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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

João e Maria

Meus amigos no Havaí

          Tenho um casal de amigos, João e Maria, de setenta anos, que são animados, divertidos e distraidos. Há tempos atrás, quando souberam que eu ia para o Havaí com minha filha, cismaram de ir também. A Maria nunca tinha viajado para o exterior e o João visitou os States uma única vez. De inglês, sabem apenas "I don⁾t speak english". Mas chegaram em San Francisco sozinhos, alugaram um carrão, conheceram a cidade e comeram em restaurantes sem saber muito bem o que estavam comendo. Atravessaram o vale do Napa, na Califórnia, interpretando um mapinha e estacionaram na porta da casa da minha filha, em Sacramento.
         De lá, saímos de madrugada em dois carros para Oakland, pegar o voo para Honolulu . Como nem o João, nem a Maria e nem eu sabíamos usar o GPS do carrão alugado, combinamos de ir atrás do carro do Chris, meu genro, que viajava com a esposa e os dois filhinhos. O João foi a mil por hora, ziguezagueando na auto estrada de oito pistas e milagrosamente conseguindo manter sua posição durante duas horas, um motorista e tanto (mas, no Brasil, anda sempre cheio de multas).
        Quando chegamos a Oakland, outro desafio: o João teria que devolver o carrão alugado com o tanque cheio. Paramos em um posto, mas nos States não tem frentista. Encher o tanque é complicado e pagar também é. A filha nos socorreu e explicou rapidamente ao João onde ele deveria devolver o carro (pensei: o João vai se perder na imensidão do aeroporto). Continuamos grudados no carro do Chris, mas o GPS ensinou a ele um caminho errado (daí, erramos também) e chegamos em cima da hora do voo. O Chris foi estacionar o carro; o João foi devolver o carrão na agência do aeroporto; a filha, os netinhos, eu e Maria, fomos fazer o check- in. O Chris voltou, o João não. O alto falante anunciando: "última chamada para Honolulu". Todos desesperados, a Maria quase tendo um enfarte. Sugeri para a filha ir com a família e eu ficaria com eles. Depois de lágrimas e relutâncias, saíram os quatro correndo e sobramos a Maria e eu. Passados uns minutos, eis que o João chega esbaforido, descendo de um micro ônibus, rindo até as orelhas, pensando que tinha voltado a tempo. A moça do guichê disse que a Maria e eu ainda podíamos embarcar, mas o João ficaria, pois não tinha feito o check- in. Mas deixar o João abandonado, sozinho, como ele chegaria ao Havaí? Ele insistiu para irmos, disse que gostava de aventuras. Saímos correndo para pegar o voo. Na vistoria da bagagem de mão, surrupiaram da Maria uma grande pasta dental e uns cremes. Depois de muitos corredores, chegamos no embarque e o avião já tinha decolado.Alívio porque o João não ficou sozinho e desespero porque talvez nunca fosse encontrado. Mas encontramos e ele ficou feliz demais ao nos ver de volta.
        Conseguimos um voo para Los Angeles. Mais confusões: na checagem dos documentos, interceptaram o João. Ele nem entendeu nada, mas mostrou a papelada toda (parece que o nome na passagem saiu errado, daí pensaram que ele não era ele). Depois, seguimos para Honolulu, cinco horas sobrevoando o Pacífico e a Maria pensando "o-que-que-tô-fazendo-aqui". Chegando lá, mais drama: nossas bagagens foram no voo da minha filha. Ela conhecia minha mala e a retirou. Mas a deles ficou rodando na esteira e sumiu. Também sumiu o ticket das bagagens, quando o João foi interceptado e tirou tudo o que tinha dos bolsos. Após muitos apuros, encontramos as duas malas.
        Enfim, chegamos para curtir merecidamente as belezas do Havaí. Como diz o ditado, "quem tem boca vai a Roma" ( no caso em questão,vai a Honolulu).


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