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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A melhor idade?

Turma da melhor idade fazendo pose em Madri

      Existem muitas frases interessantes e bem humoradas sobre a meia idade, como: “você sabe que está chegando na meia idade quando tudo dói ou o que não dói não funciona”; “meia idade é quando sabemos todas as respostas e ninguém nos pergunta nada”; “os anos começam a aparecer na cintura e a cintura começa a desaparecer”; “você tem vontade, mas não se lembra de quê”; “primeiro começa a esquecer os nomes, depois os rostos, depois de fechar o zíper”; ‘meia idade é  quando você tem vontade de fazer exercício físico e dorme mais, esperando a vontade passar (o Zé, meu marido, faz isso).  As minhas preferidas são: “podes viver sem sexo, mas não sem óculos” e a frase daquela garotinha, que tentava explicar o que são os avós: “quase todos são velhinhos, usam óculos e já vi alguns tirando os dentes e as gengivas”.
            Realmente, é uma fase na qual os óculos são vitais (eu, sem óculos, nem escuto). E só quem usa sabe como é, sem eles a gente não é nada. O pior é que os óculos sempre desaparecem, são esquecidos nos lugares mais estranhos, são pisoteados, amassados, carro passa por cima. Mas ruim mesmo é quando você troca os seus óculos com o de outra pessoa. Certa vez, fui dar uma voltinha no quarteirão com minha mãe, já velha, gorduchinha e que usava óculos de grau com aro marrom. Peguei os óculos em cima da mesa, ela colocou, segurou apertado no meu braço e lá fomos. No meio do quarteirão, quando foi subir o degrauzinho do passeio, tropeçou e foi caindo devagar. Mas caiu direitinho, sentada. Ficamos rindo, ela amoleceu e não conseguia se levantar. Voltamos depois de um bom tempo e ela sentou-se na varanda. Apareceu a minha cunhada, desesperada, procurando os óculos dela, que estavam em cima da mesa e que desapareceram. Perguntei como eles eram, ela olhou para o rosto da minha mãe e disse: “uai, igualzinho a este, de aro marrom”. Resultado: os óculos não eram os da minha mãe e ela caiu porque não conseguiu enxergar a altura do passeio, culpa minha.
            As dentaduras também são problemáticas (já vi dentadura caindo quando a pessoa riu). Tenho até um tio que perdeu a dentadura no mar. Quando a onda veio, bem forte, ele, que não tinha costume com mar bravio, não sabia se segurava o calção ou firmava a dentadura. Não conseguiu fazer nem uma coisa nem outra. Saiu do mar enrolado numa saída de praia e banguelo.
     Lembrei-me do Zé, quando aquela garotinha disse que já viu uns avós tirarem os dentes e as gengivas. Ele teve que fazer uma ponte móvel com seis dentes e agora é um ritual de tirar, escovar, colocar no copo com água. Os netos andam horrorizados, mas pelo menos estão ótimos para escovar os dentes. É só falar: ”se você não escovar direito, seus dentes vão cair, como os do vovô”.
            Apesar de tudo e das definições como “a velhice não é uma batalha, é um massacre”, estar na “melhor idade” tem suas compensações. Por exemplo, não é preciso preocupações com o que seremos, pois já o somos. Nem ficar pensando com quem vamos nos casar e como conseguir um bom emprego. E tem pessoas que ficam mais charmosas e interessantes com a idade. Como escreveu Ruth de Aquino, colunista de Época: “a sociedade estabelece que idoso é quem tem mais de sessenta anos, mas é preferível empurrar o calendário pra frente. Hoje, para os sessentões, velho é quem tem mais de 80 anos. Os octagenários produtivos acham que velho é quem passa dos 90. No fim, velho mesmo é quem já morreu e não sabe”.

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