A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um vestido de seda

A moda em 1895-1920: vestidos longos, cintura fina, mangas bufantes

                                              
                Tenho um livro que é uma verdadeira obra de arte, descoberto no fundo de uma livraria americana. Chama-se “Fashion design”, com 240 páginas, publicado em 1999. São desenhos da moda dos anos 1895 a 1920.
Centenas de ilustrações em preto e branco de mulheres elegantes, de rosto angelical, cabelos curtos anelados, trajando vestidos de uma beleza indescritível. Alguns com saia ampla e rodada, mangas enormes e bufantes, cintura bem fininha. Outros de seda, com um caimento macio, com muitas franjas, rendas e laços. Tecidos bordados, listrados, de bolinha, estampados. Muitas pregas, nervuras, plissados, babados, tecidos sobrepostos. Só vestidos longos (minissaias, naquela época, nem pensar). Como acessórios, luvas, leques, sombrinhas finas, bolsinhas bordadas. Chapéus enormes, pequeninos, com penas, laços de veludo, flores de organza, véu cobrindo o rosto, babadinhos de renda. Um luxo só. Desenhos primorosos de espartilhos, aqueles coletes de tortura usados debaixo dos vestidos, cheios de cordinhas que apertavam as cinturas das mulheres até asfixiar. Camisolas, robes, sombrinhas, luvas e golas de todo tipo. Na parte dedicada aos homens, senhores pomposos, de bigodinho, com ternos quadriculados, casacos compridos com muitos botões, bengalinhas finas, sapatos de duas cores, camisa com nervuras, suspensórios, camisas listradas, pijamas tipo camisão longo, chapéus e cartolas.
            Enfim, um livro gostoso de folhear para ver coisas bonitas e de pensar na evolução da moda. Tudo teve início quando o homem começou a usar roupa, há cerca de 100 mil anos antes de Cristo. Conforme artigo publicado na Current Biology, “Molecular evolution of Pediculus humanus and the origin of clothing”, os cientistas chegaram a essa data da pré-história da moda analisando e comparando os genes dos piolhos que convivem com o homem: o Pediculus humanus capitis, que vive exclusivamente na nossa cabeça e o Pediculus humanus corporis, que vive nas nossas roupas. Eles imaginaram que, se descobrissem quando o último apareceu, esse momento deveria corresponder à época em que o homem passou a se cobrir de roupas. 
            Outro fato interessante ligado à moda é a indústria de tecidos, especialmente da seda. Ela é produzida pela lagarta da mariposa Bombix mori, o bicho da seda. A criação desse inseto teve origem na China, por volta de 2.700 anos antes de Cristo. Hoje, essa mariposa não existe na natureza, foi totalmente domesticada pelo homem. As larvas alimentam-se de folhas da amoreira e quando alcançam o quinto estágio larval, começam a secretar o casulo. O fio é produzido na cabeça, nas fieiras. A lagarta se transforma em crisálida, protegida dentro do casulo, de onde sairia a mariposa. Mas, na indústria da seda, as crisálidas são mortas com água quente e o casulo é desenrolado para produção da seda. São feitas as meadas, ocorre o processo de tintura e lindos tecidos são feitos nos teares (visitei várias vezes, com alunos, a fábrica Minasilk em Patrocínio). Agora, li que a bióloga e designer alemã Anke Domaske acabou de apresentar uma coleção de roupas feitas com tecido de leite. O fio foi criado a partir da manipulação físico-quimica da proteína resultante do leite azedo e o tecido tem a textura da seda, pode isso?
Deu vontade de usar um vestido de seda de leite bem lindo, com muita renda. Mas, lógico, sem usar espartilho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário