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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Fernão Capelo Gaivota



    As gaivotas são aves marinhas que  apresentam estrutura social altamente desenvolvida e comportamentos complexos. São capazes de detectar as correntes térmicas que se formam acima do mar e de utilizá-las no voo. Usam o voo principalmente para encontrar alimento. Menos Fernão Capelo Gaivota.
       A história dessa gaivota está no livro "Fernão Capelo Gaivota", de Richard Bach. Uma  gaivota que foi banida do seu grupo por entender que voar era muito mais importante  que comer. Enquanto o bando de mil gaivotas mergulhava na água em busca de comida, Fernão treinava seus voos rasantes. Pairava no céu sozinho, longínquo, esfomeado, feliz, aprendendo. O seu tema era a velocidade. Batia as asas com força e lançava-se em vertiginosa descida em direção às ondas. Em seis segundos, estava a 120 km/h, velocidade que desequilibra a asa no arranque para a subida. Quando tentava subir outra vez, o corpo girava como um parafuso e ele acabava como uma massa de penas que se esmagava no mar. Tentou dar o mergulho a 600m de altura e estabeleceu um recorde  de velocidade para gaivotas. Mas no instante em que modificou o ângulo das asas, esmagou-se num mar duro como tijolo. Quando voltou a si, jurou que seria uma gaivota normal  e esqueceria aquela loucura do voo perfeito. Não haveria mais desafios nem fracassos. Se fosse destinado a voos rápidos, teria as asas curtas do falcão. Era isso, asas curtas! Tudo o precisava era fechar as asas o mais que pudesse e voar só com as pontas. Voltou a treinar e atingiu 320 km/h. A velocidade era poder, alegria e beleza pura. Sabia que qualquer falha o reduziria a fragmentos de gaivota. Fechou os olhos, passou pelas gaivotas  do Bando de Alimentação como uma bala, fez a curva, espetou o bico para cima e foi reduzindo até conseguir abrir as asas. Na sua mente latejava o triunfo. Partiu para um mergulho a 2400m e descobriu que se movesse mais de uma pena, era disparado em movimento giratório como uma bala de espingarda. E Fernão fez assim as primeiras acrobacias de uma gaivota viva. Quando se juntou ao bando, estava tonto, cansado e realizado.  Pensou que elas ficariam loucas de alegria, pois agora haveria uma razão para viver. Mas ele foi banido do bando  pela desastrada irresponsabilidade, por violar a tradição das gaivotas e por esquecer que as gaivotas estão no mundo para comer e se manterem vivas. Gritou para o bando : "quem é mais responsável do que uma gaivota que descobre um significado, um propósito mais elevado para a vida? Agora temos uma razão para aprender, para descobrir, para sermos livres!" Todas as gaivotas lhe deram as costas. A partir dai, viveu solitário e aprendendo cada vez mais. Foi levado para o paraíso por duas gaivotas brilhantes, onde fazia experimentos de aeronáutica avançada. Aprendeu com a gaivota mais velha, Chiang, a se transportar para qualquer lugar do mundo apenas com a força do pensamento. Ficou preparado para voar no além e conhecer o significado das palavras bondade e amor. Sentiu saudades do seu grupo na Terra  e  voltou  como uma  gaivota brilhante que voava sem mexer uma pena. Passou a treinar o Francisco Gaivota, que fora expulso do bando porque queria alcançar a perfeição no voo. Começaram com o voo planado.
       O livro é dedicado ao verdadeiro Fernão Capelo Gaivota que vive em cada um de nós. Porque, na verdade, todos nós procuramos a liberdade, a perfeição, o amor, a bondade e o paraíso. Alguns poucos encontram, muitos outros não.

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