A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Experiências na Índia e no Nepal

Idosos em cerimônia no Nepal

Cerimônia no Nepal




      Como minha filha é professora de yoga (entre outras coisas), foi parar em Rishikesh, a capital da yoga, nos Himalaias, para um curso com um famoso mestre.  Da janela do quarto e sala que alugou por 100 rupees diárias (ou cinco reais), de frente para o rio Ganges, olhava as mulheres se banhando no rio sagrado, envoltas em quilos de panos e os homens só de tanguinha. A cidade é sagrada, ninguém pode tomar bebida alcoólica e as mulheres têm que estar bem cobertinhas, com lenços e saionas (ela também se veste assim quando está lá). Existem muitos sadhus, homens que renunciam a tudo e se dedicam apenas à vida espiritual, meditando e levando uma vida simples à beira do rio Ganges. Um dia, ela foi alugar um barquinho para fazer um passeio no rio (não se arriscou a nadar), com uma amiga americana que finge ser brasileira (lá eles não gostam de americanos). Perguntou ao barqueiro quantas pessoas cabiam no barco. Ele respondeu que se for estrangeiro, são cinco e se for indiano, são dez (os indianos são magrinhos e possuem uma técnica de “espremer-prá-caber”). Viu vários cadáveres boiando, além da cinza dos crematórios que é jogada na água. Concluiu que o rio é sagrado mesmo, pois as pessoas se banham nele e nem ficam doentes.
            Visitou Patna, uma vila nostálgica de pessoas simples que vivem da agricultura e criação de cabras e búfalos. Plantam e colhem tudo o que necessitam para seu sustento (mas na Índia não existem verduras de folhas). Ela e a amiga brasileira dormiram três dias em um quartinho de barro, à luz de velas. Na primeira noite, passaram muito medo: alguém empurrava a porta do quarto e ouviram uivos e gritos horríveis, parecia de lobisomem. Explicaram depois que era um homem louco que ficava gritando para espantar os bichos das plantações (mas ela acha que era lobisomem mesmo). Todo trabalho pesado era realizado pelas mulheres: buscavam capim para o gado, carregavam água, cuidavam das plantações, buscavam lenha, cozinhavam em fogão de barro, tiravam leite das vacas, descascavam arroz no pilão (acho que os homens serviam só de enfeite). Em Pushkar, cidade sagrada no deserto do Rajastão, sempre almoçava com uma família rica, seus amigos há vários anos. Moram todos juntos, cerca de 25 pessoas, em uma casa com muitos jardins. Almoçam no chão e todos comem com as mãos. As mulheres não se sentam com os maridos (que absurdo!), ficam servindo e depois comem na cozinha. E são felizes, enfeitadas de colares e roupas coloridas. Como todas as famílias abastadas, essa tem um astrólogo, que orienta em várias questões, como na escolha do nome das crianças, sempre no 13º dia após o nascimento. Além das experiências na Índia, existem outras no Nepal, Tailândia e Indonésia.
           Em uma viagem, em 2007, ela quase foi deportada do Nepal. Estava carregando 300 dólares a mais do que o permitido para sair do país (não sabia do limite). Exigiram propina no aeroporto para liberá-la, ela não quis dar. O policial decidiu que ela seria mesmo deportada, ela começou a chorar torrencialmente, ele ficou comovido e a liberou. Foi salva pelas lágrimas, a possante arma das mulheres. Hoje ela sabe que somos todos iguais, apesar das diferenças de costumes, língua e religião. E que a melhor escola de todas é a vida.

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