A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O outro lado

O netinho, Vítor, personagem da história, entre o primo e o irmão
         
            Gosto muito deste provérbio: “chorei porque não tinha sapatos, mas consolei-me vendo um homem que não tinha pés e sorria”. Mostra a importância de sermos gratos pelo que somos e temos. E também de sermos otimistas, o que nem sempre é fácil, pois muitas vezes não vemos o lado bom nas situações do dia a dia.
            Por exemplo, tenho um filho adolescente que tem aulas às sete da manhã. Ninguém imagina a novela para acordá-lo. Chamo, sacudo, gemo, imploro, ameaço, beijo a medalha da Nossa Senhora Milagrosa e nada (gostaria de ter um guindaste para levantá-lo). O processo se repete durante os 200 dias letivos, uma luta. Mas recentemente, com a norinha viajando, o neto de seis anos ficou comigo e deveria levá-lo à escola, também às sete horas. Chamei-o com carinho e ele acordou (pensei: este é fácil). Mas acordou enfezado. Não ia com aquela meia de jeito nenhum. Arrumei outra. Não queria ir ao banheiro nem vestir a calça do uniforme. Consegui convencê-lo. Não queria sucrilhos com Toddy, tinha que ser com Nescau. Depois de muita conversa, como não tinha Nescau, resolveu. Mas decidiu ele mesmo esquentar o leite no microondas. Ficou quente demais, derreteu os sucrilhos, e ele, bem bravo, abandonou o lanche. Quando por fim entramos no carro (ele arrastando a pastinha que pesava alguns quilos) viu que tinha esquecido a blusa de frio (eu a tinha entregue em suas mãos). Abriu a porta, arrastou a pastinha de volta, subiu as escadas, sentou na sala e, emburrado, disse que não ia mais. Busquei a blusa e usei mil argumentações para convencê-lo. Chegamos na escola faltando um minuto. Quando pensei que ele ia descer do carro, disse que com aquele cabelo não ia. Argumentei que era o cabelo que ele tinha, não era possível mudar. Mostrou então um tufo de cabelos empinados, sobressaindo no meio do seu lindo cabelo lisinho. Arrumei uma escova, ele escovou, escovou e nada. Busquei água, molhamos o cabelo, ele escovou até ficar tipo boi lambido. Desceu do carro, mas quando subia a rampa, puxando a pastinha, viu que não tinha amarrado o tênis (só ele pode amarrar). Parou, ficou ali longos minutos amarrando, eu olhando de longe e o tempo correndo. Quando finalmente chegou na porta de entrada, o porteiro já a tinha fechado. Começou a sapatear de desespero, lágrimas saíram de seus olhinhos. O porteiro viu, abriu a porta, ele enxugou as lágrimas e aleluia, entrou na escola!
            Não pude deixar de me lembrar da história do bode, que é mais ou menos assim. Em uma casa pequena e sem conforto, morava uma grande família: pai, mãe, irmãos, sogra, avós, cachorro, gatos. Todos amontoados e com mil conflitos. Um dia, o pai, desesperado, foi pedir ajuda ao padre da cidade. Este o aconselhou a colocar um bode grande e fedorento dentro da casa. Sem entender nada, o pai assim o fez. O bode aprontou: chifrava, comia tudo o que via, deitava na sala, defecava nos quartos. O pai, mais desesperado ainda, procurou o padre novamente. Este então disse:”agora tira o bode da sua casa”. Pronto. Felicidade total.
Assim, relacionando filho, neto e bode, conclui que meu filho dá trabalho para levantar, mas depois de cinco minutos está prontinho, sem criar caso. Encontrei o lado bom.

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