Django e Schultz em ação
Adoro filmes, mas nunca me atrevi a escrever sobre nenhum.
No entanto, assisti “Django Livre” e, do ponto de vista de uma cidadã comum,
ainda nem sei se foi um dos melhores filmes que já assisti ou se estou em estado
de choque com tanto tiro, tanta morte e tanto sangue. Penso que o definiria
como um filme empolgante, que prende a atenção do começo ao fim, que possui um
elenco de atores fabulosos e uma trilha sonora linda, mas com superávit de sangue
e violência.
È também um filme original, no qual
os escravos do sul, dois anos antes da guerra civil nos Estados Unidos, literalmente
mandam pelos ares os seus opressores. O ator principal, Django (Jamie Foxx), é
um escravo liberto que fica livre até demais, passando a ser um justiceiro que
explode todos que fazem injustiça a ele e à sua mulher, uma escrava da qual foi
separado. O filme causa espanto o tempo todo, tanto nos seus protagonistas como
na platéia. Os negros escravos passam de um espanto a outro quando vêm outro
negro, Django, montado a cavalo, passeando livremente pela cidade (fato inadmissível
naquela época). Também Django se espanta em vários momentos com a esperteza e astúcia
do seu salvador, o caçador de recompensas King Schultz (Christoph Waltz, um
ator austríaco excepcional) e com a elegância e a frieza desse ao matar.
Espanta-se também quando Schultz o deixa escolher uma roupa para se passar por
fidalgo, a fim de irem para uma fazenda e matar três foragidos da justiça.
Django escolhe uma roupa azul turqueza, bem justa, com babados e enfeites
brancos. Ai é a vez da platéia se
espantar e cair na risada.
Como esse, há vários outros momentos
hilários. Por exemplo, quando vários homens aparecem galopando à noite, com os
rostos cobertos por capuzes e empunhando tochas acesas. Planejavam matar Django
e Schultz, que estariam dormindo em uma carroça no meio do descampado (mas estavam
escondidinhos no alto do morro). De repente, quando o grupo planejava como
escalpelar e retirar toda a pele do Django, um dos componentes começou a
reclamar do capuz, dizendo que os orifícios dos olhos estavam no lugar errado e
não conseguia enxergar nada. Disse que a mãe do outro não sabia nem costurar e
que ia tirar o capuz. A discussão se generalizou e a platéia caiu na risada.
Resultado: acabaram todos mortos pelas balas do Django e do Shultz, uma
carnificina geral. Aí a platéia parou de rir (penso que o Tarantino, o diretor,
é genial, mas um pouco tresloucado). Outras cenas engraçadas acontecem com
Stephen (Samuel L. Jackson) um negro velho que manipula seu proprietário, o
fazendeiro depravado e muito louco Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Stephen é
racista, não gosta de outros negros e se horroriza com a liberdade e a
petulância do Django.
Acredito que essas cenas cômicas são
para quebrar o horror da matança, do sangue derramado, das cabeças explodindo,
das pernas e braços sendo dilacerados, dos escravos lutando até a morte para
divertir Candie, dos cachorros ferozes trucidando um escravo fugitivo (essa parte
eu não vi, fechei os olhos).
ulher, sua
ue explode todos que fazem injustiça a atençao nao Assisti ao filme com o Zé, meu marido, que
além de não gostar de cinema, quando vai, sempre me pede para cutucá-lo se ele
dormir e roncar. Nem foi preciso, com tanto tiro ele não dormiu (disse que até
pensou em se esconder atrás da poltrona). Tentei arrancar dele algum comentário
e ele disse, lacônico: “a tecnologia é incrível, mas acho que é um filme que
desperta o ódio racial”. E pronto.
|