Jane Goodall |
Sabrina na escolinha |
Recentemente, dois abraços me
emocionaram. Um deles foi de um chimpanzé
abraçando a pesquisadora que salvou sua vida. O outro foi de uma
menininha e minha filha, na Bahia.
O primeiro, assisti em um vídeo
na internet. Wounda, uma fêmea de chimpanzé, esteve muito doente, por várias
vezes, e foi tratada em um centro de pesquisa na Tanzânia, África. Esse foi
fundado por Jane Goodall, uma primatologista inglesa de 80 anos que dedica sua
vida a estudar o comportamento dos chimpanzés e a cuidar deles. Wounda
conseguiu se recuperar e uma equipe foi soltá-la em uma ilha. Quando abriram a
jaula na qual foi transportada, Wounda saiu, olhou em volta a floresta
exuberante, deu uma corridinha, voltou, subiu na jaula e abraçou a Jane. Um
abraço demorado, apertado, com os olhinhos fechados. Passava as mãos peludas
nas costas da pesquisadora, franzina e idosa, e essa acariciava os longos pelos
do dorso de Wounda. Ficaram assim as duas, parecendo que a chimpanzé estava
agradecendo e se despedindo. Depois, saiu em passos rápidos e bamboleantes e se
embrenhou na selva, rumo à liberdade. Deu vontade de chorar.
O outro abraço, foi de uma
menininha bonita, cor de jambo, de quatro anos, quando ela chegou na escolinha
na casa da minha filha, em Algodões, depois que a mãe foi presa. O abraço dela foi de chegada,
de entrega, de encontro, de esperança. O da minha filha foi de dor, de consolo,
de carinho, de vontade de fazer tudo, ao sentir os ossinhos frágeis e ao ver as
suas perninhas finas cortadas por capim navalha. A mãe dela (que na verdade
ganhou a menina da mãe biológica) é usuária de drogas e assaltou uma casa
juntamente com dois filhos. Quando fugia da polícia pelo mato, arrastou a
criança com ela, que ficou toda machucada. Ela, a menininha, conta que não quer
ficar sem a mãe e que essa vai voltar. Vontade de chorar também, mas não de
alegria.
Enfim, os abraços estão presentes
em nossas vidas, na alegria e na
tristeza, na saúde e na doença. São gestos simples, carregados de sentimentos.
Podem ser de apoio, de despedida, de chegada, de consolo, de saudade, de
compreensão, de afeto, de aconchego, de partilha. E como alguém já disse, um
bom abraço não pode ser rápido, tem que atravessar o corpo, ser uma confissão,
ser o encontro de dois corações, precisa cruzar os braços e demorar no rosto.
E como diz a canção de Jota
Quest: "o melhor lugar no mundo é dentro de um abraço, pro mais velho ou
pro mais novo, pra alguém apaixonado, alguém medroso; tudo que a gente sofre,
num abraço se dissolve, tudo que se espera ou sonha, num abraço a gente
encontra". Ou como cantado por Milton Nascimento: "mande notícias do
mundo de lá, diz quem fica, me dê um abraço, venha me apertar, tô
chegando" ; ou por Roberto Carlos: "
você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços, o que eu nunca
esqueci".
Assim, desejo que neste Natal
você dê e receba muitos abraços. Não tem presente melhor. Abraços apertados, sinceros
e inesquecíveis. Abrace a família, os amigos, os companheiros de trabalho, os
velhinhos, as crianças, os abandonados, os carentes, os orgulhosos, os chorões,
os ranzinzas, os otimistas, quem você puder. Mas, acima de tudo, desejo que
você se sinta abraçado pelo Menino Jesus. Um abraço enorme, maior que o mundo, cheio
de amor, de paz e de luz, capaz de unir o coração humano ao coração divino.
Feliz Natal, com muitos abraços!