A cada dois dias tentarei colocar um texto novo, para manter o interesse dos meus leitores e também algumas fotos para exemplificar alguns textos. Obrigada pelo apoio.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Uma estória de amor

Roque com um mês, dormindo tranquilo

Lolla e Tobias juntinhos

Duda amamentando o quinteto

          Há um ano atrás escrevi sobre o drama canino envolvendo  minhas duas filhotes de yorkshire : a Duda, grandalhona e destrambelhada e a Sissy, minúscula e meiga. No meio, o Zé, meu marido, revoltado com a Duda. Acontece que um dia a Sissy encontrou o portão aberto e fugiu. Ficou a Duda, até que um dia o Zé disse a famosa frase: -"Ou eu ou o cachorro ". Com lágrimas nos olhos, troquei a Duda pela "Duda Outra", mais calma e educada (o filho comentou que eu deveria ter trocado era o marido).
         Agora a Duda Outra encontrou um namorado, o Nick. Foi amor à primeira vista. Cruzaram inúmeras vezes e como resultado nasceram cinco filhotes, que estão com um mês: Lolla, Sissy, Tobias, Apollo e Roque. São pretinhos, brilhantes e limpinhos. A mãe os lambe dia e noite, deve ter gasto litros de saliva. E de leite também, não sei como consegue tanto. Eles estão gordinhos e saudáveis e ela, pequenina e acabada, é possível sentir os ossos da costela. As tetas são dez e matematicamente seriam duas para cada um, muito simples. Mas a natureza é complexa. Os cinco filhotes empurram uns aos outros disputando as tetas, todos querem a mesma. Quando a Duda enfeza, sai andando com os cinco dependurados. É uma mãe incrível, impressionante como sabe tudo o que tem a fazer, cachorro é assim. Defende os filhotes das pessoas que não conhece, late, avança e não deixa passar a mão. Tenta carregá-los pelo pescoço quando caem da caminha, mas não tem força e nem jeito pra isso. Quando ouve um ganindo, corre pra acudir, sai derrapando pelo caminho. Pariu sozinha, cortou o cordão umbilical de todos, comeu as placentas sanguinolentas, limpou os filhotinhos, deitou em cima deles para aquecer e já começou a amamentar. Deve ter ficado encantada com  tanto cachorrinho saindo do seu corpo. Não sei se ela consegue perceber o desenvolvimento deles. Levaram 12 dias para abrir os olhos e no começo só dormiam e mamavam. Depois passaram a se arrastar e agora já caminham devagar e tentam brincar uns com os outros. A Lolla é a maior e bem tranquila, deve roubar o leite dos outros. O Roque é pequenino, espevitado e chorão, deve andar estressado com a competição pelas tetas. Logo os dentinhos vão aparecer, machucar as tetas e a Duda vai empurrá-los.
        É lindo ver e acompanhar essa estória de amor incondicional de uma cadelinha com seus filhotes. Mas logo ela não vai querer mais saber deles, vai ignorá-los e seguir com sua vidinha de cão, sem nem se lembrar que eles existiram. Na mãe humana não, o amor pelo filho é para sempre. Por isso cachorro é cachorro e gente é gente. Sei que existem muitos cães abandonados e maltratados, uma maldade e injustiça com o melhor amigo do homem.  Mas existem também muitas crianças que necessitam de um lar, outras que são espancadas pelos pais, outras que passam fome, outras que tem pais que oferecem tudo, menos tempo com os filhos, talvez o que mais precisem. E tem também os velhinhos. Penso que muitos  gostariam de alguém para segurar suas mãos enrugadas e escutar suas estórias, com paciência e sem pressa. Segundo Rubem Alves,  "história" é diferente de "estória".  "História" é aquilo que aconteceu uma vez, pertence ao tempo, é ciência; quem ouve uma "história" fica do mesmo jeito. "Estória" é aquilo que acontece sempre, pertence á eternidade, é magia; quem ouve uma "estória" pode ficar outro.

        Quem sabe um dia encontraremos tempo para ouvir as estórias dos velhinhos, que por certo serão mais bonitas que a estória da Duda com seus filhotes.

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