A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Na sala de aula

              Admiro os professores. Mas os alunos são bem mais interessantes. Alguns prestando atenção, outros “tô nem ai”. Com perguntas pertinentes e com perguntas sem sentido. Uns falantes, outros calados e emburrados. Uns limpinhos e cheirozinhos, outros amassados e descabelados. Alguns despertos, outros dormindo até babar. Cada aluno com suas experiências, com sua visão de mundo, com sua história de vida. Cada um aprendendo, à sua maneira, o que o professor ensina. Porque, na verdade, o que importa não é o que o professor ensina e sim, o que o aluno aprende. E no processo ensino-aprendizagem, é necessário ter contextualização: dar significado ao que se ensina, relacionar com a vivência do aluno, dar exemplos práticos.            
            Lembro-me de uma palestra que assisti com o professor Amabis, da USP, um dos papas do ensino de Biologia. Contou que um dia, quando cursava a 5ª série, a professora avisou: “na próxima aula vamos aprender equação”. Gostou do nome equação: pomposo, forte, enchia a boca ao falar. Passou o final de semana sonhando com a aula. Na segunda, a professora escreveu no quadro: “a+b = 2”. Quase caiu da cadeira. Sempre soube que somando número, dava outro número. Agora, somar letra e dar número? Aquilo só podia ser brincadeira. Mas, por precaução, como devia cair na prova, passou o recreio decorando: “a+b=2, a+b=2”. Na quarta, a professora escreveu : “a+b=4”. Quase caiu da cadeira novamente. “Não era 2, agora é 4?” Passou o recreio novamente decorando: “a+b=4, a+b=4”. Levantou a seguinte hipótese: “se na segunda a+b=2 e na quarta a+b=4, então na sexta a+b será igual a 6.” Chegou a sexta feira e a professora escreveu no quadro: “a+b=11.” Caiu da cadeira de vez. Desistiu de aprender equação, aquela coisa de nome tão pomposo e tão sem sentido.
            Outro exemplo sobre a importância da contextualização e da vivência do aluno na aprendizagem, encontrei quando li o livro “Crônicas 6”, de Lourenço Diafária. Ele escreveu sobre o pai de um aluno e um trabalho escolar do filho. O professor mandou o filho, torcedor fanático do Corinthians e membro da torcida “Gaviões da Fiel”, fazer um trabalho sobre o Sócrates (nome de um jogador de outro time). O pai ficou “uma arara”, mas o filho fez tudo direitinho: consultou a revista Placar, artigos esportivos e caprichou. Levou zero. O pai achou que era perseguição e foi com o filho na escola tomar satisfações com o professor. Esse explicou pacientemente que não era aquele Sócrates, era um filósofo grego que tinha tomado cicuta (nessa hora, o filho pensou: “como eu ia saber que ele jogava doidão?). O professor resolveu dar outra chance ao aluno e pediu um trabalho sobre o Guarani. Mesmo ele explicando que era um livro de romance, pai e filho saíram de lá pensando no time Guarani, de Campinas.
            De outra vez, estava eu estudando Ciências com o meu filho caçula, na época cursando a sétima série. Sem mais nem menos, ele disse: “se a professora perguntar na prova apenas assim: “o que é tecido?”  eu vou responder que é um pano usado para fazer roupas.”
            Enfim, a contextualização é fundamental no ensino-aprendizagem. Como um aluno escreveu: “No ensino de botânica, falam-me de sinérgides e de antípodas, mas não me falam do pé de mamona que tenho no fundo do meu quintal”.

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