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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Zé e suas experiências de vida

Zé dançando feliz, no casamento do filho, junto com a escola de samba
             Meu marido, o Zé, gosta muito de dinheiro (como diz ele, quem não gosta?). Na década de sessenta, resolveu comprar um sítio para o lazer da família. Mas entendeu que também deveria, é claro, tirar algum lucro da nova propriedade. Fez alguns cálculos e concluiu que um bom investimento seria criar galinhas caipiras para vender. Cada galinha, por ano, daria uns 20 descedentes; 200 galinhas dariam, vivos, uns 3000 galináceos. Como o preço da galinha caipira era muito bom naquela época, era lucro na certa. A partir daí, começou a povoar o sítio, comprando galinhas sem parar. As galinhas eram compradas de vendedores de bicicleta, dependuradas em um pau, colocadas de cabeça pra baixo e de bico aberto, em posição de desespero total. No início, uma maravilha: galinhas ciscando pra todo, galos cantando, lindos pintinhos piando. Muitos ovos, muitas galinhas chocando, muitos compradores para os frangos. Era só esperar o lucro. Mas começou a faltar comida natural (minhocas, bichinhos, etc) e a ração ficou muito cara, o milho também. Apareceram pássaros que bicavam e destruíam os ovos. Pintinhos nasciam aos montes, mas também morriam aos montes: com a “doença do caroço”, pisoteados pelas galinhas, afogados nas enxurradas, mortos de frio durante a noite. Uma mortandade de fazer dó. Os poucos frangos que sobravam não tinham mais tantos compradores. Por fim, acabaram-se as galinhas e os compradores. Restou para o Zé uma lição, que sempre passa para os filhos, pedindo para que eles, em qualquer investimento, se lembrem da conta das galinhas, pois nem tudo é o que parece ser.
            Outra coisa que o Zé gosta muito é de futebol. Assiste direto na TV e durante muitos tempo, jogou “racha” com uma mesma turma, no Clube Cajubá. Usou para jogar, por muitos anos, o mesmo tênis preto de lona. Um belo dia o tênis rasgou e o Zé só viu na hora do jogo, quando foi calçar o tênis. A última coisa que ele faria na vida seria deixar de ir ao “racha” simplesmente porque o tênis estragou. Não teve dúvidas: calçou o pé direito com o tênis preto que estava bom e o pé esquerdo com um tênis branco , que ressuscitou. E lá se foi, todo feliz, com um tênis de cada cor. No princípio, a turma do “racha” achou engraçado, depois se indignou: “assim não dá, você está confundindo todo mundo, a gente não sabe se você é um ou dois jogadores!” No próximo jogo, levaram um tênis de presente pra ele e o Zé saiu lucrando.
            Uma outra situação engraçada aconteceu quando fomos visitar o filho engenheiro que morava em Toronto, Canadá. O Zé estava mancando e com a perna inchada, conseguência de uma torção muscular. Nós dois fomos almoçar num shopping imenso, na praça de alimentação lotada. Esqueci de pegar guardanapos, levantei-me da mesa e fui buscar. Nisso, apareceu uma mulher pequenina, apanhou minha bolsa dependurada na cadeira e saiu rapidamente. O Zé ficou de pé, mas não conseguia correr atrás. Pensou em gritar “help” (uma das poucas palavras em inglês que sabia), mas ficou encabulado de gritar em pleno shopping. Além disso, não saberia explicar a situação, em inglês, para quem acudisse. Permaneceu parado, boquiaberto, pensando em como foi sair do Brasil para ser assaltado no primeiro mundo, por uma mulher. Voltei tranqüila, com os guardanapos, sem saber de nada. A mulher veio correndo atrás de mim e me entregou a bolsa. Ela pensou que eu a tinha esquecido. Quando olhei para a cara do Zé e entendi a situação, tive um “ataque de risada”. Mineiros no exterior é assim mesmo, um apuro atrás do outro.
            Tem também outra situação interessante, do telhado, mas essa o Zé não me deixa contar. Vou levá-la comigo para o túmulo.
 

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