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terça-feira, 7 de junho de 2011

O jogo de futebol

        
           Nem acredito, mas fui parar no Estádio do Parque do Sabiá para assistir ao jogo Cruzeiro X Corinthians. De pé, espichando o pescoço para enxergar (não conseguimos cadeira e ainda chegamos em cima da hora). Logo eu, que pensava que goleiro e zagueiro eram a mesma coisa (descobri que são diferentes durante a Copa do Mundo). Não fui torcer, pretendia apenas sentir a vibração da galera e tentar entender o que o Cruzeiro tem de tão bom que justifique o fanatismo de tantos torcedores, inclusive do Zé, meu marido, e do filho adolescente.
 Quando atravessei o portão e cheguei na arquibancada, tive uma linda visão. Abaixo, o gramado parecendo um tapede verde, iluminado por possantes holofotes, com os jogadores desfilando e um imenso escudo do Cruzeiro estendido no meio. Em volta, no estádio lotado, pessoas parecendo formiguinhas, torcedores em azul e branco de um lado e em preto e branco do outro. Vibrantes, enrolados em bandeiras e entoando os gritos de guerra dos times. Muita gente bonita, mulheres, crianças, famílias. Uma faixa imensa escrita “Gaviões da Fiel” e outra  “Máfia Azul”, marcando o território dos mais fanáticos.
Depois do Hino Nacional, começou o jogo. Logo aos dois minutos, o Cruzeiro fez um gol. Tristeza para os corintianos, que ficaram quietinhos e murchos e alegria para os cruzeirenses, que pulavam, levantavam os braços, tocavam tambores e gritavam “Zêro, Zêro” (já abreviaram o nome). Analisando a parte que estava quietinha, tive a impressão que, do público presente (cerca de 40.000 pessoas), metade era corintiano. Não pensei que tivesse tanto. O Zé, com sua filosofia de fazendeiro, explicou-me que corintiano é igual capim braquiaria, brota em todo canto. 
Outro momento de suspense (ou de terror, para os cruzeirenses) foi quando ocorreu um penâlti contra o Cruzeiro. Emoção no estádio, toda a torcida de pé, uns torcendo contra e outros a favor (o bom é isto). Por incrível que pareça, o goleiro Fábio defendeu com as pernas. Achei aquele goleiro um fenômeno, como é que pode? Silêncio mortal de um lado e o estádio quase vindo abaixo do outro.
Depois, outro momento incrível: um jogador do Corinthians deu uma cabeçada na bola, que bateu na trave do gol do Cruzeiro. Exclamações de susto e de alívio por todo lado. Deus do céu, por questões de centímetros ia ter torcedor cruzeirense morrendo de infarto. Como um senhor atrás de mim, que ouvia um radinho e berrava sem parar. Outra que passaria mal era a loirinha bonita ao meu lado, com uma camisa do Cruzeiro, bem agarradinha ao corpo. Ela entendia tudo, tudo, fiquei até com inveja. Quando algum jogador errava um passe fácil, ela gritava “carniça, carniça”. E quando um ia tocando a bola com o pé, gritava: “vai, vai, tá esperando o quê”? Quando o juiz roubava (será?) a torcida enfurecida cantava juntinho: “ juiz, vai prá p... que pariu”. Às vezes variavam, cantando: “juiz, vai tomar no ....”. Ainda bem que também tinha momentos mais suaves, com todos cantando com o coração: “Vamos, vamos Cruzeirô, vamos vamos a ganhar, vou aonde você for, só pra ver você jogar.”
Enfim, o jogo terminou com um único gol do Montillo (conhecem?), o mesmo jogador que autografou a camisa do Cruzeiro do meu filho, quando ele foi ao aeroporto esperar o time. Agora, a camisa nunca mais poderá ser lavada.
Conclui que assistir jogo pela TV é bem mais confortável. Mas ir ao estádio vale pela emoção.

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