Benjamim Franklin |
José Bonifácio de Andrada e Silva |
Roberto Pompeu de Toledo publicou na revista Veja
(30/12/2015) um artigo comparando o
americano Benjamim Franklin com o brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva.
Ben nasceu em Boston, em 1706 e poderia ser avô de
Boni, que nasceu em 1763, em Santos. A
mente dos dois foi formada no Iluminismo do século XVIII e envolveram-se em
lutas semelhantes, movidos pelos mesmos ideais. Foram heróis, cultuados como
sábios, estratégicos para a independência de seus países e a trajetória
deles é importante para entender as
nações que deixaram como herança. Enquanto para os americanos Ben é um
personagem familiar, com vários livros escritos sobre ele, os brasileiros
aprendem apenas duas ou três coisas sobre Boni e esquecem assim que saem da
escola.
Ben era filho de um comerciante de velas e sabão e
fugiu de casa aos 17 anos . Não tinha curso superior, mas com 23 anos já era
dono de uma impressora e do jornal Pennsylvania Gazette, além de grande escritor. Com quase 1,80m e porte atlético,
era simpático, sociável e sem nenhuma timidez. Criou um clube de comerciantes,
ingressou na maçonaria em 1751 e na política como deputado da Pensilvânia.
Já Boni nasceu
em uma colônia onde uma impressora era considerada um artefato subversivo. Filho
de rico comerciante, aos 20 anos ingressou na Universidade de Coimbra. De
temperamento irritadiço e estatura abaixo da média, cursou filosofia e direito,
mas a sua paixão era a ciência e a mineralogia. Como membro da Academia das Ciências de Portugal, ganhou
uma bolsa de estudos para se aprimorar nos principais centros europeus.
A entrega à ciência uniu estes dois grandes homens.
Ben, mesmo sem formação acadêmica, era um inventor. Estudou, entre outros, o
trajeto dos ventos e das tempestades. Criou
chaminés e fogões que não espalhavam fuligem no ambiente. Inventou até a lente
bifocal, colando duas metades de lentes. Ganhou celebridade internacional aos
46 anos, com seus estudos sobre eletricidade e a invenção do para-raios.
Quanto a Boni, tinha prestígio nos meios científicos. Visitou minas de vários países europeus e
encontrou e descreveu quatro espécies e oito subespécies de minerais até então
desconhecidos. Ao voltar a Portugal, em 1800, foi professor de Mineralogia e
intendente geral das Minas.
Os dois foram protagonistas importantes na
transformação de territórios coloniais gigantescos em nações. Ben foi o único a
subscrever os quatro documentos fundadores da nação americana: a Declaração de
Independência, o tratado de amizade com a França, o tratado de paz com a
Inglaterra e a Constituição.
Por seu lado, Boni retornou ao Brasil aos 56 anos, um velho para a época. Em 1822,
depois do famoso "Fico" de Dom
Pedro I, passou a ter poderes de primeiro ministro. Foi o autor principal na
proeza de formar um país continental, unindo as províncias sob o governo do
Rio. Lutou para abolir a escravidão e para incorporar os índios á sociedade. Vítima
de intrigas e ciumeiras, foi preso e deportado.
Ben morreu com 84 anos. Trinta anos de sua vida foram
dedicados a causas da independência, ajudando a criar uma nação de sucesso.
Boni morreu com 74 anos e sua atuação política não chegou a dois anos. Teve
sucesso para criar um país grande e unido, mas fracassou no projeto de
estabelecer condições para uma sociedade mais justa .
Enfim, aprendi fatos interessantes com esse artigo. Lamento
apenas pelo Boni, pois a nação com a qual sonhou ainda não existe.
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