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domingo, 22 de maio de 2011

O rodeio

           
        Na semana de exposições no Camaru, em Uberlândia, fui com uma turma de oito pessoas assistir à primeira noite de rodeios. Muita gente nas arquibancadas, luzes, holofotes, telões, policiamento intenso, som possante. Um luxo. A equipe do JR Rodeios agitando a galera e anunciando a chegada do mais famoso apresentador de rodeios, o Johnny Barreto. Depois de uma hora esperando, anunciam que o rodeio vai começar e os meus netos se empolgam. Anunciam que faltam três minutos, que se transformam em 15. Depois, que falta um minuto, que vira dez (o relógio deles é diferente). Em seguida, que faltam apenas 30 segundos. O neto conta nos dedos até trinta e nada. Conta novamente e nada. Pergunta, desapontado: ”Vovó, já contei duas vezes. Cadê os cavalos?”. Continuamos esperando, fazer o que.
Acendem duas fileiras de pólvora no chão e o Johnny entra triunfalmente, com estardalhaço, chapéu e calça de couro larga. Fogos de artifício iluminam o céu e o apresentador comanda uma dança. Todos (inclusive eu) dançam, mãozinhas prá lá e prá cá, batendo o pé. Os celulares são acesos e agitados. Grito de guerra para saber se os mais fortes são os homens ou as mulheres (as mulheres perderam, injustiça). Tudo, menos cavalo. O Johnny anuncia que o rodeio vai começar e chama os representantes de umas 40 entidades: Prefeitura, Sindicato Rural, Sociedade Protetora dos Animais. Depois é a vez de chamar os peões: o campeão de Uberlândia, o campeão de São Paulo, o campeão dos campeões, uns trinta (eu e os netos desesperados, esperando os cavalos). Para cada um que entrava, foguinhos cintilantes emolduravam o corpo (como faziam aquilo?). Aplausos do povão. Chega a vez das bandeiras. Um cavaleiro entra a galope, carregando a bandeira da paz.  Um cavalo na arena, que glória! A bandeira de Uberlândia, do Triângulo Mineiro, de Minas Gerais.  Cavalos rodopiando na arena. Escovados, com crinas douradas e rabos levantados. O Lucas entra carregando a bandeira do Brasil. Luzes de holofotes, fogos de artifício, efeitos sonoros. Todos cantam com entusiasmo o Hino Nacional.
Quando penso “agora vai”, o Johnny alardeia a homenagem a São Sebastião e a Nossa Senhora Aparecida, a padroeira dos rodeios. Surge uma cascata de fogos no meio da arena, lembrando as águas do rio onde foi encontrada. A platéia canta ”Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração...”. Lindo, lindo. Mas os fogos causam uma fumaceira digna do maior incêndio e o público fica meio sufocado, muitos tossindo. De repente, abrem a porteira e surge um valente peão montado em um boi bravio. Meu Deus, um boi! Estava duas horas esperando um cavalo...Não teve nem graça, o peão caiu com a cara no chão. Tirou zero. Depois de várias seqüências de tombos e zeros, um herói conseguiu ficar mais de oito segundos no lombo do boi revoltado e a platéia foi ao delírio. Mas o boi se negava a sair da arena. Tentava chifrar os peões, que mostravam uma agilidade impressionante para subir na cerca. Então, o Johnny chamou o boi-madrinha. Entrou com majestade na arena um boi branco e enorme, sacolejando a corcova, trotando macio. Emparelhou com o boi revoltado, deram meia-volta juntos e saíram pela porteira. Que comportamento animal magnífico!
Bem, só vimos isto, não esperamos os cavalos. Aliás, nem sei se apareceram. Na hora da saída, conflito no grupo: uns queriam comer, outros queriam dormir. Os gulosos foram abandonados e fui embora com os sonolentos, encantada com o boi-madrinha.

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