A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

O sumiço do Príncipe Houdini

                                                      

                                                      Príncipe Houdini com um ano e meio
                        O boizinho                                                                O Aladin (o maior)
                                                      O Sansão

                      

                Como já contei anteriormente, tenho uma fazenda nas proximidades de Pirapora. Não dá lucro nenhum, só despesas. Mas é uma fonte íncrivel de histórias para contar, todas baseadas em fatos reais, como a que se segue.

                Eu tenho algumas vacas e precisava de um boi. Depois da morte do Diamante, o boi bonito e caro que comprei e que morreu uma semana depois da compra por ingestão de ervas venenosas, tive que tomar uma decisão. Resolvi deixar o Príncipe Houdini, um bezerro nelore puro, filho da Daisy ( a vaca de estimação da minha neta, a Lia)  crescer e ser o reprodutor e pai de todos os bezerrinhos que nascessem por lá. Ele fará dois anos em 05/09/23. Tem o sobrenome de Houdini , o maior mágico de todos os tempos, por causa do nascimento dele, que foi um espanto e ninguém esperava (mas o sumiço foi mais espantoso ainda).

                Acontece que resolvi colocar um brinco amarelo de identificação com o número e nome de cada vaca e bezerro na orelha deles, para ter um controle melhor. E também fazer uma ficha de cada um. Por exemplo, na ficha da Castanha escrevi: "Número 2. Escura, comprada do vizinho em março/22, já prenha. Chifruda, bate nas outras vacas. Deve dar á luz em set/ ou outubro /22. Sem raça boa, vender quando puder. Observação 1: Ficou bonita depois. Serramos o chifre dela. Bezerro Aladin nasceu em 5/9/22. Grande, branco, mancha na testa, primeiro bezerro nascido na fazenda. Obs 2. Entrou no cio em final de outubro, mas não tinha boi. Obs 3: Cruzou com o boi emprestado do vizinho em julho 23."

                É assim, tudo organizado. Por isso, certa vez quando fui na fazenda e era outro o funcionário encarregado, escrevi em três brincos o nome dos bezerros maiores e pedi para ele colocar: Príncipe Houdini, Ouro Verde e Aladin. Hoje, o Aladin, o filho da Castanha, está com 11 meses. O Ouro Verde é um boizinho de dois anos e oito meses,  filho da Mixirica, uma vaca sem raça, mas uma mãe dedicada. O pai é desconhecido, provavelmente um boi gabiru. E o Príncipe faz dois anos em setembro.

                Acontece que semana passada fui na fazenda e como sempre, fui conferir o rebanho no curral. Vi um boizinho com o brinco amarelo escrito "Aladin". O encarregado da fazenda ( é outro, não é o que colocou os brincos), disse que aquele era o reprodutor e  já estava cobrindo as vacas. Completou que não sabia como eu deixei um boi tão ruim para reprodutor, um boi gabiru, feio, sem raça, de cabeça larga e corpo curto. Argumentei que o reprodutor que deixei era bom, um nelore puro, o Príncipe. E que aquele também não era o Aladin. Procurado, lá estava o Aladin, sem nenhum brinco e correndo feliz em volta da Castanha. Céus, o que tinha acontecido? Como o Príncipe virou o Aladin? Ou melhor, como virou um Aladin falso?

                Passei boa parte da noite pensando, consultando minhas anotações e fotos dos bezerros. De repente, entendi  tudo! O encarregado anterior foi o verdadeiro culpado da tragédia toda. Colocou o brinco "Ouro Verde'' no Príncipe; o brinco "Aladin" no Ouro Verde e deixou o Aladin sem brinco. Quando em abril comprei umas vacas,  o verdadeiro Ouro Verde entrou na negociação, que fiz por telefone. O mesmo caminhão que entregou as vacas, levou o bezerro com o brinco "Ouro Verde", mas que na verdade era o Príncipe. O encarregado atual, que tinha acabado de ser contratado, não conhecia o gado e  seguiu minhas instruções de entregar o Ouro Verde. E como não fico na fazenda, não vi o problema e nem me despedi do Príncipe... Entrei em contato com o comprador, pedi para ele destrocar os bezerros. Ele ficou comovido com a história, disse que sabia sim qual era o Ouro Verde-Príncipe e que faria o possível para destrocar. O problema é que o bezerro tinha sido vendido para um fazendeiro em Três Marias, bem longe,  e só para um caminhão  buscá-lo ficaria em R$2.400,00, o preço de um bezerro. Daí, com o coração dilacerado, desisti do Príncipe, pois com tanta confusão, nem sei se seria ele mesmo que voltaria. Que seja feliz por lá. Nem posso contar para a Lia que o Príncipe Houdini fez jus ao nome e desapareceu num passe de mágica.

                O pior é que surgiu outro problema. O que fazer com o boizinho que está por lá, feliz e cruzando com as vacas? O que está com o brinco "Aladin", mas que na verdade é o Ouro Verde e que está se passando pelo Príncipe. Agora, além de não ter raça, não tem identidade, nem sei como chamá-lo.  Transformou-se em um impostor, sem querer. Aliás, o nome desta história poderia ser "O sapo que virou príncipe". Ou "O príncipe que virou sapo". Ou então, "Impostor por acaso". Ou mesmo "Um sonho acabado"... Até " O triste fim do Príncipe Houdini", parafraseando o clássico da literatura "O triste fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, ficaria bem como título...Enfim, atendendo a orientações,  vou ter que castrar o boizinho (arrancar os testículos, coitado) e deixar engordar pra vender. Oh, mundo cruel!

                E continuarei sem boi, pois o Diamante morreu e o Príncipe Houdini desapareceu. No momento, vou investir meus sonhos no Sansão, um bezerro nelore puro, acinzentado, de nove meses, filho da Sofia. E seja o que Deus quiser, até os próximos capítulos!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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