No restaurante em Lisboa |
Em Pinhão, no Vale do rio Douro |
Na Igreja de São Francisco, em Porto |
Em abril deste ano visitei Portugal na companhia das duas filhas. Foram 12 dias de aprendizado, com visitas a castelos, palácios, igrejas, museus, conventos, fortes e praças. Uma oportunidade de voltar ao passado e conhecer sobre as rainhas e reis portugueses, sobre as grandes navegações, os pontos turísticos, o modo de vida. De saborear o bacalhau gostoso regado a azeite, o vinho do Porto e os pastéis de Belém. E também de viver algumas aventuras.
Começamos
nossa viagem por Lisboa. Alugamos um carro e passamos por Sintra, Óbidos, Porto
e fomos até Pinhão, no vale do rio Douro, onde visitamos a igrejinha onde meu
avô Antônio foi batizado. Foi emocionante voltar à terra dos antepassados. Na
volta para Lisboa passamos por Fátima e sentimos a presença de Nossa Senhora
por lá, além de assistirmos a uma apresentação de canto gregoriano. Em Lisboa, nos encantamos com a grandeza do Rio
Tejo e com as suas duas pontes enormes. A 25 de Abril, com 22 km, é irmã gêmea da Golden Gate de São Francisco,
ambas suspensas, vermelhas e muito bonitas. É gostoso andar nas margens, junto
com centenas de turistas, e apreciar o rio. Há inúmeros outros pontos turísticos
, como o Arco da Rua Augusta, onde subimos e tivemos uma linda vista da enorme
Praça do Comércio. O Castelo de São Jorge, da época islâmica, bem no topo da
colina, de onde se tem uma vista perfeita da cidade. A Torre de Belém,
patrimônio da humanidade, construída em 1520 por D. Manuel I, com torres de
vigia e canhoneiras para tiros de artilharia. O Museu dos Coches, com inúmeras
carruagens com esculturas douradas, cheias de histórias, como a usada em 1729
para carregar a infanta portuguesa Maria Bárbara, filha de D. João V, quando
foi levada para se casar com o príncipe espanhol D. Fernando. Os bairros
históricos, como o Baixa Chiado, Bairro Alto e Alfama, com muitos restaurantes e
cafés aconchegantes e nostálgicos, com pessoas cantando fado e com fogo de
labaredas altas pra diminuir o frio. Carros elétricos amarelos, repletos de
turistas, percorrendo os trilhos e as
ladeiras.
Na famosa Avenida Liberdade, no Cine São Jorge,
assistimos o filme Rômulo e Remo, sobre a criação de Roma. Era um festival de
filmes italianos. O diretor estava presente, apresentou o filme e foi muito
aplaudido. Nossa, nunca vi tanto sangue e tanta luta, com espadadas e facadas!
Queria sair no meio do filme, mas fiquei com vergonha do diretor.
Em
Sintra, ficamos em uma casinha branca com cortinas de crochê nas janelas. Visitamos
o Palácio da Pena, onde viveram com suntuosidade Don Carlos I, Dona Maria II,
Don Fernando II. E tantos outros, que acabei confundindo tudo (lembrei-me da
minha netinha Lia: ela fala que gosta só de princesas, pois as rainhas são
sempre malvadas). O Castelo dos Mouros, construído pelos muçulmanos que
conquistaram a península ibérica no sec. X, é impressionante e exige um
excelente preparo físico pra percorrer todas as suas muralhas. O Convento dos
Capuchos, que acabou sendo uma visita um pouco aterrorizante. Os jardins com
plantas medicinais eram interessantes, mas o convento era muito velho, com
quartinhos minúsculos, escuros e sombrios. Ficamos com medo de entrar e
desistimos, chocadas em pensar como deveria ser a vida dos monges que lá
moraram.
Em
Porto, fizemos um city tour de trem ao longo do Rio Douro e atravessamos a
ponte Luís I pra ter uma visão bonita, mas o frio estava de congelar. Na
Estação de São Bento, tiramos muitas fotos na frente das pinturas azuis nos azulejos
brancos, verdadeiras obras de arte.
Ficamos horas na Livraria Lello, folheando alguns livros da imensa e valiosa coleção, enquanto nos
escondíamos do frio e da chuva. Visitamos a Igreja de São Francisco, uma
maravilhosa igreja gótica do sec. XVIII, em barroco dourado. Descemos até as
catacumbas e vimos muitas gavetas de pessoas com sobrenomes em comum com os
brasileiros, como Freire, Mota, Guimarães, Carvalho, Silva, Souza. Somos mesmo
descendentes de portugueses.
Em
Pinhão, numa região linda, com muitos vinhedos e oliveiras e onde se produz
vinho e azeite de boa qualidade, alugamos uma casinha bem no alto. O problema
foi chegar até lá, numa estradinha estreita e tortuosa, de paralelepípedos, e
sem nenhuma proteção lateral. Deu muito medo.
Entre
as muitas coisas que aprendemos (além de ficarmos impressionadas com a
quantidade de brasileiros morando e visitando Portugal), vimos que existem
muitas palavras diferentes das nossas. Exemplos: moça é rapariga; ponto de
ônibus é paragem; shopping é fórum; trem é comboio; recepção é recessão; vários
restaurantes juntos é restauração; aberto é abrido; aluguel é aluguer; obrigada
é agradecida.
Enfim,
foi bom demais este tempo passado com as filhas, que moram tão longe, na Bahia
e na Califórnia. Andamos muito, conversamos, rimos, nos divertimos , rezamos o
terço todas as noites e estreitamos os laços mãe e filhas. Quem sabe um dia a
gente volta.