A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Cenas americanas

Lia vestida de Elsa

Lia logo depois de colocar os brinquinhos

          Estive na Califórnia durante um mês, na casa da filha, e vivenciei cenas interessantes. Por exemplo, lá as meninas não têm as orelhas furadas para colocar brincos quando nascem, isso é cultura de latinos. Mas a Lia, minha netinha de quatro anos, quando veio ao Brasil, ficou fascinada com os brinquinhos das primas. Pediu para colocar nela também. Levei-a a uma farmácia e o funcionário sentou-a em uma cadeira. Sem maiores preâmbulos, pegou uma maquininha e segurou a orelha. A Lia ficou horrorizada e fugiu. Passado o susto, já nos States, pediu novamente. A mãe levou-a a uma loja com centenas de brincos e com moças lindas, vestidas de princesas. Sentou-se em um trono e uma princesa deu a ela um ursinho macio para segurar. De mansinho, outras duas vieram por trás e furaram as duas orelhas ao mesmo tempo, para evitar fuga com apenas uma orelha furada.  Quando ela começou a berrar e o irmão a gritar " sangue, sangue", enfiaram um pirulito na boca deles. A Lia saiu com lágrimas nos olhos, mas de brinco e se deliciando com o pirulito.
            Outra cena inusitada aconteceu numa sauna. Abri a porta, não enxerguei nada devido ao vapor, sentei-me como pude (felizmente no banco e não no colo de alguém). Ao meu lado estava um jovem com camisa, calça, tênis e meia, fone de ouvido, suando ao som da música. Pensei que estava no lugar errado, sai e perguntei. Não, lá é assim mesmo, depois vi outras pessoas bem vestidas suando na sauna. E na piscina, mulheres com maiô de saia rodada. Biquini fio dental, como aqui, nem pensar.
            Também fui em um local com massagistas asiáticos, todos de olhos puxadinhos. O interessante é que as massagens são coletivas. Cerca de 30 pessoas ao mesmo tempo, na penumbra, música suave,  barulhinho de água, pés mergulhados em água morna,  corpo vestido e coberto por toalhas felpudas quentinhas. Um asiático para cada pessoa, massageando com força o nariz, os olhos, as orelhas, a nuca, o pescoço, tirando os nós das veias, das artérias, espichando os dedos dos pés. A melhor coisa do mundo, vontade de ficar lá para sempre. Ainda vou levar o Zé, meu marido, para fazer essa massagem.Ele vai adorar.
            Ah, tem ainda as manicures vietnamitas. Pequeninas, vaidosas,  de cabelos bem lisos e tagarelando em vietnamita sem parar. Elas passam um esmalte que não sai nunca, mas nunca mesmo, só se tirar a unha também.
            Outra coisa: a meninada de lá não briga como a meninada daqui. Por qualquer empurrãozinho em uma criança, os pais falam  "I´m sorry" mil vezes e repreendem o filho. Minha filha fazia parte de um Clube do Livro e nas reuniões levava o Enzo, então com três anos. Com o seu lado bem brasileiro, ele mordia todas as crianças presentes. Ela foi convidada a se retirar do clube.
            Enfim, existem por lá muitos costumes diferentes. Nas eleições, ninguém pergunta para o outro em quem votou, é falta de educação. Aqui, a gente espalha e ainda pede voto. Os cachorros são um show à parte. No teatro, vi um cachorro grande, peludo, lustroso, com uma bolsa dourada de lado, quietinho, assistindo ao balé "Romeu e Julieta", bem ao meu lado. E não era cachorro de cego.
            Mas o  Brasil também tem cenas inacreditáveis. Como José Simão escreveu na Folha , em um banheiro em Aracaju tem a placa "É proibido lavar pés, cabelos, pano de chão, pratos com resto de comida e dar banhos em crianças dentro da pia" . Não pode nada, mas pelo menos tem pia no banheiro. Se fosse em São Paulo, nem pia teria, pois não tem água...

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