Passeio no Estreito de Bósforo
A Mesquita Azul
Café no bairro Taksin
Ouro no Gran Bazar
No último mês de maio estive na Turquia, com um grupo de
vários casais e mulheres . Foram 12 dias de aventuras, andanças, emoções,
cansaços, comilanças, conversas agradáveis e novos conhecimentos. E muitas
historias para contar.
De São Paulo
a Istambul são 12 h de voo, mais o tempo de espera nos aeroportos, os atrasos,
a diferença de fuso horário ( lá são 6h a mais que no Brasil). Saímos em um dia
e chegamos na noite do outro, exaustos. E ainda demoramos a encontrar, no
aeroporto que é o maior da Europa, o turco que falava português e que seria o
nosso guia, o Arhmed. Começamos a visita, na manhã seguinte, com um tour de ônibus pela cidade e com outro
guia, o Mehmet. Um turco de olhos azuis, que falava depressa, "puxando o
xis", pois aprendeu a falar português em uma favela no Rio. Disse que 10%
dos turcos têm olhos azuis por causa dos cruzamentos com os russos. Contou que Istambul tem 16 milhões de
habitantes, é banhada por três mares- Egeu, Mediterrâneo e Negro- e pertence a
dois continentes, 97% na parte asiática e 3% na parte europeia. As partes são ligadas
por enormes pontes, a primeira inaugurada em 1973. Passamos da parte histórica da
cidade para a parte moderna e entramos em um barco para um passeio no Estreito
de Bósforo. Esse estreito tem cerca de 33 km de extensão, liga o Mar Negro ao Mar
de Mármara e tem grande valor estratégico. O nome significa "passagem do
boi" , em referência a uma jovem da mitologia grega que era amada por Zeus
e foi por ele transformada em boi (céus, que amor era esse? ).
Enquanto
íamos navegando, todos com cabeças enroladas em xales ( não por fé em Maomé,
mas de frio mesmo), vimos mesquitas ( templos islâmicos) pra todo lado, com suas
tradicionais torres altas- os minaretes- e as cúpulas. Existem cerca de 3.000
em Istambul. Bandeiras da Turquia de todo tamanho, vermelhas, com uma lua
crescente e uma estrela. O guia explicou que depois da queda da cidade de
Constantinopla, em 1453, o nome foi mudado para Istambul. E que o turco conquistador
chamava-se Mehmet, o mesmo nome dele! Ia mostrando as construções da época do
período romano, bizantino, otomano ( mas fui confundindo tudo). Explicou que o
fundador do Império Turco -Otomano foi o sultão Othman, daí o nome. Vimos um palácio transformado em hotel, com
diárias de 10.000 a 30.000 euros; outro hotel lindo, o Mandarim, um dos mais
famosos do mundo; várias construções dos séculos XVI e XVII; um palácio de 1850
transformado em museu; a réplica de um navio de guerra com helicópteros e
turistas visitando. Dos dois lados do estreito, havia restaurantes e barcos com
cúpula dourada.
Depois do
barco, fomos visitar a Mesquita de Santa Sophia, a mais antiga da Turquia, a
que serve de modelo para as outras e o lugar mais visitado do país. Foi
construida entre 532 e 537, no império Bizantino, para ser a Catedral de Constantinopla,
depois transformada em mesquita. Todos que entram tiram os sapatos (senti odor
de chulé dentro da mesquita) e as mulheres cobrem a cabeça. Na sala de oração,
os homens ficam de quatro e beijam o chão. Para adorarem o Deus Alá, os
muçulmanos precisam orar ao menos cinco vezes por dia. Podem orar sozinhos, mas
a oração comunitária na mesquita é considerada mais eficaz. As mulheres podem
orar em qualquer lugar, mas não nas mesquitas, para não distrair os homens.
Antes da oração, lavam as mãos e os pés, precisam estar limpos. E se entre uma
oração e outra, tiverem tido relações sexuais, precisam tomar banho (foi o guia
quem contou). As mesquitas- e as orações- são orientadas em direção a Meca,
cidade na Arábia Saudita onde teria sido edificada a primeira mesquita e teria
vivido o profeta Maomé. Os cantos das rezas, parecendo lamento, ecoam à mesma
hora pela cidade toda, pelos alto falantes (começam às 5h da madrugada).
Na
sequência, fomos visitar a Mesquita Azul, situada na frente da Santa Sofia.
Linda, grandiosa, com seis minaretes e um pátio imenso lotado de turistas tirando
fotos. Filas e filas de pessoas de todas as nacionalidades, impressionante o
número de turistas que tem por lá (muitos japoneses e espanhóis). No interior
da mesquita, um maravilhoso piso de mármore, 20.000 azulejos azuis esculpidos à
mão, janelas com mosaicos coloridos,
medalhões com nome de profetas, lustres enormes de cristal e muitas riquezas
mais. Mas a visita foi muito rápida, muita gente e não foi possível admirar melhor
tanta beleza.
Depois, caminhamos
até o Palácio de Topkapi, com o guia Mehmet apressadinho na frente, com uma
bandeira vermelha levantada. O palácio foi construído no período otomano por Maomé
II, o Conquistador, e os sultões otomanos moraram neste palácio durante quatro
séculos. Hoje é um museu, com extensos jardins e várias salas de exposições. Passamos
em fila por várias salas com coleções de armas antigas, armaduras, relógios, relíquias
sagradas, vestimentas, jóias, ouro e mais ouro. Tem até berço e sofá em puro
ouro, cravejados de pedras preciosas. O
segundo maior diamante do mundo está lá exposto, deslumbrante. Do lado externo,
uma varanda com vista para o estreito de Bósforo e para o Mar Mármara. Um luxo
só. Os sultões viviam mesmo muito bem.
Continuando
a maratona das visitas, fomos para o famoso Gran Bazar. Á pé, quase correndo ,
durante 20 min, atrás do Mehmet. Teve
gente que se perdeu no caminho e passou apuros. O Gran Bazar é o maior mercado
coberto do mundo, com quase 4.000 lojas pequenas e 60 ruas e becos, um
labirinto complexo onde é muito fácil se perder. Por isso marcamos um portão de
entrada e ficamos explorando por perto. Impressionante o número de lojas
vendendo joias grandes e pesadas de ouro puro, uma rua inteira de lojas de
ouro, dos dois lados. Perguntei o preço de uma medalha: 2.000 dólares. Ou
40.000 liras turcas. Ou 10.000 reais, só que ninguém aceita real... Minha amiga
brincou que levou R$100,00 e voltou com
R$100,00, não gastou nada...É possível comprar de tudo no Gran Bazar, desde
perfume Coco Chanel falsificado a enormes tapetes bordados à mão. Mas é preciso
pechinchar e , às vezes, tomar chá de romã.
Depois de
uma merecida noite de descanso, o dia seguinte, um domingo, foi livre e os grupos se dividiram. Minha amiga e
eu resolvemos pegar um Uber e visitar Taksin , um bairro na parte asiática da
cidade e com uma rua de pedestres sempre superlotada. O motorista do Uber era
muito gentil e colocou música espanhola para nós (ele nem sabia que existia
português). Usou o google, traduziu para nós uma mensagem do turco para o
espanhol e mostrou no celular: "las chicas curdas son muy alegres e
parecen tener 18 años". Não sabíamos se "curdas" era elogio ou
não, mas gostamos da mensagem. Pagamos 390 liras turcas (100 reais) para andar
quase meia hora de Uber. No bairro, visitamos lojas, restaurantes, mesquita,
parques. Andamos em um bondinho vermelho , pequeno e charmoso, que descia até o
final da rua e subia novamente. Foi árduo entender como comprar os bilhetes,
tudo é aprendizado. Como não sabíamos os pontos de embarque, entramos em um
ponto e o motorista mandou descer no outro, junto com todos. Mas insistimos e
conseguimos usar o bilhete novamente, subindo toda a rua. Minha amiga detestou,
eu adorei!
Bem, chegamos no hotel á noite e depois ainda
fomos conhecer um shopping nas proximidades. Mas antes, deixamos as malas no
hall do hotel para serem colocadas no ônibus , conforme instruções recebidas.
A partir daí, aconteceu um drama , que
contarei no próximo capítulo.
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