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sábado, 2 de janeiro de 2016

Jantar em Punta Cana

Entrada do Hotel Bávaro Princess

A dança dos golfinhos

A turma no restaurante


                Em novembro  passado conheci  Punta Cana, uma praia adorável no mar do Caribe, na República Dominicana.
                O local é um sonho e o hotel era "all inclusive", com comida e bebida a vontade. Repleto de coqueiros onde  funcionários educados subiam com destreza e ofereciam água de coco aos hóspedes. Com mangue bem preservado e animais soltos: coelhos, pavões, iguanas, araras, flamingos. Os apartamentos , num total de 800, localizavam-se em grupos de oito por bangalô, todos bem cuidados e confortáveis. Uma trilha com vegetação exuberante desembocava na praia de areia branca e fina e no mar morno de um azul sem fim . Ao lado, uma piscina imensa. Hóspedes americanos, russos, canadenses, franceses e poucos brasileiros. Como passeios turísticos, a ida de catamarã até a ilha Saona ( linda mas infestada de mosquitos), a noitada na boate Coco Bongo e a observação dos golfinhos nos tanques de criação. A boate é imensa, na forma de uma arena, com música de muitos decibéis. Para cada música, um show diferente. Ao som de "Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro...", sambistas com plumas coloridas rebolaram no palco, balões foram distribuídos pra plateia delirante  e a boate quase desabou. Até o Gusttavo Lima, com "Tchê Tchê Rere", apareceu por lá, em um telão gigantesco.
                 E os golfinhos, que coisa mais linda! São criados em tanques enormes, onde os turistas chegam em barcos e entram em grupos dentro dos tanques.  Cada golfinho é ensinado para fazer acrobacias e se exibir para apenas um grupo. Depois de cada tarefa ganham um peixe. Rodam, saltam, batem palmas, beijam, cantam. É emocionante, mas preferia que estivessem livres na imensidão do mar azul.
                Dentro desse contexto, aconteceu um  jantar especial na noite do "Thanksgiving", uma data importante para os americanos. O hotel convidou alguns hóspedes  e estávamos entre os convidados. O traje deveria ser condizente com o luxo do Restaurante Chopin. Assim, sem alternativas, o Zé necessitou calçar o único par de sapatos que possui: um de couro marrom, bastante gasto e quadrado na frente, pra caber os dedos confortavelmente (como já contei, ele gosta é de botina).  Percorrendo o longo caminho entre o nosso bangalô e o restaurante, o Zé começou a mancar e a arrastar o pé:  a sola de um dos sapatos estava se soltando. Precisou de muito cuidado e perícia para chegar com o sapato quase intacto. Sentou-se á mesa  e não se levantou mais, tive que servi-lo . Ele nem  viu a fartura do "buffet" e o primor da decoração dos pratos, tinha de tudo: peru, camarão, casquinha de marisco, salmão,  porco com molho de maçã, feijão agridoce, costela ao molho barbecue. Na volta, o Zé mancando novamente. Já no quarto, a surpresa: a sola tinha ficado pelo caminho. Daí, no outro dia ele teve uma "brilhante" ideia: pediu-me pra ir na seção de "Achados e perdidos"  na chiquérrima recepção do hotel, perguntar se alguém tinha devolvido a sola  (pensei que era gozação, mas não era).  Fiquei com vergonha e não fui. Ele foi e lógico, ninguém devolveu.

                Assim, em meio a tantas coisas inesquecíveis que ficaram dessa viagem -as conversas descontraídas, os momentos com os netinhos, o tempo que passei abraçada com a filha que mora distante, o canto e a dança dos golfinhos, a comida gostosa, a beleza da areia e do mar, a gentileza dos funcionários haitianos do hotel, a loucura da boate -ficou também, perdida em algum canto, a sola velha do único par de sapatos do Zé.

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