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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Yara Ilse

Yara na juventude

Paulo e Yara, o casal eterno

                Uma pessoa especial, a começar pelo nome.  Yara, nome indígena que significa rainha das águas, foi escolhido pela mãe brasileira e Ilse,  escolhido pelo pai alemão. Com um nome composto homenageando duas nacionalidades, Yara Ilse foi um anjo de bondade, luz e beleza que desceu á terra em 28/08/ 1922 e voltou ao céu em 23/12/2015.
         Ela era minha cunhada, minha amiga e meu  ídolo. Um exemplo de esposa, de mãe, de pessoa íntegra, realizada e feliz. Casada com o meu irmão Paulo, formaram um casal que conseguiu caminhar ao longo de 70 anos de mãos dadas e com os pés na mesma estrada. Era bom ver a harmonia entre os dois, o companheirismo, o respeito, a admiração de um pelo outro. Sempre unidos pelo momento sagrado e diário de rezarem juntos o terço. Tiveram nove filhos e vinte e três netos. Desses, cinco filhos e dois netos (o clã Zech Coelho) foram campeões de vôlei e fizeram história no Minas Tênis e na Seleção Brasileira. Os filhos herdaram dos pais qualidades como honestidade e determinação e cuidaram dos pais  velhinhos com muito amor.  Um deles escreveu no santinho que foi distribuído na missa de sétimo dia : " Saudade do seu doce colo, Mãe, de suas sábias palavras, do seu sorriso amoroso, de sua mão que acalentava, da sua voz que educava e repreendia na medida certa. Que Deus envie mais anjos como você pois, se assim for, a Humanidade será muito melhor".
       Realmente, a saudade vai ser doída. Principalmente saudades do seu eterno sorriso, da sua serenidade, da sua sabedoria.  Tive o prazer de morar com ela em Belo Horizonte, durante três anos, quando fiz o curso normal no Colégio de Aplicação. Éramos quinze pessoas: o casal, os nove filhos, um sobrinho, eu e meus dois irmãos. A casa parecia elástica e o carinho da Yara para com todos também. Nunca a vi elevar a voz e reclamar da vida. Ou deixar de dar conselhos ou orientar os filhos quando precisavam. Sempre foi uma dama. Parecia uma deusa com seus cabelos claros, a figura esguia, a fala mansa e serena, a risada gostosa. Lembro-me dela de avental molhado, pois todos os dias, de manhã, lavava na máquina a roupa da família inteira e colocava no varal para secar. Depois, ia ajudar com o almoço, pois a turma comia paneladas de comida. Ela gostava de assistir ao programa da Jovem Guarda, com o Roberto Carlos. Eu também gostava, principalmente de ficar sentada perto da Yara, desfrutando de seu calor humano. Agora sentirei falta da sua figura já velhinha (mas ainda uma dama)  sentada no sofá da sala, com batom nos lábios, arrumadinha e perfumada, acariciando seu gato. Eu gostava de pegar em suas mãos macias e de conversar com ela. Todos nós que a amávamos perdemos um porto seguro, um colo contra as agruras da vida.

         Como lembrança da mãe, os filhos distribuíram aos amigos uma foto  com um poema de Santo Agostinho. Há trechos assim: "Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Porque eu estaria fora de seus pensamentos agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho. Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi".  É verdade, a vida continua, a Yara está apenas do outro lado, na forma de um anjo de luz, ela e o Paulo juntinhos. Do lado de cá, ela estará  sempre em nossos pensamentos, pois pessoas especiais como ela são eternas. E mesmo com saudades, agradecemos  a Deus por ela ter existido. Descanse em paz, Yara Ilse.

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