Foto no dia do desfile |
Neste último sete de setembro, Dia
da Independência do Brasil, assisti ao desfile na Avenida Floriano Peixoto. Os
tanques de guerra, os jipes, os
militares marchando em compasso, a bandeira do Brasil, o Hino da
Bandeira. O Corpo de Bombeiros, com uma
bonita ala de mulheres e crianças dentro do caminhão vermelho brilhante acenando
para a plateia. Militares com uniforme de camuflagem, segurando cães policiais
e rottweiler enormes, fizeram a alegria da criançada que estava na beira da
calçada agitando bandeirinhas do Brasil. Eles depois pararam na praça para
tirar fotos, inclusive comigo e com o neto de dois anos, que ficou aterrorizado
com a bocarra do rottweiler A Infantaria Motorizada, carros e motos da polícia
com sirenes ligadas. Os escoteiros. Pessoas da terceira idade desfilando com
bolas enormes. Acrobacias com bicicletas. Desfile de fuscas antigos e bem
conservadinhos. Cavaleiros com camisas iguais e coloridas, desfilando com
pangarés franzinos e com marchadores de passos dançantes. O colégio militar. Várias
entidades, algumas bem diferentes, como a Associação Brasil Soka Gakkai Internacional
e a Cultura Racional do Brasil para o Mundo. Escolas municipais e estaduais, com
bandeiras, tambores, faixas, dançarinas, acrobatas e crianças bem comportadas
parecendo orgulhosas de estarem desfilando. Gostei principalmente de uma, que
homenageou os coletores e varredores de rua, e confeccionou tudo o que foi utilizado no
desfile reciclando material, como os tambores de plástico azul e a saia de jornal
da bailarina.
Fico empolgada com o desfile das escolas, pois no planejamento do
desfile estão os professores, tentando ensinar aos alunos a respeitar o planeta
Terra, a saber quais deveres temos como
brasileiros, que país é esse e o que é amar a terra onde nascemos. Ainda mais
nestes tempos em que falta ao povo brasileiro um pouco mais de paixão pela
Pátria. Ainda mais neste Dia da Independência quando o Brasil todo estava
traumatizado com o atentado a faca sofrido pelo candidato á presidência do
Brasil, ocorrido na véspera.
Apreciando
o desfile, pensei no distante sete de setembro de 1822, quando D. Pedro I
mostrou que se preocupava com o Brasil. Impulsionado por suas ideias liberais,
gritou às margens do riacho Ipiranga a
frase que passou para a história: “Independência ou morte!” Revoltado, resolveu
romper definitivamente com a autoridade do pai, D. João VI (um caso de filho
revoltado com o pai e que deu certo) e proclamou o fim dos laços coloniais do
Brasil com Portugal. A cena está registrada em um famoso quadro de Pedro
Américo, com D. Pedro majestoso, em cima de um cavalo fogoso, cabelos
penteados, espada em riste, uniforme elegante e impecável, cercado por inúmeros
cavaleiros também garbosos e bem vestidos. Pessoalmente,
acho que a cena não foi tão espetacular assim, deveriam estar todos cansados,
empoeirados e descabelados (viajavam de Santos para São Paulo, a cavalo e em
estradas de terra). Como escreveu Leandro Narloch em seu livro “Guia
politicamente incorreto da história do Brasil”, para fabricar um espírito
nacional é normal que se jogue um brilho a mais em certos episódios.
Acrescentou que um bom jeito de amadurecer, ao interpretar a nossa história, é
admitir que alguns heróis da nação eram simplesmente pessoas do seu tempo.
Enfim,
mesmo se estivesse suado e cansado, devemos a D. Pedro a independência do
Brasil do jugo português. Falta agora ficarmos independentes do jugo do
extremismo, da radicalização, da intolerância e da corrupção, que tanto mal
fazem ao nosso país.