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sábado, 24 de fevereiro de 2024

O ano 2100



                                             

                Fiquei pensativa ao ler  algumas reportagens  do jornal Folha de São Paulo, enfocando aquecimento global, avanços da Ciência, corrida à lua, inteligência artificial...Daí, fiquei pensando que tipo de mundo teremos no ano 2.100.

                Por exemplo, o físico Alexandre Araújo, doutor em Ciências Atmosféricas pela Universidade do Colorado, escreveu um extenso artigo sobre o aquecimento global e as ondas de calor que aconteceram no final de 2023. Tem um trecho assim: -"Você pode imaginar que num mundo 4 °C mais quente, vários pontos do Brasil chegariam a 50 °C. Nenhum dos nossos biomas resiste a isso. Nem a caatinga. Olha, está feio. É duro, porque a gente avisou tanto. Faz 20 anos que não faço outra coisa". Outro artigo, intitulado "Vêm aí os furacões força 6", de Marcelo Leite, jornalista de ciência e ambiente, alerta que os superfuracões serão cada vez mais frequentes e devastadores, pois a força deles está diretamente relacionada com a temperatura na superfície do mar, o seu combustível.  E Hélio Schwartsman, cronista , comentando a obra "The  Earth Transformed", descreve o fenômeno " El Niño" e  como o clima sempre foi personagem central da história humana. Afirma que dinâmicas ecológicas já extinguiram vários grupos e civilizações. Só sobraram os que souberam adaptar-se... E  teremos muito trabalho nas próximas décadas.

                Já o artigo "Saúde muda projeção e diz que país pode ter 4,2 milhões de casos da doença" ,  alerta que podemos ter quase três vezes mais casos de dengue em 2024 do que em 2023. As altas temperaturas têm contribuído para a proliferação do mosquito e também as chuvas torrenciais que causam alagamentos (é importante lembrar que uma única tampinha de refrigerante com água é um ótimo criadouro para a fêmea).

                Além de textos,  há imagens impressionantes nesse jornal. Uma do rio Solimões, seco e com enormes bancos de areia devido à seca histórica que aconteceu no Amazonas no final de 2023, é de cortar o coração. Na legenda, explica-se que a crise hídrica é fruto do descaso com a natureza e o planeta.

                Com tudo isso acontecendo, tem gente  que não quer ter filhos . Michael Kepp, jornalista ambiental norte-americano radicado no Brasil, escreveu "Procriar num planeta a caminho do colapso?" Explica que um bebê nascido hoje, quando já tiver envelhecido, em 2100, estará em um mundo onde o derretimento do gelo polar e glacial terá causado a subida do nível dos oceanos, que inundarão cidades costeiras; e o aquecimento global terá transformado grande parte do mundo em  deserto, reduzindo o abastecimento de alimentos e água, conforme alertam os cientistas do clima. Ou seja, os que nascerem hoje poderão sofrer muito. Ele, o Michael , afirma que não quer ter filhos, a criança poderia perguntar:-"Pai, já que não pedi pra nascer e você sabia que este mundo se tornaria cada vez mais inabitável, por que me colocou neste planeta infernal?"

                Concordo que teremos que nos adaptar e que teremos muito trabalho pela frente. Como disse Charles Darwin, "não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o que melhor se adapta". Para isso, trabalhos de conscientização serão fundamentais,   desde atitudes individuais como apagar as luzes e tomar banhos menos demorados, até políticas globais  para salvar o planeta. E ao lado disso, o progresso da Ciência será imprescindível .  Como no artigo  "Indonésia tem desafio de cortar carvão." O país, um dos mais populosos do mundo,  é o terceiro maior produtor mundial de carvão e abriga uma das maiores florestas tropicais do planeta. Os três candidatos à presidência na próxima eleição mencionam explicitamente a necessidade de eliminação progressiva do carvão, para preservar as florestas. Precisam da Ciência para saber como fazer a transição energética e ao mesmo tempo salvar a floresta. Outro artigo,  "Usina solar flutuante em SP deve por país entre gigantes", aborda a construção de usina fotovoltaica  na represa Billings, demonstrando a busca  de métodos mais eficientes na geração de energia limpa.

                Felizmente, ao mesmo tempo que espécies entram na lista de extinção, há cientistas, estudiosos e ambientalistas  fazendo o que podem para salvar muitas delas. Por exemplo, no artigo "Em saga por coral de proveta, lua nova vira hora de caça a sêmen". O autor descreve o trabalho árduo da equipe de cientistas para coletar óvulos e espermatozoides do coral Mussismilia harttii,  ameaçado de extinção, que se reproduz nas noites de lua nova apenas de setembro a novembro. Realizam a fecundação "in vitro" e já criaram o primeiro banco de sêmen de corais. Enquanto isso, outros se debruçam nos animais do passado para entender os animais do presente. No artigo "Pele fossilizada com 290 milhões de anos é encontrada nos EUA" , descreve-se que foi encontrado um fragmento de pele fossilizado menor que uma unha dos dedos da mão. Além de conseguirem datar esse fóssil, os paleontólogos consideraram que é uma pele típica de jacarés e crocodilos.  E que tudo indica que foi a partir de estruturas como as encontradas nessa pele fossilizada,  que a evolução trabalhou para produzir as demais estruturas da epiderme dos vertebrados, como o pêlo dos mamíferos e penas das aves.

                Bem, com tanto avanço na Ciência e com tantos países estabelecendo metas para reduzir o aquecimento global, talvez nem tudo esteja perdido.  E se tudo der errado, que Deus proteja os terráqueos em 2.100. Que, aliás, em 2100, poderão ter se transformado em lunáticos. Conforme o artigo "Corrida à lua e Starship marcam ano espacial", uma intensa corrida pela Lua e uma temporada dedicada aos asteroides marcaram 2023 na exploração espacial. O veículo Starship, da SpaceX, empresa de Elon Musk, foi escolhido pela NASA para levar tripulações à superfície da lua. Ainda há muito o que fazer, mas penso que até 2100  estarão circulando como ônibus...

                 E se não der certo na Lua, no artigo "Lua de Saturno abriga oceano propício ao surgimento de Vida", relata-se que Mimas, uma pequena lua de Saturno, possui água líquida abaixo da sua camada de gelo. Os astrônomos concluíram que Mimas reúne todas as condições para a habitabilidade. Assim, podemos ir para lá também. Aliás, eu não! Em 2100 estarei debaixo da terra. Ou no céu, não sei.