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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Trapalhadas do Papai Noel

              No natal da nossa família sempre tem alguém que se veste de Papai Noel para alegrar a criançada. A roupa é a tradicional, de cetim vermelho e enfeites brancos, casaco com capuz, barba falsa costurada no pano, cabeleira postiça, óculos pretos para disfarçar os olhos, luvas para encobrir as mãos, saco vermelho de cetim para encher de presentes. Acontece que, no penúltimo Natal, toda a indumentária do Papai Noel (que eu mesma confeccionei) tinha desaparecido. Tudo indica que o saco vermelho, com a roupa dentro, caiu da camionete durante a viagem (imaginem a surpresa de quem encontrou). Assim, no dia do Natal, na pacata cidade de Carmo do Rio Claro, com toda a família reunida, o bom velhinho não pode aparecer para a meninada (Papai Noel sem roupa, pelado, não dá). Pois foi a sorte dele, como se segue.
            Na noite de Natal, a criançada comentava o que pediu para o Papai Noel. O neto de cinco anos pediu um laptop do Batman e o de quatro anos, uma pistola do Power Ranger. O pai (meu filho) achou o máximo o pedido da pistola, coisa de macho. Depois, como médico, lembrou-se de que armas, mesmo de plástico, estão em desuso, pois mexem com o hipotálamo e o sistema límbico da criança, desajustam a membrana coriônica do sistema alfa e estimulam a violência. Concluindo: o filho iria virar bandido. Como ele pagou os presentes, já não sabia se era um bom ou um péssimo pai.
            As horas corriam e os adultos, consternados, não sabiam como resolver a ausência do velhinho. De repente, alguém teve uma brilhante idéia e gritou com entusiasmo que o Papai Noel já tinha chegado, escondidinho, e deixado os presentes na árvore de Natal. Completou que ele tinha vindo no trenó puxado pelas renas, que tinha até uma com narizinho vermelho que brilhava, mas ele não pode esperar porque tinha muitos presentes para entregar.
            As crianças, enganadas direitinho, saem em disparada (umas vão devagar, pois tem medo do Papai Noel). O neto mais novo , eufórico, abre o presente com o seu nome e solta um grito de terror: “o que, uma Barbie? Eu mato este Papai Noel!” E o mais velho, decepcionado e choroso: “olha o que eu ganhei, um tapete cor de rosa da Barbie!” O pai olhava tudo, boquiaberto e indignado, pensando: “não dar a pistola, tudo bem, mas uma Barbie! Aí o Papai Noel exagerou!”. Os pimpolhos correm pela casa, tentando encontrar e matar o Papai Noel. Os adultos descobrem que a mãe, em Uberlândia, antes da viagem, trocou os presentes com a irmã, que mora em Araguari e tem duas filhas. Tentando contornar a situação, colocaram as crianças para conversar ao telefone. A priminha conta que ganhou a pistola do Power Ranger e a irmãzinha, o laptop do Batman. Eles falam que ganharam a Barbie e o tapete. Com alívio, concluem que o bom velhinho se enganou e que os presentes estavam a salvo. Depois, os netos encontram na árvore uma roupa do Power ranger para cada um. Vestem, incorporam o personagem e esquecem a frustração.
            O maior problema, na verdade, foi o pai, que ficou emburrado, deitado no sofá. Desenterrou da memória um antigo trauma da infância, de um Natal quando tinha seis anos. Na época, escreveu uma cartinha para o Papai Noel e endereçou para o Pólo Norte. Pediu um Rifle Super Tiro, uma arma de plástico espetacular, que espocava 20 tiros fortes em sequencia. Ganhou uma Super Mouse, que dava cinco tirinhos fracos. Também queria matar o Papai Noe

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