria, de risadas, de curtição, de união.
      Outro destaque em 2013 é que trabalhei muito, como tutora a distância de um curso de especialização da UFU. Sempre conectada ao computador, tentando ser uma ponte entre alunos, coordenadores e professores.
            Nesse ano, também as doenças na família se destacaram. Umas comuns, como a do neto Yuri, com febre alta e reclamando de "dor na guela" (garganta). Outras estranhas, como a "herpes zoster" que tive e que doeu demais, e a "síndrome da boca, pé e mão", que acometeu o Móises, coitadinho. E também a diabetes do Zé, descoberta agora, ele vai passar o resto da vida fazendo regime. Outro fato triste aconteceu com a Mel, minha  cachorrinha Yorkshire. Foi roubada na Praça Tubal Vilela dia 30/10. Perdi minha companheira de todas as horas e o seu amor incondicional.
            Enfim, assim foi, de forma resumida, meu ano de 2013. Em 2014, quem sabe terei tempo de ficar sentada em frente à TV assistindo novelas e fazendo tricô, mas por enquanto é o Zé que me conta a novela das nove e as trapalhadas do Félix.