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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Banho de floresta e a casinha na árvore



              

            Fiquei encantada com uma entrevista publicada em julho agora, na Folha de São Paulo. O entrevistado é Marco Aurélio Carvalho, 63 anos, psicólogo clínico , presidente da Sociedade Internacional de Ecopsicologia, doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela UnB, entre outros títulos. Mas o que gostei mesmo foi dele atuar como professor de terapia do banho de floresta. E de descobrir que penso como ele, que é uma pessoa tão culta e qualificada.

            Em uma longa entrevista, ele explica que o banho de floresta é uma terapia já muito difundida no serviço público de saúde do Japão, chamada "shinrin-yoku", e pouco conhecida do lado de cá. A prática é muito simples: caminhar em meio á natureza e contemplá-la. Os benefícios se mostram grandes, conforme estudos realizados. Cita vários deles, como a pesquisa realizada pela Universidade de Stanford, que revelou que as árvores têm efeito sobre o nosso cérebro, inclusive em regiões associadas à depressão, ou seja, o contato com árvores é um antidepressivo. Mesmo uma só árvore já provoca um efeito restaurador importante no organismo. Por exemplo, na ampliação da atividade do sistema nervoso parassimpático, nas reações de relaxamento, na regulação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos.

            Continuando, Marco Aurélio explica  que um grupo de pesquisadores e ativistas  está trabalhando  para que o poder público seja estimulado, pelas evidências científicas, a gerar políticas públicas na área de medicina preventiva. Por exemplo, o Sistema Único de Saúde-SUS poderia oferecer banho de floresta como parte das suas práticas integrativas e complementares de saúde. Conta que o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia - dirigido por ele- e a Fiocruz, assinaram uma parceria para a pesquisa da prática do banho de floresta nos biomas brasileiros: na mata atlântica, na floresta amazônica, no pampa, no cerrado.

            Assim, lendo a entrevista, entendi melhor porque gosto tanto de árvores e porque sinto falta delas. Boa parte do meu mestrado e doutorado, sobre a interação abelha-planta, passei caminhando debaixo das árvores do cerrado e foi muito bom.  Sempre fiz caminhadas debaixo de árvores, sentia essa necessidade, e tomava banho de floresta sem saber.

            Mas o apogeu  mesmo foi a minha casinha na árvore. A realização de um sonho.  Simples, singela, de madeira de eucalipto, com uma porta, duas janelas, uma varandinha. Na frondosa e forte árvore de baru, bem em frente à varanda da sede da fazenda. Um local de paz e beleza, de onde se avista o por do sol nas montanhas ao longe, as árvores do cerrado , os pastos verdinhos, as vacas com os bezerros. O cheiro do mato. O vento nas folhas. As cores e as nuvens do céu. Onde se sente a harmonia de tudo que Deus criou pra gente e se faz uma prece silenciosa de gratidão.

            Enfim, estou pensando em convidar os pesquisadores do instituto do Marco Aurélio para realizarem as pesquisas sobre a eficácia do banho de floresta no bioma cerrado, lá na minha fazenda. E oferecer a casinha na árvore para eles descansarem, contemplar a natureza e acabar com o estresse. Indo um pouco mais longe, quem sabe unimos tudo e realizo outro sonho: fazer trilhas ecológicas com as crianças dos povoados vizinhos entre as árvores do cerrado, o que na verdade é um banho de floresta. Até já tenho uma equipe que se dispôs a ajudar, mas somos todos velhinhos, inclusive eu, e vamos precisar de um desfibrilador...

            Sonhar é bom, ainda mais com as árvores por perto. Aproveitando, 21 de setembro é o dia da árvore;  parabéns e vida longa para elas.  


 

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