A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Cão bravo


A netinha Lia com a Lolla

            Adoro ovo caipira, desses com  gema bem amarela e casca azul.  Tempos atrás descobri uma placa em uma casa na vizinhança: "Vende-se ovos caipira". Ao lado, outra placa: "Cuidado! Cão bravo".  A tentação de comer os ovos foi mais forte e  toquei o interfone.  Imediatamente surgiu um cão enorme parecido com doberman , preto, latindo raivoso e dando saltos incríveis para pular o murinho baixo e me devorar viva. Fiquei petrificada onde estava. Apareceu um  homem que não era mentalmente muito normal, mandou o cão ficar quieto e buscou os meus ovos. Voltei mais duas vezes, tentada pelos ovos. Na última vez, cheguei justo no momento em que o cão começou a latir e pulou para cima de uma senhora distraída que passava na calçada com o filhinho. O cão bravo foi detido pelo murinho, mas parte do tronco dele passou por cima e ele quase mordeu a mulher. Ela levou um susto enorme, mas era mais brava que o cão e fez um escândalo na rua. O homem com problema tomou o partido do seu cão raivoso e ameaçou acertar umas pedradas na mulher. Vendo os ânimos exaltados, antes de levar uma pedrada ou uma mordida, dei meia volta e fiquei sem os deliciosos ovinhos caipira.  
            Passado um ano do episódio, criei coragem e  voltei lá. Só vi a placa  dos ovos. Onde estaria o cão bravo?  Seria uma armadilha? Toquei o interfone pronta para correr, se necessário. Apareceu uma senhorinha amável , eu disse que queria ovos e ela me convidou para entrar e ver as galinhas. Eu me neguei veementemente, o cachorro deveria estar lá em algum lugar, de tocaia. Mas ela explicou que tinham dado o cachorro porque ele atacara o senhor idoso e grandalhão, que morava na casa com o seu filho, e ela estava lá para cuidar dele. Eu vi o braço do senhor, todo machucado, com inúmeros pontos, dilacerado, inchado e vermelho, um horror. Também vi as galinhas gordas, livres, ciscando no quintal e de papo cheio. Levei meus ovinhos caipiras, mas fiquei impressionada  ao ver que eu tinha razão de ter medo, o cão era uma fera e ficava solto. Ainda bem que não comeu as galinhas.
            Semanas depois passei por outro episódio envolvendo  cão bravo, mas dessa vez com final feliz. Minha cadelinha yorkshire, a Duda, teve três filhotinhos em junho: Lolla, Milla e Tobias, lindos. Fiquei com a Milla, dei o Tobias e vendi a Lolla. Mas não havia como entregar os cãezinhos para os donos, pois estavam sete netos pequenos passando férias aqui em casa. Eles fizeram um complô para esconder os filhotes e para chorarem juntos como protesto. A compradora da Lolla era insistente e conseguiu levá-la, deixando as crianças aos prantos. Horas depois ela voltou para devolvê-la. Explicou que a Lolla só chorava, não comia e estava sendo aterrorizada por sua outra cachorra, uma filhote de rottweiler que queria engolir a Lolla.  Devolveu a cachorrinha, insistiu em pagar uma multa e ainda deixou um saco de ração e duas vasilhas de metal. As crianças ficaram muito felizes, a Duda deitou de lado e a Lolla mamou até ficar prostrada.

            Agora estou tentando socializar a Duda e a Milla, para que se tornem adultos mais equilibrados. E para que a Duda pare de latir tanto, pois é mentira que cão que ladra não morde. O doberman latia muito e mordeu o dono. Mas não vou julgar o doberman.  Penso que talvez não o ensinaram, desde pequeno, a obedecer a comandos, a respeitar as pessoas, a ser obediente e não brincaram com ele. Talvez o tenham ensinado a atacar mesmo. De qualquer forma, com cão bravo o melhor mesmo é se prevenir.

Um comentário:

  1. Bom dia, professora. Que sorte encontrar seu blog. Estava com saudades das suas crônicas. Peço o obséquio de me passar seu e-mail, se for possível, para enviar-lhe minhas crônicas da cidade. O jornal fechou, mas continuo a escreve-las e fico muito honrado de te-la como leitora. Antônio Pereira da silva

    ResponderExcluir