A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Doenças e mais doenças

      É impressionante como as pessoas adoram falar de suas doenças. Daquelas que tem, das que imaginam ter e das que estão se preparando para ter. Dor de cabeça, de dente, de ouvido, de barriga, no peito. Até dor de cotovelo. Sem falar nas competições para saber quem teve mais pedras nos rins ou na vesícula biliar.
      Só para exemplificar, dia destes estava eu caminhando feliz na piscina de um clube. Uma conhecida passou a caminhar comigo e relatou minuciosamente os seus problemas com o joelho: a operação, as dores, a fisioterapia. Depois outra, que contou seus suplícios com a coluna (as duas caminhando na água para melhorar). Por último, uma com os dramas da menopausa: vontade de chorar, nervosismo, insônia, ondas de calor (estava na piscina para refrescar). Revoltada porque ninguém tinha avisado a ela que passaria por tudo aquilo. Saí da piscina com dor de cabeça. Por pouco não sai também com dor no joelho, dor na coluna e ondas de calor. Pois a mente humana pode ser influenciada e passar a sentir o que está ouvindo ou vendo. Como na comédia “Apertem os cintos que o piloto sumiu”. Os passageiros do avião comeram peixe estragado e o médico começou a descrever, próximo ao comandante, todos os sintomas que apareceriam: coceira, cegueira, espasmos musculares, vômitos e por fim a morte. O comandante, que nem tinha comido peixe, foi ouvindo e sentindo tudo, até que caiu morto na cabine.
      Imaginem como as pessoas contam suas doenças para os médicos, nos mínimos detalhes. De acordo com um filho médico, se vão relatar uma indigestão, começam desde o convite para a festa, a festa em sí e a comilança, até chegar aos sintomas. Também há respostas vagas sobre onde e como dói: “ah, doutor, dói muito, dói tudo”. “Ah, é uma dor doída”.
      Mas de todas as descrições de doenças que já ouvi, a que mais me impressionou foi a do meu irmão. Escreveu-me em estilo trágico cômico, conforme resumo a seguir: “a minha hérnia estava com um carocinho evidente e procurei um cirurgião. Voltei para casa me arrastando, sonhei que a hérnia tinha explodido e os pedacinhos colaram na parede, com o sangue saindo de dentro de mim. Minhas tripas estão saltando para fora, pelo peritônio rompido. A hérnia pode ficar saindo e voltando, até o dia em que não volte mais e terei que ser operado com urgência. Poderá ser com o bisturi tradicional, como no tempo da Cleópatra, Roma e Marco Antônio, ou por laparoscopia. A anestesia é geral e se eu morrer ou entrar em coma, problema meu (sabia que existem seis tipos de coma, uma palavra grega, que é a mesma em todas as linguas, inclusive chinês e japonês, pode isto?). O cirugião explicou que minha hérnia pode ir descendo e se transformar em hérnia escrotal. Daí pensei que só o suicídio pode resolver isto. Acho que vou preferir o Haraquiri, aquele praticado no Japão, e cortar bem em cima desta bendita hérnia (o Haraquiri é um golpe só, do lado esquerdo para o direito, feito com a mão direita e com o punhal da família, que sempre tem mais de 1000 anos). Enquanto decido se opero ou não, posso dar um espirro mal dado e minha “Hérnia Ingnal Unilateral em Túnel” pode ir parar no saco escrotal. E eu aqui sozinho, sozinho. Vou avisar ao zelador do prédio para ir ao hospital buscar o corpo, se eles (o cirurgião e a equipe) me abotoarem”.
      Sinceramente, espero não ouvir mais relatos como este.
     

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