Acabou
tudo. Foram duas semanas de assombros, de surpresas e de encantamento, com a
torcida brasileira dando show com sua alegria. A Rio-16 passou no teste. Mas lá
se foi o colorido e a alegria que os 350 mil turistas estrangeiros deram ao
Rio, o desfile de diferentes sotaques, a garra e o exemplo dos 11.544 atletas
de 205 países que deram o melhor de si
em busca do ouro, as transmissões ao vivo pela TV de 45 modalidades esportivas (algumas tão
desconhecidas pra mim como arremesso de martelo). Ficou este sentimento de
ressaca, como se a gente estivesse vendo
a partida de um grande amor.
Apesar
da ironia pessimista do José Simão, cronista da Folha, ao escrever que o Brasil já tinha três medalhas
de ouro garantidas- assalto triplo com AK-47, corrida de 1.500 m com bolsa de
gringo e revezamento de celular roubado- as olimpíadas cumpriram seu papel de
espetáculo multinacional e multicultural. Ocorreram problemas sim, e o custo foi
altíssimo, 40 bilhões de reais!! Mas foi emocionante e aconteceu de tudo. Por
exemplo, nunca tanta gente chorou em disputas esportivas na TV. O Neymar chorou
muito, ajoelhado na grama, quando a seleção conquistou o ouro. O Serginho
chorou demais, ficou com olhos inchados, foi campeão de vôlei e de choro. A Marta chorou, deitada na grama, depois da
derrota contra a Suécia; a boxeadora Yin Junhua chorou ao receber a medalha de
prata, luta boxe mas é bem feminina. Outros sorriram sempre, como Simone Biles,
que encantou a plateia ao dançar ao som de "Mas que nada". E o Guga,
sem dúvida a grande atração da Globo, riu o tempo todo. Foi contratado para
comentar o tênis, mas comentava tudo. Já o Isaquias, o fenômeno baiano que ganhou três
medalhas na canoagem, era bem falante e foi apelidado de Sem Rim pelos colegas
(já perdeu um rim). O José Simão gostou
do desempenho dele, escreveu que se o Brasil afundar, o Isaquias salva (também
escreveu que o Moro contratou o Bolt pra pegar o Lula e que o Frankstemer não
foi no encerramento por medo de vaias).
Quanto
ao aspecto físico, havia atletas de todo tipo ( mas todos com barriga tanquinho).
Os gigantes do vôlei, como o russo Dmitriy com 2,18m e a chinesa Ting Zhu, com 1,95m. Os magrelos, como o queniano
Eliud Kipchoge, com 1,67m e 57kg, vencedor da maratona e que ficou milionário
com os prêmios que já recebeu. Os gordinhos e simpáticos, como a goleira
angolana de 98 kg e o judoca Rafael Silva, com 170 kg. Os bonitos, como Darya
Klishina, do atletismo russo, eleita "a mais gata" e Thiago Braz, ouro
no salto com vara, "o mais gato".
Havia
também atletas excepcionais, como Phelps
e Bolt. Como escreveram, "pelos números e pela longevidade, Phelps é o
maior atleta olímpico de todos os tempos. Maior do que Bolt. Mas Bolt é muito
mais legal". Também surgiram heróis
brasileiros improváveis, como Maicon Siqueira, que trabalhava como pedreiro e
ganhou medalha no taekwondo e Rafaela Silva, favelada da Cidade de Deus e ouro
no judô.
Na
linda cerimônia de encerramento, crianças cantaram o Hino Nacional ao som de
tambores, mulheres rendeiras dançaram, o Pão de Açúcar foi representado no
gramado, o primeiro ministro do Japão "brotou"
do chão vestido de Super Mário, a pira olímpica foi apagada, atletas dançaram
com as escolas de samba. Um show de
arte, luzes, tecnologia e magia. E as luzes se apagaram.
Parabéns, Rio, você merece a medalha
de ouro!Parabéns, Brasil!