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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Viajando pela Europa- Parte 2


 

Na viagem pela Europa, aconteceram vários momentos e cenas interessantes. Por exemplo,  escolher as refeições era sempre uma confusão. No grupo tinha vegetariano, carnívoro demais, celíaco, guloso, chato, todas as nuances possíveis. Uns querendo pagar tudo e outros não querendo pagar nada. E a situação piorava porque não entendíamos os cardápios, mesmo com o auxílio do Google translation. Dentro deste contexto, em Freibourg, na Alemanha, entramos esfomeados em uma lanchonete onde só falavam turco ou alemão. O único modo de escolher o prato era sacudindo a cabeça, com sim ou não, de acordo com um atendente que apontava, com uma varinha, em um cartaz, os tipos de pratos. Nada de tirar isso, acrescentar aquilo. Comemos sem saber bem o que era, mas na hora da fome, tudo é gostoso.

Outra cena divertida aconteceu no charmoso bairro Soho, em Paris. A  norinha e eu rimos muito quando passamos por uma calçada onde saia, por uma tela, o ar do metrô. As nossas saias foram levantadas, tipo aquela cena famosa do filme “ O pecado mora ao lado”, com a Marilyn Monroe. Nos sentimos como ela. Depois ficamos por ali, rindo das outras mulheres ...Também me diverti com a Maíra, minha neta, com sua bolsa preta de correntes. Com quatorze anos, vaidosa e cheia de charme, saiu do Brasil com tudo programado e pesquisado para comprar tal bolsa em Paris, na loja Zadig & Voltaire. Sabia o endereço, o preço, economizou o dinheiro. De posse da bolsa, exibia as mil e uma maneiras que podia jogar no corpo a corrente maior e a menor. Fiquei temerosa dela acabar se enforcando. O irmão requebrava e a imitava, era arrelia na certa!

Também com os netos, na Alemanha, aconteceu uma cena pitoresca. Resolvemos alugar um carro para visitar as cidades na região da Floresta Negra. Foi um espanto quando descobrimos que a carteira de motorista do filho e da norinha estavam vencidas! Assim a filha, com carteira válida, teria que dirigir um carro para nove pessoas. Daí eu me candidatei, disse que tinha carteira também e poderia dirigir outro carro. Perguntei: “Quem vai comigo?” E os quatro netos, juntinhos: “Euuu!” Isso é que é apoio incondicional... A proposta não vingou, mas senti-me realizada.

Outro momento em que fiquei feliz demais foi no metrô de Paris. Todos nós apressados, cada um puxando sua mala, subindo e descendo escadas rolantes, corredores a perder de vista. De repente, uma escadaria normal que pareceu-me ter uns duzentos degraus. Nunca que eu chegaria ao topo, com minha mala de 13 kg. Enquanto eu olhava desanimada, um francês, que estava acabando de descer, ofereceu-me ajuda e voltou, subindo com minha mala! Que Deus o abençoe sempre...Tem muita gente boa neste mundo.

Até entrar em supermercados era um aprendizado. Havia iguarias de todo tipo e os queijos era uma tentação para nós, mineiros. O preço dos ovos das galinhas variava de acordo com a felicidade das mesmas: quanto mais livres de gaiola, mais caros eram. Li no rótulo de uma caixa de ovos que as matrizes eram originadas da Patagônia e selecionadas geneticamente para produzirem ovos mais ricos, com gema amarelo profundo. Pensei nos ovos das galinhas da minha fazendinha, criadas livres, leves e soltas, comendo milho e minhocas. Valeriam ouro nos supermercados de Paris...

Outra experiência interessante foi andar de táxi em Londres, nos famosos “black cabs”, espaçosos e onde as pessoas se sentam de frente umas para as outras. No Reino Unido, o trânsito funciona do lado esquerdo. Temos a impressão de que vamos colidir a qualquer hora e de que o motorista está do lado errado. E andando a pé, via-se de tudo por lá. Por exemplo, na ponte do rio Tâmisa, um homem vestido de Homem Aranha pedia esmolas. Pensei: a fantasia foi mal escolhida, jamais o Homem Aranha, com sua valentia e super poderes, iria pedir esmola...

 Também as visitas aos museus proporcionaram emoções e encantamento. Por exemplo, no Museu da Ciência, em Londres, havia uma vitrine com a foto famosa da menina vietnamita Kim Phúc. Nessa foto, que correu o mundo em 1972, na época da guerra do Vietnã, ela estava com 9 anos e corria nua, chorando de dor, com o corpo queimado por uma bomba de napalm lançada por aviões sul-vietnamitas. Na vitrine, contava-se a história do fotógrafo, que ganhou o prêmio Pulitzer, e da vida de Kim Phúc. Ela ficou 14 meses internada, passou por 17 cirurgias, tem dores crônicas e cicatrizes imensas. Hoje ela vive no Canadá, é avó e usa sua história para fazer palestras sobre perdão, reconciliação e paz. Um exemplo emocionante de superação.

Já no Museu do Louvre, havia muitos quadros de Nossa Senhora. Adorei um da Virgem Maria amamentando o Menino Jesus com o seio direito. Ele, Jesus, vestido de rosa e coçando o pezinho. E outro quadro com uma criança de cabelos anelados, estendendo uma roupa branca para o Menino Jesus peladinho, nos braços de Maria. Que lindos momentos da intimidade de Jesus e Maria estavam ali retratados!

Outro momento importante foi quando, andando pelas ruas de Paris com o filho e o neto, sentamos em um banco numa praça. Na frente, um prédio claro, simples, uma escola pública. Uma porta grande e uma placa de cada lado. Em uma das placas estava escrito que 260 crianças judias foram retiradas daquela escola na época da Segunda Guerra Mundial e exterminadas nos campos de concentração nazista. Termina com a frase: “Jamais esqueceremos”. Na outra placa, um agradecimento a Joseph Migneret, diretor da escola, que por sua coragem salvou dezenas de crianças judias da deportação. Meu Deus, pensar que naquele exato lugar, naquela praça, tantas crianças foram arrastadas para a morte...Vontade de ficar ali para sempre, rezando para elas...

Finalmente, quando a viagem termina, a gente percebe que não ficaram apenas as lembranças, mas também um pouco de cada lugar, de cada risada em família, de cada silêncio diante de uma obra de arte. E que voltamos um pouco diferentes porque vimos a vida por outras janelas.

 


               


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