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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Vivendo e aprendendo

Olhando o artesanato em uma feirinha

          A vida é um verdadeiro laboratório de ensino. A gente vai vivendo, convivendo e aprendendo. Com experiências singulares em vários locais e com várias pessoas. Por exemplo, em um supermercado.
            Fazendo compras, encontro-me com uma conhecida que não via há tempos. Pergunto-lhe pelo marido, que sempre está doente: “E o Oscar, como vai?” Ela me olha começando pelos sapatos, depois a roupa, me encara e diz: “O Oscar? Morreu há um ano, não sabia?” Engulo seco (o pior é que eu sabia, mas me lembro perfeitamente de ter esquecido disso). Depois, encontro-me com outra conhecida. Dou-lhe um tapinha amigável nas costas e pergunto: “Você é a irmã da Neide, não é?” Pelo olhar estranho que ela me lança, descubro que não é. Mas responde gentilmente e fala que muitas pessoas a confundem com a irmã da Neide (será?). Aprendo que não se deve ficar perguntando pelas pessoas. E fico torcendo para não encontrar alguém que me pergunte: “Você está se lembrando de mim?” Tenho vontade de correr quando ouço essa pergunta. De acordo com Luiz Fernando Veríssimo, há três caminhos a seguir, nesse caso: 1) responder com um curto, sincero e grosso “não” ; 2) dissimular e dizer algo como: “desculpe, deve ser a velhice, mas...” e esperar que, mais cedo ou mais tarde, a pessoa se identifique; 3) responder ”claro que estou me lembrando de você”. Esse é o menos recomendado e o mais escolhido, e leva à ruína e à tragédia.
            Encontro outro conhecido na seção das frutas (desse eu me lembro perfeitamente, embora tenha esquecido o nome da esposa dele). Conta que somente ele vai ao supermercado porque a esposa (Eufrida, Esméria, Estela, algo assim), só gosta mesmo é de fazer tricô e bordar. Sei que, um dia, também vou ficar em frente á TV, bordando. Mas, por enquanto, vou adiando.
            Na seção dos doces, troco receitas com outras mulheres. Ensino a fazer ambrosia (doce de leite com ovos, uma delícia). Uma fala que o marido gosta mesmo é de pão de sal com doce de leite (cada um na sua). As conversas soltas também são ótimas: “gosto de cheirar as maçãs”; “gosto de ler as embalagens em espanhol, vou aprendendo”; “esta marca de óleo é boa, não tem colesterol”.
            O momento de ensacar as compras é o mais empolgante, pois aproveito para fazer meu discurso ecológico (não uso as sacolas plásticas). Explico para as moças do caixa “tudo” sobre as sacolas plásticas: os anos que levam para  se decomporem; que o mundo vai acabar em lixo; que há lugares onde multam os supermercados que usam sacolas plásticas; que o plástico e o isopor são engolidos por animais marinhos e matam milhares deles. Falo até do chinês Bao  Xishun, o homem mais alto do mundo, que com seu braço de 1,06 m salvou a vida de dois golfinhos, retirando pedaços de plástico de seus estômagos (li em uma reportagem). Algumas moças nem escutam, outras não entendem nada e algumas poucas dizem que vão tentar fazer a sua parte, mas que as pessoas adoram colocar as compras em muitas sacolas.
            Depois, o eterno drama do estacionamento. Todos os carros são de cor prata, inclusive o meu, e nunca o encontro. Além disso, nos estacionamentos, só indicam os locais com letras e números e sempre esqueço. Deveria ser algo mais marcante, como “Pindamoganhangaba” ou “Um Dois Três de Oliveira Quatro”.
            Enfim, além dos supermercados, existem inúmeros locais onde podemos ter experiências enriquecedoras. Tudo depende do olhar antropológico de cada um.

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