Gosto de textos criativos e
divertidos. Por exemplo, “Crônica da loucura”, de Luis Fernando Veríssimo e textos
que circulam na internet, como a análise psicológica da música “Esse cara sou
eu” e o texto sobre a criação, onde Deus e Satanás travam uma batalha.
Na “Crônica da loucura”, Veríssimo afirma
que o melhor da terapia é ficar observando os colegas loucos na sala de espera
do analista (que é mais louco que todos eles). Um dia, estavam na sala: ele; um
crioulinho bem vestido; um senhor de terno preto; uma velha gorda. Começou a
imaginar qual seria o problema de cada um, partindo do princípio de que todos
eram loucos como ele. O pretinho tinha um olhar cansado, os tênis gastos e
carregava uma mala. Concluiu que dentro deveria estar o corpo da namorada
esquartejada. Ou, então, apenas a cabeça. Ele deveria ser um assassino ou um
suicida. Perigoso. Já o senhor de terno
tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Roia as unhas. Insegurança total, mal
amado, medo de viver. Deveria ser um corno. Manso. Ou seria um homossexual?
Não, ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido. Mas a melhor
mesmo, a mais louca, era a gorda baixinha. Como sofria. Não devia fazer amor há
mais de 30 anos. Seria uma velha masturbadora? Não, pois tirou um terço da
bolsa e começou a rezar. O problema era mais grave do que ele pensava. Na
conversa com o analista, contou da “viagem” dele na sala de espera. O analista
riu, riu muito. Explicou que o Ditinho era o seu “office-boy”, o de terno preto
um representante de laboratório e a gordinha era a sua mãe. E o analista concluiu:
“e você, não vai ter alta tão cedo...”
Na análise psicológica da canção
“Esse cara sou eu”, o autor cita cada
trecho e comenta. Por exemplo: “o cara que pensa em você toda hora, que conta
os segundos se você demora, que está todo tempo querendo te ver”, indica um
cara obcecado, grudento, com fortes indícios de ciúme doentio. No trecho “está
do seu lado pro que der e vier, o herói esperado por toda mulher, por você ele
encara o perigo”, indica que o cara tem a síndrome do super herói, se
posicionando como um salvador e dominando a mulher. Quando diz quatro vezes
“esse cara sou eu, esse cara sou eu”, mostra dificuldades de afirmação. O autor
conclui que o cara é passional, obsessivo, com grande potencial para violência
e aconselha: “Fuja dele”.
No terceiro texto, “A criação”, o
autor conta que tudo que Deus fazia para o bem do homem, Satanás atrapalhava.
Por exemplo: “No início, Deus criou o Céu e a Terra, e povoou a Terra com
brócolis, couveflores e espinafres, para que o Homem e a mulher tivessem vida
longa e saudável. Então Satanás criou os sorvetes cremosos da Parmalat e da
Haagen-Dazs. E Satanás disse: “Vocês querem que eu acrescente calda de
chocolate?” O Homem e a mulher quiseram, engordaram cinco quilos e Satanás
sorriu”. Deus então criou a carne magra grelhada, e Satanás criou a rede de
McDonald´s e seus cheesburgers gigantes. E por ai foi, até que o Homem teve uma
parada cardíaca. Então Deus criou o marcapasso e os stents e Satanás criou o
Sistema Único de Saúde, o SUS e Amém!
Mas criativas mesmo são as pessoas
mostradas em uma foto na internet, intitulada “Fila na Bahia”. Elas
enfileiraram seus sapatos, chinelos e sandálias e ficaram sentadinhas, de
braços cruzados e descalças, esperando o clichê abrir, com os sapatos marcando
o lugar de cada uma. Acabaram com as filas...
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