Fiquei pensativa ao ler algumas reportagens do jornal Folha de São Paulo, enfocando aquecimento global, avanços da Ciência, corrida à lua, inteligência artificial...Daí, fiquei pensando que tipo de mundo teremos no ano 2.100.
Por exemplo, o físico Alexandre Araújo, doutor em Ciências Atmosféricas pela Universidade do Colorado, escreveu um extenso artigo sobre o aquecimento global e as ondas de calor que aconteceram no final de 2023. Tem um trecho assim: -"Você pode imaginar que num mundo 4 °C mais quente, vários pontos do Brasil chegariam a 50 °C. Nenhum dos nossos biomas resiste a isso. Nem a caatinga. Olha, está feio. É duro, porque a gente avisou tanto. Faz 20 anos que não faço outra coisa". Outro artigo, intitulado "Vêm aí os furacões força 6", de Marcelo Leite, jornalista de ciência e ambiente, alerta que os superfuracões serão cada vez mais frequentes e devastadores, pois a força deles está diretamente relacionada com a temperatura na superfície do mar, o seu combustível. E Hélio Schwartsman, cronista , comentando a obra "The Earth Transformed", descreve o fenômeno " El Niño" e como o clima sempre foi personagem central da história humana. Afirma que dinâmicas ecológicas já extinguiram vários grupos e civilizações. Só sobraram os que souberam adaptar-se... E teremos muito trabalho nas próximas décadas.
Já o artigo "Saúde muda projeção e diz que país pode ter 4,2 milhões de casos da doença" , alerta que podemos ter quase três vezes mais casos de dengue em 2024 do que em 2023. As altas temperaturas têm contribuído para a proliferação do mosquito e também as chuvas torrenciais que causam alagamentos (é importante lembrar que uma única tampinha de refrigerante com água é um ótimo criadouro para a fêmea).
Além de textos, há imagens impressionantes nesse jornal. Uma do rio Solimões, seco e com enormes bancos de areia devido à seca histórica que aconteceu no Amazonas no final de 2023, é de cortar o coração. Na legenda, explica-se que a crise hídrica é fruto do descaso com a natureza e o planeta.
Com tudo isso acontecendo, tem gente que não quer ter filhos . Michael Kepp, jornalista ambiental norte-americano radicado no Brasil, escreveu "Procriar num planeta a caminho do colapso?" Explica que um bebê nascido hoje, quando já tiver envelhecido, em 2100, estará em um mundo onde o derretimento do gelo polar e glacial terá causado a subida do nível dos oceanos, que inundarão cidades costeiras; e o aquecimento global terá transformado grande parte do mundo em deserto, reduzindo o abastecimento de alimentos e água, conforme alertam os cientistas do clima. Ou seja, os que nascerem hoje poderão sofrer muito. Ele, o Michael , afirma que não quer ter filhos, a criança poderia perguntar:-"Pai, já que não pedi pra nascer e você sabia que este mundo se tornaria cada vez mais inabitável, por que me colocou neste planeta infernal?"
Concordo que teremos que nos adaptar e que teremos muito trabalho pela frente. Como disse Charles Darwin, "não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o que melhor se adapta". Para isso, trabalhos de conscientização serão fundamentais, desde atitudes individuais como apagar as luzes e tomar banhos menos demorados, até políticas globais para salvar o planeta. E ao lado disso, o progresso da Ciência será imprescindível . Como no artigo "Indonésia tem desafio de cortar carvão." O país, um dos mais populosos do mundo, é o terceiro maior produtor mundial de carvão e abriga uma das maiores florestas tropicais do planeta. Os três candidatos à presidência na próxima eleição mencionam explicitamente a necessidade de eliminação progressiva do carvão, para preservar as florestas. Precisam da Ciência para saber como fazer a transição energética e ao mesmo tempo salvar a floresta. Outro artigo, "Usina solar flutuante em SP deve por país entre gigantes", aborda a construção de usina fotovoltaica na represa Billings, demonstrando a busca de métodos mais eficientes na geração de energia limpa.
Felizmente, ao mesmo tempo que espécies entram na lista de extinção, há cientistas, estudiosos e ambientalistas fazendo o que podem para salvar muitas delas. Por exemplo, no artigo "Em saga por coral de proveta, lua nova vira hora de caça a sêmen". O autor descreve o trabalho árduo da equipe de cientistas para coletar óvulos e espermatozoides do coral Mussismilia harttii, ameaçado de extinção, que se reproduz nas noites de lua nova apenas de setembro a novembro. Realizam a fecundação "in vitro" e já criaram o primeiro banco de sêmen de corais. Enquanto isso, outros se debruçam nos animais do passado para entender os animais do presente. No artigo "Pele fossilizada com 290 milhões de anos é encontrada nos EUA" , descreve-se que foi encontrado um fragmento de pele fossilizado menor que uma unha dos dedos da mão. Além de conseguirem datar esse fóssil, os paleontólogos consideraram que é uma pele típica de jacarés e crocodilos. E que tudo indica que foi a partir de estruturas como as encontradas nessa pele fossilizada, que a evolução trabalhou para produzir as demais estruturas da epiderme dos vertebrados, como o pêlo dos mamíferos e penas das aves.
Bem, com tanto avanço na Ciência e com tantos países estabelecendo metas para reduzir o aquecimento global, talvez nem tudo esteja perdido. E se tudo der errado, que Deus proteja os terráqueos em 2.100. Que, aliás, em 2100, poderão ter se transformado em lunáticos. Conforme o artigo "Corrida à lua e Starship marcam ano espacial", uma intensa corrida pela Lua e uma temporada dedicada aos asteroides marcaram 2023 na exploração espacial. O veículo Starship, da SpaceX, empresa de Elon Musk, foi escolhido pela NASA para levar tripulações à superfície da lua. Ainda há muito o que fazer, mas penso que até 2100 estarão circulando como ônibus...
E se não der certo na Lua, no artigo "Lua de Saturno abriga oceano propício ao surgimento de Vida", relata-se que Mimas, uma pequena lua de Saturno, possui água líquida abaixo da sua camada de gelo. Os astrônomos concluíram que Mimas reúne todas as condições para a habitabilidade. Assim, podemos ir para lá também. Aliás, eu não! Em 2100 estarei debaixo da terra. Ou no céu, não sei.