A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dança comigo


Richard Gere e Jennifer Lopez dançando
           Dizem que inveja é pecado. Assim, sou pecadora, pois tenho inveja de alguns casais que dançam na pista do Praia Clube, no sábado à noite. Meu sonho é dançar como eles, junto com o Zé, meu marido.
                Ficamos observando os casais, até criarmos coragem de ir dançar também. A idade média da turma deve ser em torno de sessenta e cinco anos. Os homens de cabeça branca, as mulheres de cabelos tingidos. Cada casal dança como pode, cada um do seu jeito, mas todos bem animados. Também tem mulher dançando com mulher  ou dançando sozinha, como uma de vestido verde longo e cabelos brancos, que rodopiou pelo salão a noite toda.  Alguns apenas no ritmo dois pra lá, dois prá cá. Outros dançando torto, fora do prumo. Mas têm os casais que dançam de dar inveja. Por exemplo, o senhor magrinho, baixo, careca no topo da cabeça branca, dançando separado com uma mulher mais alta que ele, volumosa, de quadris bem largos que bamboleiam ao som da música  "te carreguei no colo, menina, cantei pra te dormir...". Mãozinhas pra lá e pra cá, ele rápido e lépido pelo salão, com a flexibilidade e a leveza do  grande bailarino russo Rudolf Nureyev. Ela o acompanha com uma ginga perfeita, harmoniosa, com passos curtos e giratórios. Não resisti a tanta maestria e quando pude, perguntei onde fizeram aulas de dança (pra eu fazer com o Zé, quem sabe; a esperança é a última que morre). Não fizeram, ela foi ensinando-o ao longo da vida, é dom mesmo.
                Outro casal que se destaca é o formado por um homem bem miudinho, de uns 60 anos. Ela é mais jovem, magrinha, loira, de cabelos presos em um rabo bem lisinho. Dançam em círculos em volta do salão, com passos largos e leves, flutuando, sem trombar em ninguém. Não olham e nem falam um com o outro, concentram-se na música e na dança (devem percorrer uns 30 km por noite em volta da pista). Ah, e tem um casal mais jovem, encantador. Ela é bailarina e professora, com corpo escultural. Dança o tempo todo olhando para o seu par, com um olhar provocante. Ele dança maravilhosamente bem , como ela. No intervalo, ao som de música eletrônica, somente os dois na pista, dançaram um tango digno das noites de Buenos Aires. Com charme, beleza e sexualidade, um show à parte.
                Na sequência, o conjunto tocou "encosta tua cabecinha no meu ombro e chora". Os casais apaixonados, de terceira idade, dançaram olhando nos olhos um do outro e sussurrando a música ao ouvido do companheiro: "quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora..". Se quem canta, seus males espanta, melhor ainda é cantar e dançar.
                Sonho que, algum dia, eu e o Zé também dançaremos de fazer inveja . Ele não precisará ter a perfeição técnica, a elasticidade e os pulos do Mikhail Baryshnikov, o mais perfeito bailarino que já existiu. Eu também não pretendo dançar como a russa Anna  Pavlova, na peça "O lago dos cisnes". Mas quem sabe o Zé será  como o Richard Gere, no filme "Dança comigo". Um belo dia comprará um  terno preto, uma gravata borboleta, uma camisa branca e um par de sapatos pretos luzidios, de bico fino. Aparecerá  com uma flor vermelha na mão, me convidando para dançar. E sairemos rodopiando pelo salão, eu com um vestido vaporoso como o da Susan Sarandon, me sentindo uma Jennifer Lopez.
                Sonhar é bom. O difícil mesmo será convencer o Zé a  trocar a botina pelo sapato preto luzidio, de bico fino. O resto é fácil. Qualquer coisa, danço com ele de botina mesmo.

domingo, 12 de outubro de 2014

O sorriso do Aécio


              O que mais me encanta no Aécio é o seu sorriso. Fico intrigada com sua capacidade de estar sempre sorrindo, de cara alegre, de bem com a vida. De estampar no rosto um constante sorriso franco, aberto e natural, mesmo com tantas pressões  nesta  maratona da campanha presidencial.  Penso  que, como político experiente que ele é, sabe da importância de sorrir, de passar para as pessoas alegria, segurança e esperança. Por outro lado, como neto do Tancredo, deve ter herdado suas manhas, sutilezas e espertezas. Deve saber que a imagem da face é uma informação importante para que nosso cérebro faça escolhas, quando não podemos ter contato direto com o candidato a ser escolhido.
         Avaliar membros da mesma espécie sempre foi uma tarefa importante para os mamíferos sociais, como o homem e o macaco. No entanto, o cérebro desses foi sendo especializado durante anos para avaliar indivíduos  da mesma espécie com os quais interagem diretamente. Por isso, os políticos andam pelas ruas  cumprimentando o maior número de pessoas, tentando um contato mais direto. Na falta desse, a imagem da face é importante para a escolha.
         No aspecto do sorriso (e do olhar brilhante), o Aécio está a anos luz na frente da Dilma. Ela está geralmente carrancuda, de cara fechada, de mal com a vida. Um semblante tenso. Quando sorri, parece forçado, sem naturalidade, não passa confiança ao eleitor. Além disso, sua fala é truncada, sem clareza e sem concordância, parece que as frases não se completam. Tenho dificuldades em acompanhar seu raciocínio.
       Enfim, sorrir é bom. Está até escrito em canções, como "a vida pode até fazer você chorar, mas Deus lhe quer sorrindo...". O Aécio sabe disso. Que ele tenha ainda muitos bons motivos para continuar com seu largo sorriso.