Entrada do Hotel Bávaro Princess |
A dança dos golfinhos |
A turma no restaurante |
Em novembro passado conheci
Punta Cana, uma praia adorável no mar do Caribe, na República
Dominicana.
O
local é um sonho e o hotel era "all inclusive", com comida e bebida a
vontade. Repleto de coqueiros onde funcionários educados subiam com destreza e
ofereciam água de coco aos hóspedes. Com mangue bem preservado e animais
soltos: coelhos, pavões, iguanas, araras, flamingos. Os apartamentos , num
total de 800, localizavam-se em grupos de oito por bangalô, todos bem cuidados
e confortáveis. Uma trilha com vegetação exuberante desembocava na praia de
areia branca e fina e no mar morno de um azul sem fim . Ao lado, uma piscina
imensa. Hóspedes americanos, russos, canadenses, franceses e poucos
brasileiros. Como passeios turísticos, a ida de catamarã até a ilha Saona (
linda mas infestada de mosquitos), a noitada na boate Coco Bongo e a observação
dos golfinhos nos tanques de criação. A boate é imensa, na forma de uma arena,
com música de muitos decibéis. Para cada música, um show diferente. Ao som de
"Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro...", sambistas
com plumas coloridas rebolaram no palco, balões foram distribuídos pra plateia
delirante e a boate quase desabou. Até o
Gusttavo Lima, com "Tchê Tchê Rere", apareceu por lá, em um telão
gigantesco.
E os golfinhos, que coisa mais linda! São
criados em tanques enormes, onde os turistas chegam em barcos e entram em
grupos dentro dos tanques. Cada golfinho
é ensinado para fazer acrobacias e se exibir para apenas um grupo. Depois de
cada tarefa ganham um peixe. Rodam, saltam, batem palmas, beijam, cantam. É
emocionante, mas preferia que estivessem livres na imensidão do mar azul.
Dentro desse contexto, aconteceu um jantar
especial na noite do "Thanksgiving", uma data importante para os
americanos. O hotel convidou alguns hóspedes e estávamos entre os convidados. O traje
deveria ser condizente com o luxo do Restaurante Chopin. Assim, sem
alternativas, o Zé necessitou calçar o único par de sapatos que possui: um de
couro marrom, bastante gasto e quadrado na frente, pra caber os dedos
confortavelmente (como já contei, ele gosta é de botina). Percorrendo o longo caminho entre o nosso bangalô
e o restaurante, o Zé começou a mancar e a arrastar o pé: a sola de um dos sapatos estava se soltando.
Precisou de muito cuidado e perícia para chegar com o sapato quase intacto.
Sentou-se á mesa e não se levantou mais,
tive que servi-lo . Ele nem viu a
fartura do "buffet" e o primor da decoração dos pratos, tinha de
tudo: peru, camarão, casquinha de marisco, salmão, porco com molho de maçã, feijão agridoce,
costela ao molho barbecue. Na volta, o Zé mancando novamente. Já no quarto, a
surpresa: a sola tinha ficado pelo caminho. Daí, no outro dia ele teve uma
"brilhante" ideia: pediu-me pra ir na seção de "Achados e
perdidos" na chiquérrima recepção
do hotel, perguntar se alguém tinha devolvido a sola (pensei que era gozação, mas não era). Fiquei com vergonha e não fui. Ele foi e
lógico, ninguém devolveu.
Assim,
em meio a tantas coisas inesquecíveis que ficaram dessa viagem -as conversas
descontraídas, os momentos com os netinhos, o tempo que passei abraçada com a
filha que mora distante, o canto e a dança dos golfinhos, a comida gostosa, a
beleza da areia e do mar, a gentileza dos funcionários haitianos do hotel, a
loucura da boate -ficou também, perdida em algum canto, a sola velha do único par
de sapatos do Zé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário