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sábado, 11 de dezembro de 2010

A malinha do Miguel

Miguel com dois dias, no hospital, e sua roupinha da sorte

    
O quartinho do Miguel


                
Em janeiro de 2008 estive em Macaé, esperando a chegada do primeiro rebento do meu filho mais velho, engenheiro da Petrobras.
Ao abrir a porta do quartinho do bebê, fiquei maravilhada. Tudo combinando, em branco e azul: cortina de nylon esvoaçante, pintura na parede com cenas da infância, berço com almofadas bordadas, cortinado pomposo e móbile musical que projetava estrelas no teto, guarda-roupa com coleção de sapatinhos e roupinhas perfumadas e cheirosas. Coisa de cinema, ao vivo e em cores.
Mas a emoção maior foi quando abri a malinha do bebê, que seria levada para o hospital. Em tom verde água, com as roupinhas todas separadas em saquinhos de filó, amarradas com laço. Todas em ordem cronológica, onde estava escrito em letras prateadas: primeira roupa, segunda roupa, terceira roupa, roupa extra, roupa de saída do hospital. A primeira, toda azul, porque era um menino: manto, sapatinhos, luvas, touca e macacão. A última, toda vermelha, para dar sorte na vida (o Miguel sairia como um Papai Noel ou como um Chapeuzinho Vermelho). Como eu seria a acompanhante, fiquei receosa de misturar sapatinhos, calças, toucas e luvas, mas a norinha me tranqüilizou. Disse que se a primeira vestimenta e a última saíssem certinhas, as do meio não seriam tão importantes. Além das roupas, um caderno decorado, onde as pessoas deveriam escrever mensagens de boas vindas para o Miguel e as lembrancinhas, um chaveiro com um bonequinho de pano. Chupetas, mamadeiras, pomadas. O auge aconteceu quando descobri, no bolso da malinha, dois CDs de música clássica, “Beethoven para bebês”, que deveriam ser tocados no quarto para o bebê ficar calminho! Achei deslumbrante essa malinha de chegada (principalmente porque todas as malas são de partida).
Depois da malinha, só faltava mesmo o Miguel. Ele nasceu no dia 11 de janeiro, com três quilos e meio, lindo, forte e saudável, chorando alto (um pouco amassado, como todo recém-nascido). Mãe, pai e avó emocionados e maravilhados. Começou toda a maratona de mamadas em peito dolorido, arrotos, cólicas, soluços, curativos no umbigo, noites mal dormidas (a música do Beethoven foi deixada de lado, na vida real as coisas não são tão perfeitas assim, muitas vezes é simplesmente um “salve-se quem puder”).Para complementar, os eternos palpites: “parece com o tio”, “os olhos são da avó”, “a pele clara é da mãe”, “ o pé feio é do pai”. E o nenê no colo, que gostoso! Uma sensação de paz, aconchego, ternura. Parece que nada mais importa.
  O nascimento de uma criança é sempre um momento mágico. Símbolo de esperança, de vida, de continuidade. Existem tristezas sim, como crianças e velhos abandonados, mulheres espancadas, jovens drogados, pessoas assassinadas. Mas existem crianças nascendo, engatinhando e aprendendo a andar. O Pequeno Príncipe, quando chegou ao planeta Terra, ficou assustado com a pequenez dos homens e perguntou: “e as crianças, elas ainda existem?”. Existem sim, lindas como o Miguel, que saiu do hospital todo de vermelhinho, pronto para viver a vida, no que der e vier.

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