A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Tempo de Natal

É Natal mais uma vez. É tempo de sonhar com um mundo melhor, de agradecer. Tempo de união entre as famílias, de reflexão, de ajudarmos o próximo. Tempo de aprender a amar, a perdoar, a abraçar, a escutar. De lembrar da mensagem que Cristo nos deixou e que chama os homens ao amor: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.
Como escreveu Eduardo Galeano, escritor uruguaio, é preciso mirar os olhos para além da infâmia e sonhar com outro mundo possível. Onde ninguém viverá para trabalhar, mas todos trabalharão para viver. Onde a TV deixará de ser o núcleo mais importante da família, para ser igual a uma máquina qualquer. Onde os cozinheiros não acreditarão que as lagostas gostam de ser servidas vivas. Onde a comida não será um privilégio, mas um direito humano. Onde todos amarão e respeitarão a natureza da qual fazem parte. E onde a educação não será um privilégio de quem pode pagar por ela.
É também tempo de sonhar com um mundo onde todos saibam agradecer a Deus por tudo que Ele nos dá: pelo ar, pelo sol, pelas estrelas, pelo pão, pela paz, pelas crianças. Ou, como na prece de Emmanuel, agradecer pelos ouvidos, que ouvem o tamborilar da chuva no telhado, a melodia do vento nos ramos das árvores, a dor e as lágrimas que escorrem no rosto do mundo inteiro, a música do povo que desce do morro. Agradecer pelas mãos que criam, que semeiam, que agasalham. Mãos de caridade, de solidariedade, mãos que apertem mãos. Mãos de poesia, de cirurgias, de sinfonias, mãos que, numa noite fria, lavam louça numa pia.
      Tempo de orar pelas famílias, como na canção do Pe. Zezinho: “que marido e mulher tenham força de amar sem medida; que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão; que as crianças aprendam no colo o sentido da vida.” Que exista entre os casais uma nova forma de amar, ou seja, a aproximação de dois inteiros e não a união de duas metades, pois o amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Que cada casal tenha sabedoria para envelhecerem juntos, sentindo-se abençoados pelos cabelos grisalhos e por terem os risos e as dores da juventude gravados em rugas na face.
      Tempo de refletir sobre o nosso papel aqui na Terra. Entender que podemos ser um oásis de paz no meio das guerras que muitas outras pessoas vivem. Que podemos ser, hoje, pessoas melhores do que fomos ontem. Entender também que cada um tem seu caminho, sua sorte e seu próprio meio de criar a sua história. E que ao longo desse caminho, Jesus nos empreste as suas sandálias, para caminharmos de encontro a Ele; o seu cálice, para quando estivermos sedentos de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa; a sua túnica, para que a possamos repartir e dividir com o próximo; o seu perdão, para que, pecado após pecado, possamos sempre voltar ao Pai.
E, quando estivermos perdidos na nossa caminhada, que possamos nos lembrar da poesia de Fernando Pessoa: “se achar que precisa voltar, volte. Se perceber que precisa seguir, siga. Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca. Se o achar, segure-o. Circunda-se de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.”
Enfim, é tempo de Natal. Como escreveu Vinícius de Morais, um tempo de falar baixo, pisar leve, ver a noite dormir em silêncio; não há muito o que dizer, talvez um verso de amor ou uma prece.
 Feliz aniversário, Menino Jesus! Feliz Natal para todos!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Roma eterna

Escultura Pietá, de Michelangelo, na Basílica de São Pedro


Papa Bento XVI falando para a multidão

Eu na Praça São Pedro, com vista da basílica ao fundo

      Na viagem à Europa, visitamos várias cidades. Cada local com seus encantos e tudo dividido em antes de Cristo e depois de Cristo.
Passamos pelas terras onde, dizem, aconteceu o romance entre Romeu e Julieta, as aventuras do Dom Quixote de la Mancha, a história do galo de Barcelos. Em Lisboa, a Torre de Belém, o bacalhau delicioso e o fado (um pouco enfadonho). Túmulos de pessoas famosas, como do Vasco da Gama e do Camões (um pouco fúnebre). Em Fátima, a emoção de  acender velas para Nossa Senhora. Em Madri, a Praça dos Touros, os palácios, muita gente nas ruas, a dança flamenca. Toledo, a cidade medieval, com muitas histórias, muralhas e pontes. Em Barcelona, o inacreditável templo da Sagrada Família, do arquiteto Gaudi, iniciado em 1882; o famoso presunto “jamón de bellota”, caríssimo, do porquinho de patas negras, criado comendo castanhas. Em Mônaco, as casas nas encostas, o mar muito azul, a troca de guardas na frente do palácio. Em Veneza, o encanto dos pequenos canais, das centenas de lojas, do passeio de gôndola e dos pombinhos na praça San Marco. Em Florença, esculturas fantásticas em mármore, como a do herói bíblico Davi, de Michelangelo, com 5m de altura.
          Por fim, depois de muitas fotos e de muito abrir, fechar e carregar malas, entrar e sair de hotéis, confusões com trocas de quartos, dramas para pegar metrô e medo dos larápios surrupiarem nossas bolsas, chegamos a Roma, a cidade eterna.
      A visita começou no ônibus da excursão, com a guia italiana explicando em espanhol. Do alto de uma colina, avistamos Roma. Lá estava a estátua da loba amamentando Rômulo e Remo, representando a origem da cidade, no século VIII a.C. Passamos por várias ruínas do tempo dos césares e do império romano: a muralha Aureliana; a pirâmide revestida com mármore branco; as Termas de Caracalla, onde se banhavam até 2000 pessoas; a Via Apia, por onde passavam os imperadores depois de uma vitória; o circo Massimo, onde aconteciam corridas de biga; o Arco Triunfal de Constantino, copiado por Napoleão em Paris; o Palácio dos Imperadores; as ruínas dos aquedutos; o grandioso Coliseu, o maior monumento da antiga Roma, com 80 arcos em mármore; as colunas do templo de Vênus; o lindo Monumento Vitoriano na praça Venezia; o templo de Hércules, igrejas e mais igrejas. Caminhando pelas ruas de Roma, conhecemos a linda Fontana de Trevi, a praça Navona, com a fonte  do deus Netuno; o Pantheon, um templo redondo hoje transformado em igreja; o rio Tibre, com suas  pontes e esculturas; o bairro Trastevere, com seus restaurantes convidativos. Mas o deslumbrante mesmo foi o Vaticano: a imensa praça de São Pedro, circundada por 284 colunas e 140 estátuas de santos;  a Basílica de São Pedro, a mais majestosa igreja do mundo, com a escultura de Pietá, o túmulo de João Paulo II, o corpo embalsamado de João XXIII, o altar dourado, a cúpula com 136m de altura. O palácio e o museu. A emocionante capela Sistina, com pinturas com passagens da bíblia, como o Juízo Final, pintado por Michelangelo, com 375 personagens, todos nus (mas o papa Júlio II chamou outros dois pintores e mandou pintar um paninho nos órgãos genitais de todos eles).
Coroando tudo, no domingo, ao meio dia, o papa Bento XVI apareceu na sua janelinha para uma multidão na praça de São Pedro. Falou em várias línguas, ressaltando a caridade como o caminho da salvação, agradeceu a presença e abençoou a todos, inclusive a mim. Agora, posso morrer em paz.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Peripécias de uma viagem

A turma em Mônaco, na frente do palácio: Vicente, Maria Luzia, Lourdinha, a guia espanhola, Marta, eu, Zé e Fá.


Os personagens principais, em Lisboa: Vicente, Zé e Fá

            Recentemente fomos, um grupo de sete pessoas, conhecer algumas cidades de Portugal, Espanha e Itália. No grupo, o meu irmão Fá (apelido carinhoso), um homenzarrão de coração bondoso, na sua primeira viagem ao exterior, e o Vicente, compenetrado e bem vestido, irmão gêmeo do meu marido e que nunca andou de avião (foi corajoso, entrou direto em um Boeing 747, num voo de 12 h).
            As confusões começaram já no aeroporto de Uberlândia, no check- in. O Zé, meu marido, levou tudo na bagagem, menos o passaporte. Pensou que eu tinha levado para ele (claro, a culpa é sempre minha). O avião quase saindo, o resto da turma esperando em Guarulhos-SP, os euros de todos na sacolinha do Zé, o último voo para chegarmos a tempo. Nesse contexto dramático, o filho, que tinha nos levado ao aeroporto, voltou em casa comigo, a mil por hora, para procurarmos o passaporte. Rezei para todos os santos e encontrei-o no fundo de uma gavetinha. Fomos os últimos a embarcar no avião e o Zé escapou de um ataque cardíaco.
            Já em Guarulhos, o Fá chegou de um voo de Belo Horizonte e pegou a mala na esteira. No momento de despachá-la, a alça, que tinha uma fitinha verde, arrebentou e a mala caiu com tudo. Catou a mala e fez o check-in. Lá fomos nós para a escala em Frankfurt, o maior aeroporto da Europa. Depois da aterrissagem, entramos em um ônibus moderno que nos conduziria para perto do portão de embarque. Parece que o Vicente pensou que o ônibus era um corredor, pois entrou por uma porta e saiu pela outra. Com uma multidão de pessoas entrando e falando em todas as línguas, ninguém percebeu. De repente, a esposa viu-o parado na plataforma, segurando firme sua mochilinha. Ela gritou e o Vicente entrou pela porta da frente. Se ficasse ali, adeus Vicente.
            Enfim, chegamos ao hotel Marriot, em Lisboa. O abriu a mala para tomar um banho relaxante e soltou um palavrão. Não era a sua. Estava cheia de chinelinhos de crianças, shorts pequeninos, bonés, chapéus de praia e um saquinho de remédios. Entrou em desespero e fui ao quarto socorrê-lo. Concluímos que a mala que ele despachou em SP era mesmo aquela, pois estava com a alça quebrada, com a fitinha verde e com o seu nome. Ou seja, ele pegou a mala de outra pessoa na esteira, quando chegou de BH. Depois de vários telefonemas e muito drama, descobriu-se a dona da mala e também a mala do Fá, nos achados e perdidos da TAM. Desistimos de pedir o envio da mesma, compramos algumas roupas para ele e carregamos a “mala dos meninos”, como passou a ser chamada, durante toda a excursão.
            Nessa mesma noite da chegada, na salinha de informática do hotel, roubaram minha bolsa nova, com apenas a caixinha dos óculos dentro (lá os ladrões são sofisticados, fingem que são hóspedes e roubam bolsas, até nas mesas do café). Enquanto estava espantada, surgiu o Fá, mais espantado ainda. Contou que, passado o susto da mala, foi tomar banho. Apoiou-se na alça de metal da banheira para não escorregar, ela quebrou e ele levou o maior tombo. Fomos dormir correndo, antes que acontecessem mais tragédias. O Fá tomou um remedinho da mala dos meninos, para dor de cabeça, escovou os dentes com o dedo e dormiu.
            Bem, isso foi apenas o começo. O dia seguinte começou com a Lourdinha, amiga da minha cunhada, levando um tombo na escadaria do hotel, daquele tipo que só acontece em filmes.
Mesmo com muitas confusões, chegamos até Roma e realizei meu sonho, conheci a cidade eterna. No próximo texto, escreverei sobre ela.